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São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 2003

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MERCADO EM ALTA

Bovespa tem 8ª alta seguida, maior sequência desde 99; tendência de baixa de juros atrai investidores

Bolsa de SP atinge maior nível em 17 meses

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Bolsa de Valores de São Paulo cravou ontem 14.146 pontos, seu maior nível desde março do ano passado. Com a valorização de 1,85% de ontem, a Bovespa fechou seu oitavo pregão consecutivo em alta. Foi a maior sequência de ganhos desde dezembro de 99, quando o mercado acionário subiu dez dias seguidos.
O Ibovespa (índice que acompanha as cotações das 54 ações de maior liquidez) passou a acumular valorização de 25,5% no ano. Somente nos últimos oito pregões, a Bolsa subiu 9,8%.
A soma de diferentes fatores fez o mercado acionário paulista ganhar novo fôlego: a trajetória de queda dos juros, o bom resultado apresentado por diversas empresas no primeiro semestre, a recuperação das perdas registradas no ano passado e o bom desempenho das Bolsas no exterior.
A Bolsa tem atraído investidores nacionais e estrangeiros. O saldo entre as vendas e compras de ações realizadas com recursos de investidores estrangeiros está positivo em R$ 2,65 bilhões neste ano. No ano passado, esse saldo ficou negativo em aproximadamente R$ 1,4 bilhão. Apenas nos primeiros oito dias deste mês, as compras de ações por estrangeiros superaram as vendas em R$ 204 milhões.
Em dólares, a Bovespa acumulava valorização de 44,5% até a última sexta-feira.
A recuperação do mercado acionário, porém, não é um fenômeno restrito ao Brasil. Mesmo com as principais economias do planeta atravessando momentos de turbulência, os mercados acionários acumulam alta em 2003.
A Bovespa pode ganhar fôlego extra a partir de amanhã, quando o Copom (Comitê de Política Monetária) decide a nova taxa de juros no país. A perspectiva é que a taxa básica caia dos atuais 24,5% para 23% ao ano.
Depois de alcançar os 26,5%, a taxa Selic iniciou uma trajetória de queda que, espera o mercado, irá seguir pelo menos até o fim do ano. E juros em patamares menores podem ajudar a dar gás ao mercado acionário. Com perspectiva de ganhos menores com juros, investidores acabam migrando para a Bolsa de Valores -cujo risco é maior, mas a possibilidade de ganho também.
Outro fator que alavancou parte da elevação das ações (pequenas frações das empresas, comercializadas em Bolsa) foi o desempenho positivo registrado por grandes companhias brasileiras no primeiro semestre.
Conforme a Folha noticiou, apesar da estagnação econômica no primeiro semestre, parte substancial da indústria obteve lucros maiores em 2003 do que em 2002. Isso graças a vendas maiores para o exterior, menor endividamento e aumento de preços dos produtos para o mercado interno.
"Mesmo com a economia parada, grande número de empresas apresentou lucros fortes no primeiro semestre. Imagine na segunda metade do ano, com as expectativas de a economia começar a dar sinais de crescimento", afirma Charles Phillipp, diretor da SLW Corretora.
O destaque do ano são as ações preferenciais da Klabin, que acumulam valorização de 187,4%. A empresa saiu de um prejuízo de R$ 222,7 milhões no primeiro semestre de 2002 para um lucro de R$ 1,09 bilhão no mesmo período neste ano.
No setor bancário, quem mais subiu no ano foram as ações com direito a voto (ON) do Banco do Brasil, com ganho de 70%. A instituição financeira anunciou lucro acima de R$ 1 bilhão no primeiro semestre.
Para Michel Campanella, analista da corretora Socopa, a queda do dólar neste ano também tem sua importância para o bom momento da Bolsa. Muitas empresas, endividadas em dólares, se beneficiaram do recuo da moeda e atraíram investidores para suas ações. No ano, o dólar comercial acumula queda de 15% em relação ao real.
"A Bovespa pode continuar com força daqui para frente, desde que os juros sigam em queda, a inflação e o dólar permaneçam relativamente estáveis e a economia dê sinais de crescimento", afirma Jacopo Valentino, diretor de renda variável do BNP Paribas Asset Management.

Recuperação
Com as perdas de 17% acumuladas pelo Ibovespa no ano passado, muitos papéis ficaram com preços baixos. Passada a transição do governo sem maiores turbulências, muitas ações logo atraíram compradores.
Um exemplo são as ações preferenciais "A" da petroquímica Braskem, que perderam 50,8% em 2002 e neste ano acumulam valorização de 126,8%.


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