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MERCADO EM ALTA
Bovespa tem 8ª alta seguida, maior sequência desde 99; tendência de baixa de juros atrai investidores
Bolsa de SP atinge maior nível em 17 meses
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Bolsa de Valores de São Paulo
cravou ontem 14.146 pontos, seu
maior nível desde março do ano
passado. Com a valorização de
1,85% de ontem, a Bovespa fechou seu oitavo pregão consecutivo em alta. Foi a maior sequência
de ganhos desde dezembro de 99,
quando o mercado acionário subiu dez dias seguidos.
O Ibovespa (índice que acompanha as cotações das 54 ações de
maior liquidez) passou a acumular valorização de 25,5% no ano.
Somente nos últimos oito pregões, a Bolsa subiu 9,8%.
A soma de diferentes fatores fez
o mercado acionário paulista ganhar novo fôlego: a trajetória de
queda dos juros, o bom resultado
apresentado por diversas empresas no primeiro semestre, a recuperação das perdas registradas no
ano passado e o bom desempenho das Bolsas no exterior.
A Bolsa tem atraído investidores nacionais e estrangeiros. O saldo entre as vendas e compras de
ações realizadas com recursos de
investidores estrangeiros está positivo em R$ 2,65 bilhões neste
ano. No ano passado, esse saldo
ficou negativo em aproximadamente R$ 1,4 bilhão. Apenas nos
primeiros oito dias deste mês, as
compras de ações por estrangeiros superaram as vendas em R$
204 milhões.
Em dólares, a Bovespa acumulava valorização de 44,5% até a última sexta-feira.
A recuperação do mercado
acionário, porém, não é um fenômeno restrito ao Brasil. Mesmo
com as principais economias do
planeta atravessando momentos
de turbulência, os mercados acionários acumulam alta em 2003.
A Bovespa pode ganhar fôlego
extra a partir de amanhã, quando
o Copom (Comitê de Política Monetária) decide a nova taxa de juros no país. A perspectiva é que a
taxa básica caia dos atuais 24,5%
para 23% ao ano.
Depois de alcançar os 26,5%, a
taxa Selic iniciou uma trajetória
de queda que, espera o mercado,
irá seguir pelo menos até o fim do
ano. E juros em patamares menores podem ajudar a dar gás ao
mercado acionário. Com perspectiva de ganhos menores com
juros, investidores acabam migrando para a Bolsa de Valores
-cujo risco é maior, mas a possibilidade de ganho também.
Outro fator que alavancou parte
da elevação das ações (pequenas
frações das empresas, comercializadas em Bolsa) foi o desempenho positivo registrado por grandes companhias brasileiras no
primeiro semestre.
Conforme a Folha noticiou,
apesar da estagnação econômica
no primeiro semestre, parte substancial da indústria obteve lucros
maiores em 2003 do que em 2002.
Isso graças a vendas maiores para
o exterior, menor endividamento
e aumento de preços dos produtos para o mercado interno.
"Mesmo com a economia parada, grande número de empresas
apresentou lucros fortes no primeiro semestre. Imagine na segunda metade do ano, com as expectativas de a economia começar
a dar sinais de crescimento", afirma Charles Phillipp, diretor da
SLW Corretora.
O destaque do ano são as ações
preferenciais da Klabin, que acumulam valorização de 187,4%. A
empresa saiu de um prejuízo de
R$ 222,7 milhões no primeiro semestre de 2002 para um lucro de
R$ 1,09 bilhão no mesmo período
neste ano.
No setor bancário, quem mais
subiu no ano foram as ações com
direito a voto (ON) do Banco do
Brasil, com ganho de 70%. A instituição financeira anunciou lucro
acima de R$ 1 bilhão no primeiro
semestre.
Para Michel Campanella, analista da corretora Socopa, a queda
do dólar neste ano também tem
sua importância para o bom momento da Bolsa. Muitas empresas,
endividadas em dólares, se beneficiaram do recuo da moeda e
atraíram investidores para suas
ações. No ano, o dólar comercial
acumula queda de 15% em relação ao real.
"A Bovespa pode continuar
com força daqui para frente, desde que os juros sigam em queda, a
inflação e o dólar permaneçam
relativamente estáveis e a economia dê sinais de crescimento",
afirma Jacopo Valentino, diretor
de renda variável do BNP Paribas
Asset Management.
Recuperação
Com as perdas de 17% acumuladas pelo Ibovespa no ano passado, muitos papéis ficaram com
preços baixos. Passada a transição
do governo sem maiores turbulências, muitas ações logo atraíram compradores.
Um exemplo são as ações preferenciais "A" da petroquímica
Braskem, que perderam 50,8%
em 2002 e neste ano acumulam
valorização de 126,8%.
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