|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TENSÃO PRÉ-COPOM
Para presidente do Banco Central, não serão "malabarismos" que resolverão problemas macroeconômicos
Meirelles afirma que BC não é "inflexível"
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
À véspera do início de nova reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), o presidente do
Banco Central apresentou uma
nova definição para o ""gradualismo" que marcou a última redução dos juros e, aposta o mercado,
estará presente também na decisão a ser anunciada na quarta.
Em discurso na posse do novo
presidente da Anbid (Associação
Nacional dos Bancos de Investimentos), Alfredo Setubal, o presidente do BC afirmou que "gradualismo não significa rigidez
nem falta de flexibilidade".
""O Banco Central sempre faz o
melhor uso possível de todas as
informações disponíveis a cada
momento [em referência às reuniões mensais do Copom]. O gradualismo não configura rigidez
nem falta de flexibilidade", disse.
Indagado, minutos mais tarde,
se estava enviando uma mensagem a setores, como a indústria,
que acusam o BC de ser conservador, respondeu: ""Não é um recado. É simplesmente parte da tarefa de transparência [do banco]. O
BC tem deixado clara sua metodologia de trabalho", afirmou.
A nova peça da retórica de Meirelles foi apresentada quando parece haver consenso no mercado
acerca da postura do BC de reduzir os juros de forma ""gradual".
Tanto que são poucos os agentes
que estimam queda maior que 1,5
ponto percentual -aliás, o mesmo índice da última reunião.
Nas últimas semanas, em distintas ocasiões, Meirelles reafirmou o ""gradualismo". Chegou a
dizer que, ""por trás da redução
gradativa dos juros, não estão
conservadorismo, insegurança,
timidez ou cautela".
Piruetas e malabarismos
Ao comentar a situação macroeconômica, Meirelles disse
que, diante da "magnitude dos
problemas do Brasil, não restam
alternativas". "Temos que enfrentá-los, sem piruetas ou malabarismos." Não explicou o que seriam
""malabarismos", mas no próprio
discurso indicou o que pensa ser o
contrário de eventuais atalhos:
"os pré-requisitos para o crescimento são a estabilidade monetária e a responsabilidade fiscal".
Repetiu o que dissera na sexta,
ao sustentar que não interessam
"as arrancadas e paradas que
marcaram o desempenho da economia nas últimas décadas".
Por fim, previu que a atual política (de aperto) fiscal vai permitir
que, ao final desta década, a relação dívida/PIB tenha recuado a
menos de 40% -está em 56%.
Texto Anterior: Luís Nassif Próximo Texto: Oposição propõe autonomia a diretores do banco Índice
|