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São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 2003

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INVESTIMENTO

Para o empresário do Votorantim, antes de pensar na taxa, é preciso acreditar no país e investir

Juros não são tudo, afirma Ermírio

Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem
Antônio Ermírio de Moraes discursa durante a inauguração de ampliação da fábrica de papel da Votorantim em Jacareí (SP)


JOSÉ ALBERTO BOMBIG
ENVIADO ESPECIAL A JACAREÍ (SP)

O empresário Antônio Ermírio de Moraes, do Grupo Votorantim, afirmou ontem, antes de encontro com o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) e com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acreditar que o Copom tem condições de baixar os juros em até 1,5 ponto percentual para estimular o setor produtivo do país.
Mas, logo em seguida, advertiu que não iria continuar sugerindo a redução porque ela poderia ter efeito contrário. "Toda vez que os juros devem baixar eles [do Banco Central] acabam não baixando. Vou ficar quieto", disse ele, que participou, ao lado do ministro e do presidente, da cerimônia de ampliação da unidade de Jacareí da VCP (Votorantim Celulose e Papel).
"Apesar da taxa de juros elevada, continuamos a construir, acreditando neste país", disse o empresário. A ampliação da unidade recebeu US$ 490 milhões de investimento.

"Sangue, suor e lágrimas"
Em seu discurso, marcado por forte tom nacionalista, o empresário disse que é preciso "sangue, suor e lágrimas" para erguer o Brasil. "Nós não reclamamos de juros -claro que queremos os juros lá embaixo. Mas juros não são tudo, nós temos que, antes de pensar em juros, acreditar no país, investir, tomar muito pouco empréstimo e colocar o seu capital", disse.
Aos jornalistas, porém, Ermírio se disse cético quanto à possibilidade de o Brasil retomar uma tendência de crescimento ainda neste ano.

Dinheiro fácil
O presidente Lula não chegou a prometer a redução dos juros, atualmente em 24,5% ao ano, mas afirmou que a maneira mais fácil de ganhar dinheiro no Brasil hoje é "especular". "Todo mundo sabe que tem gente que chora, chora, mas vive de especulação", disse ele.
Em seguida, afirmou que a segunda "modalidade" de enriquecimento "fácil" é o narcotráfico e o contrabando internacional. "A forma mais sadia, aquela que faz uma nação crescer, aquela que contribui com o nascimento da cidadania, chama-se investimento no setor produtivo", disse o presidente.


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