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LUÍS NASSIF
Bonapartismo na Justiça
Não se entende a motivação
do Ministério da Justiça
com a maneira como foram divulgados os "Diagnósticos do Poder Judiciário". Independentemente da qualidade ou não das
informações, utilizaram-se informações fornecidas de boa-fé pelo
Judiciário para atacar o próprio
poder. Criou-se conflito onde deveria haver entendimento.
Havia um conjunto de circunstâncias favorável para a modernização do Judiciário. Existem
experiências inovadoras e grupos
de qualidade dispersos, mas em
quantidade muito maior do que
em qualquer outra área do setor
público. No Supremo Tribunal
Federal e no Superior Tribunal
de Justiça, há a conjugação de
presidentes dispostos a encetar
uma campanha de informatização e modernização.
Essa conjugação de fatores exigia uma atitude de estadista para juntar as pontas, articulando
vontades e estimulando a busca
do novo. O ministério preferiu
comandar o processo e confrontar o Judiciário.
A estratégia correta consistia
em identificar os grupos modernizadores, os sistemas tecnológicos mais avançados, estimular a
transferência do conhecimento
acumulado para um sistema de
software livre. Depois, caberia ao
ministro o papel político indispensável, de levantar a bandeira
e, em conjunto com os tribunais,
comandar a luta das forças modernizadoras contra o burocratismo.
Nada isso ocorreu. O ministério passou a articular a "sua" reforma do Judiciário. Em vez de
um pacto para a modernização
do país, o que conseguiu foi abrir
mais uma frente de desgaste para o governo.
Precatório
Da coluna de 4 de abril de 1997:
"A grande "clearing" do mercado
era a Split (...). Quando quebrar
o sigilo bancário da Split e do
Banestado, vai sair cheque para
todo lado".
Da coluna de 6 de abril de
1997: "Pela primeira vez há a
oportunidade de penetrar no
âmago desse enorme Brasil 2,
frio e permissivo, montado ao
largo das leis e das normas éticas, um conluio monumental de
elites empresariais, contravenção e poder político".
Da coluna "A conta da Split
nos Estados Unidos", de 8 de
abril de 1997: "Até dois anos
atrás, quase todos os doleiros da
América Latina operavam com
dois pequenos bancos nos Estados Unidos, o Piano Banking
(controlado pela Casa Piano, do
Rio) e o MTB Banking (que grafei erroneamente de MTV). O
Piano quebrou. Sobrou o MTB.
Para operar o dinheiro, o MTB
precisa de uma conta em um
banco que tenha a compensação. (...) O MTB abriu sua conta
no Chemical Bank de Nova
York. E, depois, uma série de
subcontas, cada qual de um doleiro da América Latina. A subconta da Split é a Rolex".
Esses dados foram divulgados
no mesmo período em que o senador Romeu Tuma rumou para Nova York e não trouxe nenhum dado substantivo sobre a
atividade.
A sucessão de colunas na época narrava em detalhes todo o
esquema de doleiros, o papel do
Banestado e o do banco Araucária. De 1997 a 2002, segundo dados da Polícia Federal, US$ 22
bilhões continuaram transitando por esses mesmos canais. A
CPI terminou em pizza.
E-mail - Luisnassif@uol.com.br
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