São Paulo, quinta-feira, 19 de agosto de 2004

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RECEITA ORTODOXA

Copom justifica a decisão de deixar a taxa básica em 16% ao ano com base na perspectiva de alta da inflação

BC mantém os juros pelo 4º mês seguido

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Por mais um mês, os juros básicos da economia continuarão em 16% ao ano, mesmo patamar em que se encontram desde abril. A manutenção da taxa Selic foi decidida ontem pelo Copom (Comitê de Política Monetária), colegiado formado pelos diretores e pelo presidente do Banco Central.
"Tendo em vista as perspectivas para a trajetória da inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 16% ao ano", informou o BC em nota.
A manutenção dos juros já era esperada por analistas de mercado. Pesquisa feita pelo BC na semana passada mostrou que a expectativa de bancos e empresas de consultoria é que a taxa não baixe antes de fevereiro de 2005.
No mês passado, o BC já havia informado que o comportamento da inflação justificaria a manutenção dos juros por um "período prolongado". Um aumento dos juros também não foi descartado, caso se observe, nas palavras dos diretores do BC, um "cenário de divergência entre a inflação projetada e a trajetória das metas".
Entre janeiro e julho, a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) ficou em 4,42%. A meta deste ano foi fixada em 5,5%, admitindo-se um desvio de 2,5 pontos percentuais.
A expectativa do mercado, segundo o BC, é que a inflação chegue a 7,16% -próximo, portanto, dos 8% previstos pelo teto da meta. A alta do petróleo no mercado externo é um dos fatores que ameaçam o controle dos preços.
Nas últimas semanas, a cotação do barril do petróleo tem se mantido em níveis recordes, o que pode fazer com que o preço dos combustíveis seja reajustado no Brasil. Analistas estimam que a defasagem entre os preços praticados no país e no mercado internacional justificaria um aumento de 20% na gasolina, o que teria impacto de aproximadamente 0,9 ponto percentual no IPCA.
O pessimismo do mercado em relação à inflação de 2005 também é citado pelo BC como razão para a manutenção dos juros. A previsão é que o IPCA suba 5,5% em 2005, período para o qual a meta foi fixada em 4,5%, também com margem de 2,5 pontos.


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