São Paulo, quinta-feira, 19 de agosto de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ENERGIA

Valor nominal é o mais alto de todas as rodadas de licitação da ANP; Petrobras arremata principais áreas

Leilão de petróleo arrecada R$ 665 mi

GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DO RIO

HUMBERTO MEDINA
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

A 6ª Rodada de Licitações da ANP (Agência Nacional do Petróleo) de áreas de exploração de óleo e gás arrecadou R$ 665 milhões, recorde de todos os leilões, que tiveram início em 1999, após a quebra do monopólio do petróleo. A Petrobras foi a empresa que mais arrematou áreas. Foi responsável por 65,7% do total, com R$ 437 milhões.
O leilão mostrou que as grandes empresas petrolíferas mundiais dependem da estatal brasileira para a exploração de óleo no Brasil. Das oito empresas estrangeiras com faturamento superior a US$ 10 bilhões ao ano credenciadas para o leilão da ANP, apenas uma não se consorciou com a Petrobras na 6ª Rodada: a sul-coreana SK Corporation.
Das 27 associações com participação das grandes estrangeiras, 24 foram com a Petrobras. Todos os blocos de petróleo e gás ganhos pelas norte-americanas Shell e Epic (Grupo El Paso) e pela espanhola Repsol foram em parceria com a Petrobras.
O mesmo aconteceu com a norueguesa Statoil, que, no entanto, foi a única das grandes a arrematar sozinha um bloco, na bacia de Camamu-Almada (BA). A canadense EnCana levou oito blocos, dos quais sete em consórcio com a estatal brasileira.

Dados valiosos
"Qualquer companhia que queira vir ao Brasil não vai se aventurar sem se associar com a Petrobras. Temos o banco de dados de petróleo no país", afirmou o gerente-executivo de Exploração e Produção da Petrobras, Francisco Nepomuceno Filho.
"A Shell tem muitos dados, mas a Petrobras tem muito mais", disse o vice-presidente de Exploração e Produção da Shell, John Honey. "A Petrobras conhece mais os campos brasileiros, por isso é sempre bom se associar a ela", afirmou o presidente da Repsol no Brasil, João Carlos de Luca.
Apesar de credenciadas, a francesa Total e a norte-americana Amerada Hess, que também faturam mais de US$ 10 bilhões ao ano, não mostraram interesse pelas licitações e não compraram nenhum bloco.

Resultados
De um total de 913 blocos oferecidos em dois dias de leilão, realizados no Rio de Janeiro, 154 foram licitados (16,9%), dos quais 89 em terra e 65 em mar.
Antes desse leilão, a 3ª Rodada, ocorrida em 2001, era a que tinha obtido a maior arrecadação, com R$ 594 milhões. A ANP calcula que, só com o cumprimento dos planos de investimento apresentados, os compradores gastarão aproximadamente R$ 2 bilhões.
O resultado da 6ª Rodada de Licitações, no entanto, não é o maior em dólar, por causa da desvalorização do real.
A maior arrecadação em dólar aconteceu na segunda rodada, em 2000, quando foram pagos US$ 261,7 milhões por 21 blocos. Na rodada finalizada ontem, foram US$ 221,8 milhões.
O maior preço pago foi por um bloco da bacia do Espírito Santo em mar, considerada de elevado potencial de petróleo e gás. Foi comprado por R$ 82,3 milhões pelo consórcio da Petrobras com a Shell.
Os blocos de elevado potencial, aliás, foram as vedetes do leilão, com a arrecadação de R$ 554,4 milhões (83,3% do total). Eles foram devolvidos à ANP pela Petrobras, porque a estatal havia superado o prazo estabelecido em lei para mostrar resultados.
O leilão desses blocos era a principal crítica feita pela FUP (Federação Única dos Petroleiros) ao evento, que temia que eles fossem comprados por empresas de outros países.
O temor mostrou-se injustificado. Nos dois dias de leilão, a Petrobras recomprou grande parte deles -dos 34 blocos de elevado potencial vendidos, ficou com 30. A canadense EnCana arrematou 8 e ficou em segundo lugar.
No geral, a Petrobras também foi a vencedora, com 107 dos 154 blocos. A Petrogal, de Portugal, ficou em segundo lugar, com 20.


Texto Anterior: Internet: Google reduz o valor de suas ações
Próximo Texto: ANP já prepara nova rodada de licitações
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.