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Teles "brigam" na Europa para trazer o iPhone
Operadoras nacionais querem que suas sócias estrangeiras negociem com a Apple
Vivo, TIM e Claro querem aproveitar disputa de suas controladoras na Europa para antecipar as vendas brasileiras do aparelho
JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL
As operadoras de celular estão preparadas para trazer o
iPhone ao Brasil e para isso decidiram entregar aos seus sócios estrangeiros o poder de negociação com a Apple -a fabricante do aparelho que mistura
telefone com computador.
A estratégia ganhou força
porque a Apple já deu o pontapé inicial para lançar o iPhone
na Europa, onde fica a sede das
controladoras da Vivo, da TIM
e da Claro, três das companhias
que disputam a exclusividade
do iPhone no Brasil.
A Folha apurou que elas
querem aproveitar esse momento de negociação pelo lançamento do iPhone na Europa
para quebrar o protocolo comercial da Apple. Uma das
idéias seria incluir lotes de aparelhos extras na cota prevista
para a Europa que seriam destinados ao Brasil.
A Apple informa que as vendas do iPhone passaram de 535
mil unidades e devem atingir a
marca de 1 milhão de aparelhos
em dois meses.
Dois são os argumentos a serem usados pelos executivos
das operadoras brasileiras. Um
deles é técnico: o Brasil fará o
leilão das faixas de freqüência
para a telefonia celular de terceira geração (3G) até o final
deste ano. Assim, quando o
iPhone 3G for lançado na Europa, as companhias brasileiras
já estariam prontas.
Outro trunfo é o potencial do
mercado brasileiro. Para as
operadoras, ele corresponde a
5% dos usuários de serviços
pós-pagos, hoje perto de 22 milhões de clientes. Esse grupo
estaria disposto a desembolsar
cerca de R$ 3.000, preço estimado para o produto no Brasil.
O que incomoda as operadoras brasileiras é que, por esse
preço, já é possível adquirir um
iPhone em sites de vendas no
país. Desde que um hacker
conseguiu desbloquear o iPhone, há cerca de um mês, o aparelho estaria funcionando nos
lugares onde as operadoras de
celular operam em GSM
-aquela tecnologia que usa
chips de segurança.
"Isso é possível", explica o
engenheiro de telecomunicações Eduardo Tude. "Mas não
há garantias de que o aparelho
funcione corretamente."
Na semana passada, uma
emissora de rádio paulistana
premiou o vencedor de um
concurso com um iPhone. A
Folha entrou em contato, mas
a emissora alegou que a vencedora não queria comentar sua
experiência com o iPhone.
Prazo
Tecnicamente, há poucas
barreiras para a chegada do
iPhone ao Brasil. As redes de
telefonia suportariam o aumento de tráfego de dados porque já oferecem serviços parecidos com os do iPhone por
meio dos smartphones -telefones que se conectam à internet via celular.
Segundo a BEA Systems, que
ajudou a AT&T no lançamento
do iPhone nos EUA e que atende Vivo, Claro e TIM, no Brasil
faltaria tecnologia apenas para
serviços mais sofisticados.
Caso um cliente com cota de
"download" estourada quisesse
comprar à parte capacidade para baixar arquivos naquele instante, não poderia ser atendido.
Nos EUA, as operadoras trabalham com softwares que permitem esse tipo de atendimento personalizado.
Aqui, as operadoras já começam a investir em recursos tecnológicos para estimular a troca de dados pelo celular. Segundo Ivayr Rodrigues, analista do
IT Data, um dos institutos de
pesquisa de tecnologia mais
conceituados no Brasil, dessa
forma as operadoras conseguiriam fazer os clientes aumentarem o valor de suas contas
mensais em até 15%.
Outro ponto em favor do
iPhone no Brasil é o breve lançamento do serviço Google
Maps em português -que faz
parte do pacote oferecido pela
Apple e AT&T nos EUA.
Mais difícil será a abertura da
loja virtual iTunes, que vende
faixas de música e de vídeo e está atrelada à venda do iPhone.
Existe ainda outro ingrediente importante na disputa
pelo iPhone. Segundo as operadoras, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) pretende colocar em prática a portabilidade numérica até maio
do próximo ano.
Por essa medida, o dono de
um celular poderá ficar com
seu número telefônico ao trocar de operadora. Nesse cenário, a exclusividade do iPhone
será um grande diferencial para atrair consumidores.
O problema é que as operadoras não têm muito tempo para convencer Steve Jobs, o dono da Apple, a olhar para o Brasil. Afinal, no próximo ano, os
fabricantes de celulares prometem encher as lojas brasileiras com smartphones que funcionarão como o iPhone.
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