São Paulo, domingo, 19 de agosto de 2007

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Teles "brigam" na Europa para trazer o iPhone

Operadoras nacionais querem que suas sócias estrangeiras negociem com a Apple

Vivo, TIM e Claro querem aproveitar disputa de suas controladoras na Europa para antecipar as vendas brasileiras do aparelho

JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL

As operadoras de celular estão preparadas para trazer o iPhone ao Brasil e para isso decidiram entregar aos seus sócios estrangeiros o poder de negociação com a Apple -a fabricante do aparelho que mistura telefone com computador.
A estratégia ganhou força porque a Apple já deu o pontapé inicial para lançar o iPhone na Europa, onde fica a sede das controladoras da Vivo, da TIM e da Claro, três das companhias que disputam a exclusividade do iPhone no Brasil.
A Folha apurou que elas querem aproveitar esse momento de negociação pelo lançamento do iPhone na Europa para quebrar o protocolo comercial da Apple. Uma das idéias seria incluir lotes de aparelhos extras na cota prevista para a Europa que seriam destinados ao Brasil.
A Apple informa que as vendas do iPhone passaram de 535 mil unidades e devem atingir a marca de 1 milhão de aparelhos em dois meses.
Dois são os argumentos a serem usados pelos executivos das operadoras brasileiras. Um deles é técnico: o Brasil fará o leilão das faixas de freqüência para a telefonia celular de terceira geração (3G) até o final deste ano. Assim, quando o iPhone 3G for lançado na Europa, as companhias brasileiras já estariam prontas.
Outro trunfo é o potencial do mercado brasileiro. Para as operadoras, ele corresponde a 5% dos usuários de serviços pós-pagos, hoje perto de 22 milhões de clientes. Esse grupo estaria disposto a desembolsar cerca de R$ 3.000, preço estimado para o produto no Brasil.
O que incomoda as operadoras brasileiras é que, por esse preço, já é possível adquirir um iPhone em sites de vendas no país. Desde que um hacker conseguiu desbloquear o iPhone, há cerca de um mês, o aparelho estaria funcionando nos lugares onde as operadoras de celular operam em GSM -aquela tecnologia que usa chips de segurança.
"Isso é possível", explica o engenheiro de telecomunicações Eduardo Tude. "Mas não há garantias de que o aparelho funcione corretamente."
Na semana passada, uma emissora de rádio paulistana premiou o vencedor de um concurso com um iPhone. A Folha entrou em contato, mas a emissora alegou que a vencedora não queria comentar sua experiência com o iPhone.

Prazo
Tecnicamente, há poucas barreiras para a chegada do iPhone ao Brasil. As redes de telefonia suportariam o aumento de tráfego de dados porque já oferecem serviços parecidos com os do iPhone por meio dos smartphones -telefones que se conectam à internet via celular.
Segundo a BEA Systems, que ajudou a AT&T no lançamento do iPhone nos EUA e que atende Vivo, Claro e TIM, no Brasil faltaria tecnologia apenas para serviços mais sofisticados.
Caso um cliente com cota de "download" estourada quisesse comprar à parte capacidade para baixar arquivos naquele instante, não poderia ser atendido. Nos EUA, as operadoras trabalham com softwares que permitem esse tipo de atendimento personalizado.
Aqui, as operadoras já começam a investir em recursos tecnológicos para estimular a troca de dados pelo celular. Segundo Ivayr Rodrigues, analista do IT Data, um dos institutos de pesquisa de tecnologia mais conceituados no Brasil, dessa forma as operadoras conseguiriam fazer os clientes aumentarem o valor de suas contas mensais em até 15%.
Outro ponto em favor do iPhone no Brasil é o breve lançamento do serviço Google Maps em português -que faz parte do pacote oferecido pela Apple e AT&T nos EUA.
Mais difícil será a abertura da loja virtual iTunes, que vende faixas de música e de vídeo e está atrelada à venda do iPhone.
Existe ainda outro ingrediente importante na disputa pelo iPhone. Segundo as operadoras, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) pretende colocar em prática a portabilidade numérica até maio do próximo ano.
Por essa medida, o dono de um celular poderá ficar com seu número telefônico ao trocar de operadora. Nesse cenário, a exclusividade do iPhone será um grande diferencial para atrair consumidores.
O problema é que as operadoras não têm muito tempo para convencer Steve Jobs, o dono da Apple, a olhar para o Brasil. Afinal, no próximo ano, os fabricantes de celulares prometem encher as lojas brasileiras com smartphones que funcionarão como o iPhone.


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