São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 2008

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País terá mais quatro usinas após Angra, afirma Lula

Duas geradoras nucleares ficarão no Nordeste, e o restante, no Sudeste

Para atender Ibama, governo se compromete a detalhar até 2010 projeto que visa armazenar rejeitos de usinas por 500 anos

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Brasil terá quatro novas usinas nucleares depois de Angra 3, definiu ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em reunião no início da noite com um grupo de ministros encarregado da reformulação do programa nuclear brasileiro.
A nova fase do programa pós-Angra 3 começará com a construção de duas usinas no Nordeste. Quatro Estados disputam a sua localização: Pernambuco, Bahia, Alagoas e Maranhão. As outras duas usinas ficarão na região Sudeste, definiu o presidente, que afastou as outras propostas em estudo pelo governo e que previam a construção de até mais oito novas usinas.
Durante boa parte do tempo da reunião no Planalto, os ministros se detiveram na exigência feita pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) na licença prévia concedida a Angra 3. De acordo com o Ibama, a usina só receberá autorização para começar a operar mediante uma solução definitiva para armazenar o combustível usado das usinas.

Localização
A CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear) e a Eletronuclear se comprometeram a detalhar, até 2010, projeto de armazenamento desses rejeitos nucleares por um período longo de tempo, de no mínimo 500 anos. Uma dos pontos ainda indefinidos é a localização desse depósito.
Atualmente, Angra 1 e Angra 2 armazenam o combustível usado em piscinões de resfriamento no interior das próprias usinas. Esses depósitos podem armazenar o combustível usado durante a vida útil de uma usina, estimada em 60 anos. Angra 3 também terá um piscinão como primeiro destino para o combustível usado.
De acordo com a idéia apresentada ontem ao presidente Lula, o combustível usado nas usinas, em formato de varetas, deverá ser acondicionado em grandes cilindros de aço inoxidável e levado para um depósito com paredes de concreto, que impeçam o vazamento de radiação. O urânio usado como combustível pelas usinas continua ativo por centenas de anos depois que é substituído.
Uma nova geração -a quarta- de usinas nucleares trabalha com a reciclagem desse material. E essa possibilidade será deixada em aberto com a decisão de não lacrar em rochas o combustível usado.

Minc
O ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) não se opôs à solução discutida com o presidente. Ele acredita que não haverá problemas para atender às exigências do licenciamento ambiental da terceira usina brasileira.
Segundo o cronograma confirmado na reunião de ontem, Angra 3 deverá começar a operar em 2014. As obras, interrompidas em 1986, dependem ainda de uma nova licença do Ibama para serem retomadas. A previsão é que as exigências para a licença de instalação sejam cumpridas até meados do primeiro semestre de 2009. Antes disso, a Eletronuclear cuidará de preparar o terreno para a construção da usina. O governo estima gastos de mais R$ 7,3 bilhões para concluir Angra 3.


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