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Austrália venderá gás à China por US$ 41 bi
Contrato, fechado em momento tenso nas relações entre os 2 países, é o maior da história da Austrália
JAMIL ANDERLINI
PETER SMITH
DO "FINANCIAL TIMES"
A maior companhia de energia da China fechou ontem um
acordo para adquirir US$ 41 bilhões em gás natural australiano, em uma cerimônia de assinatura cujo objetivo era lustrar
um pouco as desgastadas relações entre os dois países.
Martin Ferguson, ministro
australiano da Energia e Recursos Naturais, viajou a Pequim a
fim de participar da assinatura
do acordo da PetroChina para a
aquisição de 2,25 bilhões de
metros cúbicos anuais de gás
natural líquido, fruto do projeto Gorgon, operado pela ExxonMobil no Estado australiano da Austrália Ocidental.
Aos preços atuais do gás natural, o acordo valeria US$ 41
bilhões nos próximos 20 anos, e
representa o maior contrato
comercial já assinado pela Austrália, disse Ferguson. Mas as
condições básicas do acordo já
haviam sido definidas meses
atrás, e o momento do anúncio
tinha como claro objetivo minorar o desgaste no relacionamento entre a Austrália e seu
maior parceiro comercial.
Camberra revelou ontem
que a China cancelou uma visita diplomática de alto nível à
Austrália, no começo do mês,
em protesto contra a concessão
pelos australianos de um visto
de entrada para Rebiya Kadeer,
líder da etnia uigur a quem Pequim culpa por instigar os distúrbios étnicos do mês passado
na província de Xinjiang.
As relações entre China e
Austrália também foram prejudicadas pelo colapso de uma
grande proposta de investimento chinês no grupo de mineração anglo-australiano Rio
Tinto e pela detenção de quatro
executivos de vendas da Rio
Tinto, entre os quais o australiano Stern Hu, que a China encarcerou sob acusações de suborno e espionagem comercial.
A visita de Ferguson a Pequim e a cerimônia de anúncio
do acordo com a PetroChina foram marcados para tentar atenuar a crescente tensão entre
os dois países, dizem pessoas
conhecedoras do acordo.
O comércio entre a China e a
Austrália movimenta US$ 53
bilhões ao ano. "Esse acordo é
prova da força do relacionamento continuado entre China
e Austrália no comércio e investimento", afirmou Ferguson em comunicado. "À medida
que a China continua a se desenvolver como moderna potência industrial e comercial, a
Austrália mantém seu compromisso de acompanhá-la."
O projeto Gorgon é um dos
maiores do mundo no desenvolvimento de gás natural.
Além do acordo com a ExxonMobil, que controla 25% do
Gorgon, a PetroChina também
tem em vigor um acordo com a
Royal Dutch Shell, detentora
de outros 25% do projeto.
O grupo petroleiro norte-americano Chevron, que detém
50% do projeto Gorgon e o opera, ainda não confirmou oficialmente que o campo será desenvolvido, mas uma "decisão final
de investimento", a última etapa a superar, deve acontecer
dentro de algumas semanas.
Na semana passada, o grupo
indiano Petronet assinou acordo em valor de mais de US$
20,5 bilhões com a ExxonMobil
para adquirir gás de Gorgon.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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