São Paulo, quarta-feira, 19 de agosto de 2009

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Austrália venderá gás à China por US$ 41 bi

Contrato, fechado em momento tenso nas relações entre os 2 países, é o maior da história da Austrália

JAMIL ANDERLINI
PETER SMITH
DO "FINANCIAL TIMES"

A maior companhia de energia da China fechou ontem um acordo para adquirir US$ 41 bilhões em gás natural australiano, em uma cerimônia de assinatura cujo objetivo era lustrar um pouco as desgastadas relações entre os dois países. Martin Ferguson, ministro australiano da Energia e Recursos Naturais, viajou a Pequim a fim de participar da assinatura do acordo da PetroChina para a aquisição de 2,25 bilhões de metros cúbicos anuais de gás natural líquido, fruto do projeto Gorgon, operado pela ExxonMobil no Estado australiano da Austrália Ocidental.
Aos preços atuais do gás natural, o acordo valeria US$ 41 bilhões nos próximos 20 anos, e representa o maior contrato comercial já assinado pela Austrália, disse Ferguson. Mas as condições básicas do acordo já haviam sido definidas meses atrás, e o momento do anúncio tinha como claro objetivo minorar o desgaste no relacionamento entre a Austrália e seu maior parceiro comercial.
Camberra revelou ontem que a China cancelou uma visita diplomática de alto nível à Austrália, no começo do mês, em protesto contra a concessão pelos australianos de um visto de entrada para Rebiya Kadeer, líder da etnia uigur a quem Pequim culpa por instigar os distúrbios étnicos do mês passado na província de Xinjiang.
As relações entre China e Austrália também foram prejudicadas pelo colapso de uma grande proposta de investimento chinês no grupo de mineração anglo-australiano Rio Tinto e pela detenção de quatro executivos de vendas da Rio Tinto, entre os quais o australiano Stern Hu, que a China encarcerou sob acusações de suborno e espionagem comercial. A visita de Ferguson a Pequim e a cerimônia de anúncio do acordo com a PetroChina foram marcados para tentar atenuar a crescente tensão entre os dois países, dizem pessoas conhecedoras do acordo.
O comércio entre a China e a Austrália movimenta US$ 53 bilhões ao ano. "Esse acordo é prova da força do relacionamento continuado entre China e Austrália no comércio e investimento", afirmou Ferguson em comunicado. "À medida que a China continua a se desenvolver como moderna potência industrial e comercial, a Austrália mantém seu compromisso de acompanhá-la." O projeto Gorgon é um dos maiores do mundo no desenvolvimento de gás natural.
Além do acordo com a ExxonMobil, que controla 25% do Gorgon, a PetroChina também tem em vigor um acordo com a Royal Dutch Shell, detentora de outros 25% do projeto.
O grupo petroleiro norte-americano Chevron, que detém 50% do projeto Gorgon e o opera, ainda não confirmou oficialmente que o campo será desenvolvido, mas uma "decisão final de investimento", a última etapa a superar, deve acontecer dentro de algumas semanas. Na semana passada, o grupo indiano Petronet assinou acordo em valor de mais de US$ 20,5 bilhões com a ExxonMobil para adquirir gás de Gorgon.

Tradução de PAULO MIGLIACCI



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