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FUNDO DE PENSÃO
Dívida era de CSLL
Sistel fica livre de pagar R$ 1,2 bilhão à Receita
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Sistel -fundo de pensão dos funcionários da ex-estatal Telebrás- ganhou ontem uma batalha com a Receita Federal e ficará livre da cobrança de R$ 1,2 bilhão
relativo ao pagamento de CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) atrasada.
O Primeiro Conselho de Contribuintes julgou recurso da entidade contra auto de infração emitido em 2001 pela Receita para o pagamento da contribuição. O auto
de R$ 1,2 bilhão inclui a cobrança
da CSLL não recolhida mais multa e juros.
Em decisão unânime, o conselho deu ganho de causa para o
fundo de pensão. Não há mais
possibilidade de recurso.
Segundo a Receita, a decisão
não terá impacto sobre a arrecadação de impostos atrasados dos
fundos de pensão prevista pelo
governo para este ano. De janeiro
a agosto, o Fisco já recolheu R$ 7,6
bilhões dessas entidades.
O secretário da Receita, Everardo Maciel, disse que a maior parte
desse recolhimento se refere a Imposto de Renda atrasado dos fundos. "O que os fundos têm a pagar
de CSLL é irrisório. Não contamos com esse dinheiro em nossas
estimativas", comentou.
Ele lembrou que no final do ano
passado o governo editou medida
provisória isentando os fundos de
CSLL a partir deste ano. Além disso, em janeiro a Receita deixou de
emitir novos autos de infração para cobrar CSLL não recolhida pelos fundos no passado.
Documento divulgado pelo Ministério do Planejamento na semana passada, no entanto, previa
uma receita adicional de R$ 1,7 bilhão neste ano com CSLL atrasada que seria paga pelos fundos.
O texto divulgado previa o recolhimento da CSLL dos fundos de
pensão pelas regras estabelecidas
em duas medidas provisórias (38
e 66). As MPs oferecem anistia de
juros e multa para as empresas e
os fundos de pensão que recolherem contribuições e impostos
atrasados ao fisco.
O Ministério do Planejamento
informou ontem à noite que o documento divulgado está errado. A
receita com a CSLL seria, na realidade, paga por empresas.
Decisão
A decisão de ontem foi o primeiro caso envolvendo a cobrança de CSLL atrasada dos fundos
de pensão e seu resultado deverá
orientar o julgamento dos próximos recursos. A Folha apurou
que existem mais cinco grandes
entidades que apelaram ao conselho e podem ficar livres da cobrança.
O principal argumento da Sistel
contra a cobrança foi que os fundos de pensão são entidades sem
fins lucrativos, e a CSLL é uma
contribuição que incide sobre o
lucro.
Ontem, a Previ -fundo de pensão dos funcionários do Banco do
Brasil e o maior da América Latina- começou a pagar a dívida de
R$ 1,7 bilhão que tem com o Fisco
referente a IR atrasado. O restante
do pagamento deverá ser efetivado hoje.
A Folha apurou que o pagamento foi feito em duas etapas
porque até ontem a Previ ainda
tentava reduzir o valor da dívida
no Conselho de Contribuintes.
No final da tarde, entretanto, o
conselho rejeitou um recurso da
entidade.
O pagamento da Previ será fundamental para o governo cumprir
a meta de superávit primário
(economia de despesa para pagamento da dívida) acertado no
acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional) para a contas
públicas em 2002. O acordo prevê
um superávit de R$ 50,3 bilhões
neste ano, equivalente a 3,88% do
PIB (Produto Interno Bruto).
A Previ é o único grande fundo
de pensão que até agora ainda não
tinha aceitado as regras do governo para o pagamento do IR atrasado. Para estimular o recolhimento, a Receita concedeu anistia
de multa e juros aos devedores.
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