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Governo prevê taxa real de 8,5% já em fevereiro
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM NOVA LIMA
O ministro Tarso Genro (Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Social) afirmou ontem que
governo estima trabalhar, já no
primeiro bimestre de 2004, com
juros reais (descontada a inflação)
entre "8,24% e 8,5%", portanto,
cerca de 4,2 pontos percentuais
abaixo do que está hoje (12,7%),
segundo cálculo feito pela consultoria GlobalInvest. A taxa nominal (Selic) está em 20% ao ano.
Genro disse que o CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social), que ele coordena, trabalha com essa estimativa e
debateu isso com o governo, que,
segundo ele, já colocou essa expectativa no Plano Plurianual.
"A idéia, que foi discutida no
conselho, apresentada pelo ministro Guido [Mantega, Planejamento] e está no Plano Plurianual, é trabalhar, já a partir de janeiro, fevereiro, com uma taxa
que tenha mais ou menos esse
percentual", afirmou.
O ministro disse que a "visão"
do governo e do conselho é que a
taxa real -usada por empresas
para avaliar o desempenho dos
seus negócios-, ao longo do governo Lula, caminhe de forma a
acompanhar as taxas internacionais. "Aí, sim, vamos ter um vigor
para o crescimento econômico
absolutamente excepcional."
Quanto ao que pensa o CDES
sobre o ritmo da queda da Selic,
Genro disse: "A minha opinião é
que essa redução seguramente satisfaz a ampla maioria do conselho, mas não creio que tenha unanimidade. Todo mundo quer que
a taxa baixe cada vez mais".
O coordenador-geral do PNBE
(Pensamento Nacional das Bases
Empresariais), Mario Ernesto
Humberg, disse que a elevação
dos juros no início da gestão Lula
foi uma "necessidade", diante da
"desconfiança internacional".
Para ele, porém, falta ousadia ao
governo agora. "Achamos que essa queda precisa ser acelerada. O
governo poderia ter um pouco
mais de ousadia", afirmou Humberg, ao assinalar que havia espaço para o Banco Central ter cortado quatro pontos percentuais, o
dobro do corte feito anteontem.
Genro, Humberg e mais cerca
de cem representantes de empresas, do governo e organizações
não-governamentais participam,
na Fundação Dom Cabral, em
Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte, do Fórum
das Lideranças Nacionais Pela
Concertação.
A palavra "concertação", no
sentido de harmonia, foi retirada
do equivalente ao CDES de Portugal, cujo presidente, Alfredo Bruto da Costa, fez ontem uma exposição no fórum brasileiro.
O objetivo do fórum, disse Genro, é buscar, de forma pactuada,
alternativas de "transição para
um outro modelo econômico",
culminando em um processo de
"crescimento econômico e inclusão social que coloquem o Brasil
em outro patamar".
O representante do PNBE pôs
em discussão a criação de uma
Assembléia Nacional Constituinte até 2006, justificando que a
Constituição está ficando muito
"remendada". A reforma tributária em curso, segundo ele, é "apenas um remendo tributário".
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