DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem, em discurso no Palácio do Itamaraty, que o Brasil "cresceu" no conceito mundial após a reunião da OMC (Organização Mundial do Comércio) em Cancún e que não aceita mais ser um "coitadinho" no cenário internacional.
"Não aceitamos mais participarmos da política internacional como se fôssemos os coitadinhos da América Latina, um paisinho de Terceiro Mundo, um paisinho que tem criança de rua, um paisinho que só sabe jogar futebol e só sabe pular Carnaval. Este país tem criança de rua, tem Carnaval, tem futebol. Este país tem muito mais que isso", afirmou o presidente em almoço oferecido à turma de formandos do Instituto Rio Branco, do Itamaraty, os novos diplomatas.
Em seguida, Lula disse que o Brasil se relacionará da mesma forma com todas as nações. "Não existe na face da Terra nenhum interlocutor que respeite um outro interlocutor se um deles estiver de cabeça baixa, se um deles agir de forma subalterna. Nós respeitamos todo mundo, nós respeitamos desde um país pequeno, como um Paraguai, a um país grande como os EUA. Queremos tratar os dois em igualdade de condições e ser tratados pelos dois em igualdade de condições."
A cerimônia foi fechada à imprensa. A assessoria do Planalto distribuiu uma cópia do discurso.
Aos formandos, Lula pediu dedicação e disse que eles serão mais exigidos após a reunião da OMC. "Hoje, mais do que nunca, sem demérito a pessoa nenhuma, o Brasil cresceu no conceito mundial. O Brasil tem uma respeitabilidade muito maior. E acho que, a partir do que aconteceu em Cancún, vocês vão perceber que serão olhados com muito mais interesse." O presidente enfatizou a prioridade da política externa em relação aos vizinhos da América do Sul e aos países da África e do Oriente Médio.
A turma que se formou ontem teve como patrono o diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello, morto em um atentado terrorista no Iraque. (JOSÉ ALBERTO BOMBIG)

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