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São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 2003

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CONSUMO

Faturamento real do comércio cai 0,05% de janeiro a agosto sobre igual período do ano passado; só 2 de 13 setores têm alta

Vendas em SP ficam no vermelho pela 1ª vez

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

O comércio da região metropolitana de São Paulo registrou nova queda nas vendas. Em agosto, o faturamento real das lojas diminuiu 4,93% na comparação com igual mês de 2002. Pela primeira vez, no acumulado do ano, as vendas foram negativas -caíram 0,05% de janeiro a agosto sobre igual período do ano passado.
De 13 setores consultados pela Fecomercio SP, apenas dois (farmácias e perfumaria e autopeças e acessórios) registraram aumentos no faturamento em agosto na comparação com igual mês do ano passado -de 1,23% e 6,23%, respectivamente.
As maiores quedas foram constatadas no comércio automotivo (23,86%) e no de materiais de construção (19,17%). As lojas de roupas, tecidos e calçados faturaram 7,51% menos. As de móveis e decorações, utilidades domésticas, foto, som e óticas e as lojas de departamento, 3,44% menos.
"O comércio na região metropolitana de São Paulo está travado. O desemprego é elevado e a renda continua caindo", afirma Oiram Corrêa, gerente da assessoria econômica da Fecomercio, que, mensalmente, colhe informações de 1.700 estabelecimentos na região metropolitana.
Até abril, o que manteve o faturamento do comércio positivo na comparação com o ano passado, diz ele, foi o setor de supermercados. A partir de maio, a redução nas vendas desse setor acabou também refletindo no faturamento do comércio em geral.
Em agosto, os supermercados, pelo levantamento da Fecomercio, faturaram 0,23% menos do que em igual mês do ano passado. Em maio, a queda foi de 4,17%; em junho, de 9,68% e, em julho, de 5,24% -sempre na comparação com iguais meses de 2002.
Há quatros meses o comércio da região metropolitana fatura menos do que no mesmo período do ano passado. Em maio, a queda foi de 8,55%; em junho, de 6,75% e, em julho, de 5,70%. A tendência, segundo a Fecomercio, é de redução do ritmo de queda. "Mas isso ainda não indica inversão da situação do comércio."
A redução de dois pontos percentuais da taxa básica de juros -de 22% para 20%-, que ocorreu na quarta-feira, na avaliação de Corrêa, não terá efeito sobre as vendas neste ano. A Fecomercio estima que o faturamento do varejo em 2003 deverá ser, na melhor das hipóteses, igual ao registrado no ano passado.
"A queda nas vendas está diminuindo na comparação com o ano passado. Mas isso ainda é um sinal muito fraco de recuperação", afirma Fábio Silveira, economista da MB Associados. "O fato é que o consumidor está postergando as compras à espera de taxas de juros menores", afirma.
Lojas e instituições financeiras já estão anunciando taxas menores para financiar a compra do cliente. O consumidor, porém, pelo que constata a Fecomercio, ainda não está disposto a gastar. "A queda dos juros sempre ajuda, mas não deve ter grande impacto no consumo", afirma Valdemir Colleone, diretor da Lojas Cem.
Adriano Pitoli, economista da Tendências, estima que a recuperação nas vendas será notada mesmo no último trimestre deste ano. As vendas no Natal, estima a consultoria, deverão ser 3% maiores do que as de igual período do ano passado, apesar de piores do que as de 2001, ano em que o país enfrentou a crise de energia.
Neste ano, prevê Pitoli, as vendas do comércio deverão ser 3,5% menores do que as de 2002, que cresceram 1,26% sobre as de 2001.


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