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CONSUMO
Faturamento real do comércio cai 0,05% de janeiro a agosto sobre igual período do ano passado; só 2 de 13 setores têm alta
Vendas em SP ficam no vermelho pela 1ª vez
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
O comércio da região metropolitana de São Paulo registrou nova
queda nas vendas. Em agosto, o
faturamento real das lojas diminuiu 4,93% na comparação com
igual mês de 2002. Pela primeira
vez, no acumulado do ano, as vendas foram negativas -caíram
0,05% de janeiro a agosto sobre
igual período do ano passado.
De 13 setores consultados pela
Fecomercio SP, apenas dois (farmácias e perfumaria e autopeças e
acessórios) registraram aumentos
no faturamento em agosto na
comparação com igual mês do
ano passado -de 1,23% e 6,23%,
respectivamente.
As maiores quedas foram constatadas no comércio automotivo
(23,86%) e no de materiais de
construção (19,17%). As lojas de
roupas, tecidos e calçados faturaram 7,51% menos. As de móveis e
decorações, utilidades domésticas, foto, som e óticas e as lojas de
departamento, 3,44% menos.
"O comércio na região metropolitana de São Paulo está travado. O desemprego é elevado e a
renda continua caindo", afirma
Oiram Corrêa, gerente da assessoria econômica da Fecomercio,
que, mensalmente, colhe informações de 1.700 estabelecimentos
na região metropolitana.
Até abril, o que manteve o faturamento do comércio positivo na
comparação com o ano passado,
diz ele, foi o setor de supermercados. A partir de maio, a redução
nas vendas desse setor acabou
também refletindo no faturamento do comércio em geral.
Em agosto, os supermercados,
pelo levantamento da Fecomercio, faturaram 0,23% menos do
que em igual mês do ano passado.
Em maio, a queda foi de 4,17%;
em junho, de 9,68% e, em julho,
de 5,24% -sempre na comparação com iguais meses de 2002.
Há quatros meses o comércio
da região metropolitana fatura
menos do que no mesmo período
do ano passado. Em maio, a queda foi de 8,55%; em junho, de
6,75% e, em julho, de 5,70%. A
tendência, segundo a Fecomercio,
é de redução do ritmo de queda.
"Mas isso ainda não indica inversão da situação do comércio."
A redução de dois pontos percentuais da taxa básica de juros
-de 22% para 20%-, que ocorreu na quarta-feira, na avaliação
de Corrêa, não terá efeito sobre as
vendas neste ano. A Fecomercio
estima que o faturamento do varejo em 2003 deverá ser, na melhor das hipóteses, igual ao registrado no ano passado.
"A queda nas vendas está diminuindo na comparação com o
ano passado. Mas isso ainda é um
sinal muito fraco de recuperação", afirma Fábio Silveira, economista da MB Associados. "O fato é que o consumidor está postergando as compras à espera de
taxas de juros menores", afirma.
Lojas e instituições financeiras
já estão anunciando taxas menores para financiar a compra do
cliente. O consumidor, porém,
pelo que constata a Fecomercio,
ainda não está disposto a gastar.
"A queda dos juros sempre ajuda,
mas não deve ter grande impacto
no consumo", afirma Valdemir
Colleone, diretor da Lojas Cem.
Adriano Pitoli, economista da
Tendências, estima que a recuperação nas vendas será notada
mesmo no último trimestre deste
ano. As vendas no Natal, estima a
consultoria, deverão ser 3% maiores do que as de igual período do
ano passado, apesar de piores do
que as de 2001, ano em que o país
enfrentou a crise de energia.
Neste ano, prevê Pitoli, as vendas do comércio deverão ser 3,5%
menores do que as de 2002, que
cresceram 1,26% sobre as de 2001.
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