São Paulo, domingo, 19 de setembro de 2004

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Projetos de hoje só terão impacto na demanda interna a partir de 2007

DA REPORTAGEM LOCAL

Os projetos de investimento hoje em análise, para a abertura de fábricas, só terão impacto sobre o mercado interno num prazo superior a 18 meses, ou seja, a partir de 2007, segundo apurou a Folha com as consultorias.
Assim, uma possível expansão da demanda em 2005 e no início de 2006, sustentada pela manutenção do atual ritmo da economia, terá de ser atendida por importações ou pelo aumento da produtividade.
É o que afirmam empresas de grande porte e consultorias. Ao colocar uma lupa nesses projetos -na indústria de base, como siderurgia e petroquímica-, percebe-se que a previsão de maturação dos investimentos (ou de início de uma nova operação) está jogada para até 2010. É o caso, por exemplo, do projeto que discute a viabilidade de uma nova central petroquímica bancada pela Petrobras e pelo grupo Ultra, anunciada na semana passada.
Na siderurgia, a situação é semelhante. Nos próximos cinco anos (até 2008), o setor vai investir US$ 7,4 bilhões, diz o IBS (Instituto Brasileiro de Siderurgia). O valor vai ser aplicado de forma gradual. A produção do setor com esse plano passará de 34 milhões de toneladas de aço por ano para 44 milhões de toneladas, e a expansão será alcançada só em 2008.
A importância desses setores é grande porque os insumos petroquímicos e siderúrgicos são a base da produção industrial no país. Os químicos são usados em produtos como embalagens descartáveis, alimentos e têxteis. O aço é utilizado na fabricação de carros e eletrodomésticos.

Produção dobrada
Se não há previsão de aumento na produção desses materiais a curto prazo, e o consumo cresce no país, há um estrangulamento -com menor oferta e maior demanda por mercadorias. Como resultado, o preço sobe.
"Num horizonte de cinco a sete anos, será preciso dobrar a produção petroquímica para suprir o mercado", diz Armando Guedes, diretor-superintendente da Suzano Petroquímica. "Não se faz um projeto de grande porte da noite para o dia", afirma José Marcos Vettorato, diretor industrial da Suzano Papel e Celulose.
No caso do aço, "há a possibilidade de redução na exportação para atender a demanda interna", diz o vice-presidente do IBS, Marco Polo Lopes. Ele diz que os investimentos do setor são contínuos e que não acredita na alta da demanda superior a esse ritmo de investimento.

Processo lento
Na avaliação de economistas, os investimentos para ampliação e abertura de novas unidades ainda estão começando a acontecer. E será um processo lento. "Esse novo ciclo de recuperação da economia veio acompanhado do aumento da importação de máquinas e da necessidade de ampliar a capacidade produtiva da indústria", diz Fábio Silveira, sócio diretor da MS Consult.
Novos equipamentos são comprados para substituir antigos e, com isso, elevar a produtividade de uma linha industrial. Ou entram no país para serem usados na construção de uma nova fábrica, por exemplo. De janeiro a julho, a entrada de máquinas no país somou US$ 6,5 bilhões. Em 2003, foram US$ 5,7 bilhões
Nesse período, empresas de papel e celulose e borracha, itens usados na cadeia produtiva de diversos setores, quase atingiram a plena capacidade de produção. O uso da capacidade das máquinas variou de 80% a 95%, informa a Fundação Getúlio Vargas.


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