São Paulo, quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Governo paga apenas 23% dos investimentos no PAC

Levantamento feito por ONG mostra que só R$ 3,46 bi foram pagos neste ano

Segundo balanço das obras do PAC sai amanhã; estudo mostra que programa fará o PIB avançar um ponto por ano entre 2008 e 2011

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo continua tendo dificuldades para tirar o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) do papel. Segundo levantamento da ONG Contas Abertas com base em dados do sistema eletrônico de gastos, o Siafi, apenas R$ 3,46 bilhões de investimentos foram pagos neste ano, o equivalente a 23,43% da verba reservada para 2007.
A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, anuncia amanhã o segundo balanço oficial das obras do PAC. Na primeira avaliação, relativa aos meses de janeiro a abril, o governo não usou dados sobre os pagamentos realizados no ano.
Preferiu avaliar pelo total empenhado, que é uma espécie de autorização para gastar. Por esse critério, haviam sido comprometidos 12,1% dos recursos do PAC.
O problema é que a verba empenhada não significa que a obra foi realizada -pelo contrário. É uma promessa de pagamento do governo que só será liberada quando o investimento tiver sido concretizado. Mas, insistindo nesse critério, o governo poderá afirmar que já comprometeu 44,74% dos R$ 14,771 bilhões destinados ao programa.
O esforço do governo para mostrar que o principal programa do segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está deslanchando inclui também um estudo encomendado pelo Ministério do Planejamento para medir o impacto que o PAC terá sobre a economia nacional.

Efeitos sobre o PIB
Os dados preliminares encaminhados ao ministro Paulo Bernardo (Planejamento) mostram que, se o PAC for executado como programado, ele aumentará o crescimento da economia em um ponto percentual ao ano, entre 2008 e 2011.
Bernardo reconhece que a contribuição para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano será mais limitada. "Mas certamente em 2008 esse efeito será mais visível", afirma o ministro.
O estudo feito pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Universidade Federal de Minas Gerais mediu ainda o retorno das obras programadas no PAC para cada Estado para saber a capacidade de alavancar o desenvolvimento regional e reduzir as desigualdades sociais.
As maiores contribuições, segundo o levantamento, serão sentidas entre 2012 e 2015, quando os investimentos estiverem maturando. No entanto, ainda no período de obras (2008-2011), será possível verificar queda nas desigualdades entre os Estados, de acordo com as estimativas do estudo do governo.
(LEANDRA PERES e SHEILA D'AMORIM)


Texto Anterior: FMI diz que há espaço para novas reduções nos juros
Próximo Texto: Economistas alertam para desindustrialização
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.