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Governo não conseguirá leiloar usina em outubro
Tribunal de Contas não avalizará edital para hidrelétrica no Madeira neste mês
Ministro pede a relator que apresse análise; cronograma só seria cumprido se edital
já tivesse sido lançado na semana passada
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O TCU (Tribunal de Contas
da União) informou ontem que,
ainda que se apresse, não avalizará o edital de licitação da hidrelétrica de Santo Antônio -a
primeira das usinas do complexo do rio Madeira (RO)- antes
do início de outubro, o que inviabiliza a realização do leilão
na data prevista pelo governo.
O relator do processo, Benjamin Zimler, recebeu um apelo
do ministro interino de Minas e
Energia, Nelson Hubner, para
apressar a análise do tribunal.
Os atrasos significam risco
de crise no abastecimento de
energia no país a partir de 2012.
Procurado à noite pela Folha, Hubner disse que ainda
não mudou a data do leilão,
marcado para 30 de outubro.
Essa data é hoje uma impossibilidade matemática. Para que
o cronograma fosse cumprido,
o edital deveria ter sido lançado
pela Aneel (Agência Nacional
de Energia Elétrica) na semana
passada. Um período de 45 dias
separa o lançamento do edital
da realização do leilão.
Embora a Aneel dependa formalmente do aval do TCU para
lançar o edital, esse não é o
principal obstáculo enfrentado
por uma das principais obras
do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
O acesso a fornecedores de
equipamentos para a obra, estimada em R$ 10 bilhões, é objeto de uma batalha na Justiça.
Ontem, a Construtora Norberto Odebrecht conseguiu na
Justiça Federal em Brasília
manter temporariamente o
acordo de exclusividade com
fornecedores. Com isso, os demais interessados em disputar
a concessão da usina não podem, por ora, se associar à General Electric nem contar com
futuras parcerias com a Alstom, VA Tech e Voith Siemens.
A decisão da juíza Pollyanna
Martins, da 1ª Vara, ainda é
preliminar. Ela quer ouvir a
SDE antes de definir se acata ou
não o pedido de liminar feito
pela Odebrecht. Com dez dias
para se manifestar à Justiça, a
secretária Mariana Tavares de
Araújo diz que a decisão de suspender os acordos de exclusividade teve por objetivo equilibrar a disputa e garantir condições de concorrência aos leilões das usinas do Madeira.
Na sexta passada, a SDE
abriu processo contra a Odebrecht por suposto fechamento
de mercado. De acordo com a
análise da secretaria, mantidos
os acordos de exclusividade da
empreiteira baiana com fornecedores de geradores e turbinas, o leilão estaria dirigido para a Odebrecht.
Se não puderem dispor de
nenhuma das quatro empresas
que assinaram acordos com a
empreiteira, os demais interessados nas hidrelétricas do Madeira terão de importar equipamentos, pagando 14% extras de
imposto.
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