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Especulação na BM&F impulsiona alta do dólar
FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Grande parte da alta do dólar
nos últimos dias tem sido causada por forte pressão de especuladores no mercado futuro
da BM&F. O movimento e a
procura por dólares no mercado à vista, segundo corretoras
de câmbio, não justificam a forte valorização recente.
Segundo cálculos da NGO
Corretora de Câmbio, ao apostar contra o real especuladores
estrangeiros elevaram nos últimos dias suas posições compradas na BM&F em dólar futuro (para serem pagos mais à
frente) de US$ 800 milhões para estimados US$ 8 bilhões.
O movimento acabou "contaminando" a formação de preço
da moeda no mercado à vista,
onde o movimento tem sido
muito baixo.
"A pressão sobre o preço do
dólar decorre de razões fora do
mercado físico de câmbio e envolve especulação direta", afirma Sidnei Nehme, diretor-executivo da NGO.
Segundo ele, esses especuladores vão "perder dinheiro"
nas operações quando tiverem
de liquidar a moeda comprada
a futuro, já que os fundamentos
do país e do mercado não justificam tamanha pressão de alta.
Enquanto o dólar subiu fortemente na primeira quinzena
do mês, o Banco Central divulgou um resultado positivo em
US$ 4,3 bilhões de entrada de
dólares no país no mesmo período -fato que não justificaria
a alta da moeda.
Além disso, o volume de operações à vista tem sido substancialmente menor nos últimos
dias em relação a períodos normais. Na segunda-feira, o giro
foi de US$ 1,1 bilhão e na terça,
de US$ 1,6 bilhão. Em dias normais, as quantidades sobem a
US$ 5 bilhões.
"Há muita especulação e é
pouco provável que o dólar se
mantenha nos níveis que vem
atingindo", afirma José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator.
Gonçalves afirma, no entanto, que "há muita gente desmontando" operações no Brasil
para remeter dinheiro para fora, o que acaba pressionando a
cotação do dólar. Nesse caso,
não seriam especuladores, mas
investidores que precisam cobrir posições negativas no exterior e que ainda têm dinheiro
aplicado no país.
Segundo Cristiano Zanuso,
da Renova Corretora, os mais
prejudicados pela recente especulação no mercado têm sido
os importadores que não dispõem de mais prazo para pagar
suas compras externas.
"Embora o volume de negócios tenha diminuído, quem
realmente precisa de dólares
nesses dias está sendo obrigado
a pagar um preço salgado", diz.
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