São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 2008

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Especulação na BM&F impulsiona alta do dólar

FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Grande parte da alta do dólar nos últimos dias tem sido causada por forte pressão de especuladores no mercado futuro da BM&F. O movimento e a procura por dólares no mercado à vista, segundo corretoras de câmbio, não justificam a forte valorização recente.
Segundo cálculos da NGO Corretora de Câmbio, ao apostar contra o real especuladores estrangeiros elevaram nos últimos dias suas posições compradas na BM&F em dólar futuro (para serem pagos mais à frente) de US$ 800 milhões para estimados US$ 8 bilhões.
O movimento acabou "contaminando" a formação de preço da moeda no mercado à vista, onde o movimento tem sido muito baixo.
"A pressão sobre o preço do dólar decorre de razões fora do mercado físico de câmbio e envolve especulação direta", afirma Sidnei Nehme, diretor-executivo da NGO.
Segundo ele, esses especuladores vão "perder dinheiro" nas operações quando tiverem de liquidar a moeda comprada a futuro, já que os fundamentos do país e do mercado não justificam tamanha pressão de alta.
Enquanto o dólar subiu fortemente na primeira quinzena do mês, o Banco Central divulgou um resultado positivo em US$ 4,3 bilhões de entrada de dólares no país no mesmo período -fato que não justificaria a alta da moeda.
Além disso, o volume de operações à vista tem sido substancialmente menor nos últimos dias em relação a períodos normais. Na segunda-feira, o giro foi de US$ 1,1 bilhão e na terça, de US$ 1,6 bilhão. Em dias normais, as quantidades sobem a US$ 5 bilhões.
"Há muita especulação e é pouco provável que o dólar se mantenha nos níveis que vem atingindo", afirma José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator.
Gonçalves afirma, no entanto, que "há muita gente desmontando" operações no Brasil para remeter dinheiro para fora, o que acaba pressionando a cotação do dólar. Nesse caso, não seriam especuladores, mas investidores que precisam cobrir posições negativas no exterior e que ainda têm dinheiro aplicado no país.
Segundo Cristiano Zanuso, da Renova Corretora, os mais prejudicados pela recente especulação no mercado têm sido os importadores que não dispõem de mais prazo para pagar suas compras externas.
"Embora o volume de negócios tenha diminuído, quem realmente precisa de dólares nesses dias está sendo obrigado a pagar um preço salgado", diz.


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