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Greve chega à General Motors, e trabalhadores param 2 fábricas
Sindicatos descentralizam paralisações para pressionar por reajustes maiores
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS
Na tentativa de obter reajuste salarial maior, cerca de 16 mil
metalúrgicos da GM (General
Motors) de São Caetano do Sul
e de São José dos Campos entraram em greve ontem por
tempo indeterminado. Os
8.300 trabalhadores do interior
de São Paulo já haviam feito paralisações temporárias nos últimos oito dias.
Os trabalhadores rejeitaram
a proposta da GM de 6,53% de
reajuste (4,44% para repor a inflação e 2% de aumento real) e
abono de R$ 1.750. Em São
Caetano, o pedido é de 10%. Em
São José, de 14,65%.
Segundo os sindicatos dos
metalúrgicos de São Caetano
(ligado à Força Sindical) e o de
São José dos Campos (filiado à
Conlutas), ao menos 1.800 veículos deixaram de ser produzidos ontem. A montadora não
comenta a greve.
"Com a redução de IPI e o aumento de vendas, há espaço para uma proposta melhor", diz
Aparecido da Silva, presidente
do sindicato da categoria em
São Caetano. "O que deve acontecer é que a GM aqui deve recorrer à Justiça do Trabalho,
como fez em São José."
Na segunda audiência de
conciliação feita ontem no TRT
(Tribunal Regional do Trabalho) de Campinas, trabalhadores e GM não chegaram a acordo. O desembargador Luiz Antônio Lazarim propôs um índice intermediário de reajuste
-8,3% (para quem ganha até
R$ 7.000, e R$ 510 fixos para
quem ganha mais de R$ 7.000),
abono de R$ 1.950 e pagamento
de 50% dos dias parados.
Para Cássio Mesquita Barros,
um dos advogados da GM, a
proposta do TRT "é alta". "Até
domingo [amanhã] a GM vai
responder se aceita ou não essa
proposta." Já o sindicato considerou "boa" a proposta do TRT.
Descentralização
A paralisação na GM ocorre
depois de greves já terem afetado o ABC, Taubaté e o Paraná.
Nesses locais, sindicatos ligados a diferentes centrais (CUT,
Força, Conlutas) obtiveram
reajustes diferenciados após
campanhas salariais separadas.
No ABC, por exemplo, as negociações foram setoriais para
que os metalúrgicos das montadoras de caminhões e ônibus
(mais afetadas pela crise) recebessem reajuste igual aos que
trabalham nas de carros.
"Foi uma estratégia acertada
porque existem diferenças regionais e salariais, além de cada
segmento do setor metalúrgico
passar por situação distinta. O
fabricante de caminhão foi
mais atingido pela crise. O que
vende carros recuperou mercado. E as autopeças enfrentam
outra situação", diz Clemente
Ganz Lúcio, do Dieese.
Especialistas em negociações
coletivas também dizem que a
onda de greves é reflexo da recuperação no setor. "No ano
passado, a preocupação era pela manutenção dos empregos.
Neste, os trabalhadores foram
em busca do aumento real", diz
Wilson Amorim, coordenador
de pesquisas da FIA (Fundação
Instituto de Administração).
No mês passado, as montadoras criaram 1.262 vagas, a
maior contratação desde julho
de 2008. As vendas de veículos
cresceram 5,5% em agosto ante
igual mês de 2008.
No setor de autopeças, no
ABC, metalúrgicos decidiram
manter a greve em empresas
que não concederem reajuste.
Ontem, primeiro dia da paralisação geral, 30 delas ofereceram 6,53%, mais abono.
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