São Paulo, sábado, 19 de setembro de 2009

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Greve chega à General Motors, e trabalhadores param 2 fábricas

Sindicatos descentralizam paralisações para pressionar por reajustes maiores

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS

Na tentativa de obter reajuste salarial maior, cerca de 16 mil metalúrgicos da GM (General Motors) de São Caetano do Sul e de São José dos Campos entraram em greve ontem por tempo indeterminado. Os 8.300 trabalhadores do interior de São Paulo já haviam feito paralisações temporárias nos últimos oito dias.
Os trabalhadores rejeitaram a proposta da GM de 6,53% de reajuste (4,44% para repor a inflação e 2% de aumento real) e abono de R$ 1.750. Em São Caetano, o pedido é de 10%. Em São José, de 14,65%.
Segundo os sindicatos dos metalúrgicos de São Caetano (ligado à Força Sindical) e o de São José dos Campos (filiado à Conlutas), ao menos 1.800 veículos deixaram de ser produzidos ontem. A montadora não comenta a greve.
"Com a redução de IPI e o aumento de vendas, há espaço para uma proposta melhor", diz Aparecido da Silva, presidente do sindicato da categoria em São Caetano. "O que deve acontecer é que a GM aqui deve recorrer à Justiça do Trabalho, como fez em São José."
Na segunda audiência de conciliação feita ontem no TRT (Tribunal Regional do Trabalho) de Campinas, trabalhadores e GM não chegaram a acordo. O desembargador Luiz Antônio Lazarim propôs um índice intermediário de reajuste -8,3% (para quem ganha até R$ 7.000, e R$ 510 fixos para quem ganha mais de R$ 7.000), abono de R$ 1.950 e pagamento de 50% dos dias parados.
Para Cássio Mesquita Barros, um dos advogados da GM, a proposta do TRT "é alta". "Até domingo [amanhã] a GM vai responder se aceita ou não essa proposta." Já o sindicato considerou "boa" a proposta do TRT.

Descentralização
A paralisação na GM ocorre depois de greves já terem afetado o ABC, Taubaté e o Paraná. Nesses locais, sindicatos ligados a diferentes centrais (CUT, Força, Conlutas) obtiveram reajustes diferenciados após campanhas salariais separadas.
No ABC, por exemplo, as negociações foram setoriais para que os metalúrgicos das montadoras de caminhões e ônibus (mais afetadas pela crise) recebessem reajuste igual aos que trabalham nas de carros.
"Foi uma estratégia acertada porque existem diferenças regionais e salariais, além de cada segmento do setor metalúrgico passar por situação distinta. O fabricante de caminhão foi mais atingido pela crise. O que vende carros recuperou mercado. E as autopeças enfrentam outra situação", diz Clemente Ganz Lúcio, do Dieese.
Especialistas em negociações coletivas também dizem que a onda de greves é reflexo da recuperação no setor. "No ano passado, a preocupação era pela manutenção dos empregos. Neste, os trabalhadores foram em busca do aumento real", diz Wilson Amorim, coordenador de pesquisas da FIA (Fundação Instituto de Administração).
No mês passado, as montadoras criaram 1.262 vagas, a maior contratação desde julho de 2008. As vendas de veículos cresceram 5,5% em agosto ante igual mês de 2008.
No setor de autopeças, no ABC, metalúrgicos decidiram manter a greve em empresas que não concederem reajuste. Ontem, primeiro dia da paralisação geral, 30 delas ofereceram 6,53%, mais abono.


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