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O RETRATO DO BRASIL EM 2008
Desigualdade cai; renda e emprego avançam
Pnad, o mais abrangente retrato do país, revela ganhos com expansão econômica entre setembro de 2007 e setembro de 2008
No período, a taxa de desocupação caiu de 8,2% para 7,2%, menor patamar desde 1996, mas número de adultos analfabetos cresce
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
O retrato do Brasil antes da
crise, revelado ontem pelo
IBGE em sua Pnad (Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios), mostra um país que
seguia seu processo de melhoria da renda, diminuição da desigualdade e da pobreza e crescimento do emprego formal.
Mas a fotografia do Brasil,
feita em setembro de 2008 pelo
IBGE, mostra que o vigoroso
crescimento econômico ocorrido nos 12 meses anteriores
não conseguiu reduzir um dos
mais graves problemas do país,
o analfabetismo. A taxa de analfabetismo recuou apenas 0,1
ponto percentual na comparação de 2007 para 2008. Ocorreu inclusive um pequeno aumento no número absoluto de
analfabetos adultos, de 14,136
milhões para 14,247 milhões.
Por ter setembro como referência, o Pnad não captou efeitos da crise que começou a abalar o mundo no último trimestre de 2008, quando pesquisas
do próprio IBGE registraram
aumento do desemprego e queda na renda e no crescimento.
Apesar de menos atualizada,
a Pnad é a mais abrangente e
detalhada pesquisa anual do
IBGE, cobrindo todo o país e
analisando diversas características da população.
Em 2008, a renda média do
trabalhador foi de R$ 1.041,
uma variação de 1,7% em relação a 2007. Ela está, no entanto, ainda 3,1% abaixo da verificado em 1998, de R$ 1.074.
Essa alta de 1,7% foi a menor
desde 2004, quando a economia começou a se recuperar.
Apesar de a renda ter crescido
menos, a Pnad mostra que, em
setembro de 2008, mais brasileiros conseguiram emprego
-a taxa de desocupação caiu de
8,2% para 7,2%, o menor patamar desde 1996.
A redução no desemprego
significou que 2,5 milhões a
mais de brasileiros estavam
ocupados em setembro de
2008 na comparação com o
mesmo período de 2007. E a
maioria dos postos criados foi
no setor formal, já que houve
aumento de 6,6% (2,1 milhões)
no número de empregados com
carteira assinada.
Ainda assim, pouco mais de
um terço (34,9%) dos empregados no Brasil tinha carteira assinada. Em 2001, esse percentual era de 29,4%.
O crescimento da formalização no mercado de emprego
contribuiu para o aumento da
proporção de trabalhadores
que contribuíam para a Previdência: de 50,6% para 52,1%.
No caso da renda do trabalho,
a queda na desigualdade, medida pelo índice de Gini, foi de
1,3%, menor do que a redução
verificada de 2006 para 2007,
mas maior do que a registrada
anualmente de 2003 a 2005.
Na comparação com 1998,
houve crescimento de 22% na
renda dos 50% mais pobres. Os
10% mais ricos, nessa comparação, ainda registram perda salarial de 3,1%.
Mesmo assim, os 10% mais
ricos (R$ 4.424 ou mais) concentram 43% da riqueza, enquanto os 50% mais pobres respondem por apenas 18%.
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