São Paulo, terça-feira, 19 de outubro de 2004

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TENSÃO PRÉ-COPOM

Dados do BC mostram crescimento nas concessões em setembro; "spread" alto e prazos maiores amortecem Selic

Crédito segue em alta apesar de juro maior

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

A elevação na taxa básica de juros da economia, a Selic, no mês passado -de 16% para 16,25% ao ano- ainda não comprometeu o volume global de crédito concedido por instituições financeiras a consumidores e empresas.
É o que mostram números preliminares do Banco Central, que representam 88% das concessões de crédito no país. Em setembro, os consumidores tomaram emprestado, em cinco modalidades diferentes de crédito, R$ 27,9 bilhões, ante R$ 27,7 bilhões em agosto, alta de 0,7%.
No caso de pessoas jurídicas, a expansão foi de 0,95%. Os cálculos são de Adriano Pitoli, economista da consultoria Tendências, com base em dados do BC, que divulga na semana que vem os números consolidados. Os valores foram dessazonalizados e deflacionados pelo IPCA.
Segundo analistas, os longos prazos oferecidos pelo varejo para atrair os consumidores e a incipiente reação na renda e no emprego aumentam a capacidade das pessoas de contraírem empréstimos. Além disso, a alta, de 0,25 ponto percentual, se dilui, já que os juros cobrados de consumidores e empresas são muito elevados no Brasil.
A recuperação do comércio neste ano, vale lembrar, foi puxada principalmente pelas vendas a prazo. Hoje começa a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC), e o mercado avalia que a tendência é de nova elevação (de 0,25 até 0,5 ponto percentual) na taxa básica de juros, por temor de pressões inflacionárias.
Pitoli aponta também que o "spread" bancário [diferença entre a taxa de captação dos bancos e a cobrada na ponta] vem caindo nos últimos meses: em um cenário de relativa estabilidade da economia, o risco diminui. "O "spread" está servindo como amortecedor das pressões das altas na Selic e nos juros futuros".
O aumento foi puxado por três das cinco categorias de crédito cujos dados estavam disponíveis no BC: cheque especial (alta de 0,6%), veículos (0,2%) e cartão de crédito (5,75%). Para crédito pessoal e aquisição de outros bens, houve queda de 2,87% e 6,2%.
"A elevação no financiamento de veículos tem um peso importante no número total, já que são valores mais elevados", diz Bráulio Borges, da LCA Consultores.


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