São Paulo, terça-feira, 19 de outubro de 2004

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Com ajuda, empresa prevê lucro em 2008

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com a ajuda financeira do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e dos fundos de pensão, a Ferronorte começa a dar lucro a partir de 2008, avalia Elias David Nigri, diretor-presidente da Brasil Ferrovias, holding que controla a Ferronorte, a Novoeste e a Ferroban. No ano passado, a ferrovia teve prejuízo de R$ 148 milhões.
Nigri informou que as negociações com o BNDES começaram no segundo trimestre deste ano e foram concluídas apenas na semana passada. "A negociação foi concluída na semana passada, mas não foi anunciada porque o presidente do banco [Carlos Lessa] se acidentou", disse Nigri. Lessa operou o joelho, após sofrer uma queda em sua casa, no Rio de Janeiro.
Ainda de acordo com o diretor-presidente da Brasil Ferrovias, apesar de o acordo com o BNDES ter sido concluído, falta a aprovação do Ministério dos Transportes e da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres). Nem o ministério nem a agência comentaram o assunto ontem.
Na avaliação de Nigri, a negociação foi benéfica para o banco estatal. "Dessa forma, a ferrovia será um negócio viável e o banco poderá recuperar os empréstimos que já havia feito", disse.

Demanda maior
Com 512 quilômetros de extensão, a Ferronorte liga regiões produtoras de soja nos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul ao porto de Santos. Nigri disse que a demanda por carga nessa área aumenta, em média, 20% ao ano. Para chegar a Santos, a Ferronorte se conecta à Ferroban, que também pertence à Brasil Ferrovias.
Os números da ANTT mostram que a receita operacional da Ferronorte vem aumentando. Era de R$ 40,7 milhões em 2000 e passou para R$ 373,3 milhões no ano passado. Em 2000 o prejuízo foi de R$ 20,8 milhões e chegou a R$ 245,7 milhões em 2002.
Nigri afirmou que a dívida da empresa se deve ao fato de acionistas privados terem investido na construção de ferrovias. "A dívida é fruto da construção da ferrovia, que é uma tarefa difícil de levar a cabo. Os acionistas foram ousados e carregam o ônus", afirmou o executivo.
Ainda de acordo com ele, o BNDES foi muito hábil nas negociações, porque exigiu investimentos dos sócios (os fundos de pensão dos funcionários do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal) na concessionária Novoeste, outra empresa do grupo.
Segundo Nigri, quando a empresa estiver saneada, a Brasil Ferrovias terá que se enquadrar nas regras do novo mercado da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), que obriga as empresas a se enquadrarem em normas rígidas de governança corporativa.


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