São Paulo, sexta-feira, 19 de outubro de 2007

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Material apreendido indica contas bancárias no exterior

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O material apreendido pela Polícia Federal na Operação Persona confirma, já em análise preliminar, o esquema de fraudes em transações de importação de itens de informática e também que o grupo mentor do negócio mantém contas bancárias no exterior.
Nos cálculos da Receita Federal, nos últimos cinco anos, o esquema, que teria como principal beneficiária a Cisco, realizou transações pelas quais pode chegar a R$ 1,5 bilhão o total de impostos, multa e correção monetária devidos ao fisco.
A comprovação se deu com base em documentos encontrados pela PF em empresas de fachada e também nos escritórios da distribuidora Mude, que estão entre os 93 alvos de mandados judiciais de busca e apreensão de documentos e equipamentos cumpridos nos Estados de São Paulo, Rio e Bahia.
O resultado da apreensão está guardado em uma sala de 60 metros quadrados na Superintendência da Polícia Federal em São Paulo. Segue sob análise e será usado também no pedido de prorrogação da prisão dos 40 empresários, funcionários e servidores suspeitos de integrar o esquema ilegal e que foram presos pela PF.
Segundo a investigação, Cisco e Mude, em parceria, montaram uma cadeia de fraude, composta por 14 empresas, sendo 6 nos EUA e 8 no Brasil -incluindo a Mude; a multinacional não faz parte da soma. Em grupo, importavam produtos da Cisco System nos EUA com preços subfaturados ou com descontos para reduzir os impostos pagos no Brasil.
Controles internos das empresas investigadas registram os negócios contabilizados oficialmente e aqueles paralelos. Ao comparar as cifras, pode-se chegar à margem real de lucro obtida mediante fraude.
Em meio aos documentos apreendidos, estão extratos de contas bancárias no exterior e ações ao portador de "offshores" -empresas com sede em paraísos fiscais em que a identidade dos donos fica sob sigilo.
Entre as empresas utilizadas no Brasil, estão a Brastec e a Prime, ambas registradas em nome de laranjas e "offshores".
Elas têm sede em Ilhéus, onde funciona um pólo industrial que dá subsídios a importadoras de material de informática, desde que os componentes trazidos de fora passem por um processo de industrialização no Brasil. Mas, na prática, os produtos trazidos dos EUA, segundo a Receita e a PF, nunca passavam por Ilhéus. Do porto de Salvador, eram levados diretamente para comercialização.
Na ponta norte-americana, entre as exportadoras utilizadas no esquema estão, segundo a PF, a Mude USA e a LogCis, com sede em Miami.
Conforme a investigação, a LogCis seria a abreviatura de Logística da Cisco. A empresa tem sócios brasileiros que estão entre os cinco nacionais que vivem nos EUA e tiveram a prisão decretada pela Justiça.


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