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Material apreendido indica contas bancárias no exterior
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O material apreendido pela
Polícia Federal na Operação
Persona confirma, já em análise preliminar, o esquema de
fraudes em transações de importação de itens de informática e também que o grupo mentor do negócio mantém contas
bancárias no exterior.
Nos cálculos da Receita Federal, nos últimos cinco anos, o
esquema, que teria como principal beneficiária a Cisco, realizou transações pelas quais pode chegar a R$ 1,5 bilhão o total
de impostos, multa e correção
monetária devidos ao fisco.
A comprovação se deu com
base em documentos encontrados pela PF em empresas de fachada e também nos escritórios
da distribuidora Mude, que estão entre os 93 alvos de mandados judiciais de busca e apreensão de documentos e equipamentos cumpridos nos Estados
de São Paulo, Rio e Bahia.
O resultado da apreensão está guardado em uma sala de 60
metros quadrados na Superintendência da Polícia Federal
em São Paulo. Segue sob análise e será usado também no pedido de prorrogação da prisão
dos 40 empresários, funcionários e servidores suspeitos de
integrar o esquema ilegal e que
foram presos pela PF.
Segundo a investigação, Cisco e Mude, em parceria, montaram uma cadeia de fraude,
composta por 14 empresas,
sendo 6 nos EUA e 8 no Brasil
-incluindo a Mude; a multinacional não faz parte da soma.
Em grupo, importavam produtos da Cisco System nos EUA
com preços subfaturados ou
com descontos para reduzir os
impostos pagos no Brasil.
Controles internos das empresas investigadas registram
os negócios contabilizados oficialmente e aqueles paralelos.
Ao comparar as cifras, pode-se
chegar à margem real de lucro
obtida mediante fraude.
Em meio aos documentos
apreendidos, estão extratos de
contas bancárias no exterior e
ações ao portador de "offshores" -empresas com sede em
paraísos fiscais em que a identidade dos donos fica sob sigilo.
Entre as empresas utilizadas
no Brasil, estão a Brastec e a
Prime, ambas registradas em
nome de laranjas e "offshores".
Elas têm sede em Ilhéus, onde funciona um pólo industrial
que dá subsídios a importadoras de material de informática,
desde que os componentes trazidos de fora passem por um
processo de industrialização no
Brasil. Mas, na prática, os produtos trazidos dos EUA, segundo a Receita e a PF, nunca passavam por Ilhéus. Do porto de
Salvador, eram levados diretamente para comercialização.
Na ponta norte-americana,
entre as exportadoras utilizadas no esquema estão, segundo
a PF, a Mude USA e a LogCis,
com sede em Miami.
Conforme a investigação, a
LogCis seria a abreviatura de
Logística da Cisco. A empresa
tem sócios brasileiros que estão
entre os cinco nacionais que vivem nos EUA e tiveram a prisão
decretada pela Justiça.
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