São Paulo, sexta-feira, 19 de outubro de 2007

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Cisco americana diz não cuidar de importação

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Dois dias depois da operação da Polícia Federal, da Receita e do Ministério Público que fechou escritórios em São Paulo e no Rio de Janeiro e deteve funcionários da Cisco Systems, a matriz da empresa procura se distanciar de sua parceira brasileira. A idéia é diminuir os efeitos que o incidente possa ter no valor das ações e na imagem da companhia.
Pela manhã, a empresa soltou declaração oficial em que ressalta que o Brasil responde por apenas 1% de seu faturamento global, de US$ 35 bilhões (R$ 63 bilhões). À tarde, em entrevista à Folha por telefone, John Noh, um assessor da Cisco EUA, disse: "Você tem de entender que a Cisco não exporta produtos diretamente para aquele país [Brasil]".
Em cinco anos, o grupo brasileiro teria importado de maneira fraudulenta, calcula a Receita, cerca de US$ 500 milhões em produtos da multinacional americana, com um volume mensal de 50 toneladas. "Nós trabalhamos com vários parceiros e revendedores locais para fazer a importação", completou. "Nós não lidamos com a importação desses produtos, nossos parceiros é que fazem isso." Indagado sobre se a Cisco EUA ofereceria alguma ajuda a parceiros brasileiros, o assessor respondeu que a empresa estava bastante "preocupada com nossos funcionários".
"A Cisco Brasil faz parte de nossas operações globais, e nós estamos levando muito a sério essa questão", disse ele. "Mas nossa preocupação maior e o nosso foco agora são nossos empregados lá no Brasil."
Na declaração oficial, a empresa ressalta que as operações brasileiras são apenas parte da plataforma de mercados emergentes da Cisco, que responde por 10% do faturamento global. A participação do Brasil seria um décimo disso. Indagado sobre se com isso a Cisco dizia que uma operação de US$ 350 milhões não era tão importante no contexto geral da empresa, Noh disse: "Não, não é o que nós queremos fazer parecer".
A empresa disse que estava colaborando com as autoridades tanto brasileiras quanto americanas.
Em nota divulgada no Brasil ontem, a empresa informa que, "analisando os fatos aos quais tivemos acesso, não acreditamos que a Cisco agiu de forma inapropriada". Informa ainda que "assumirá responsabilidade e tomará as medidas cabíveis assim que forem finalizadas as investigações dos fatos".
As ações da empresa fecharam ontem em alta de 0,68% na Bolsa de Valores de NY.


Colaborou a Redação


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