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Cisco americana diz não cuidar de importação
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Dois dias depois da operação
da Polícia Federal, da Receita e
do Ministério Público que fechou escritórios em São Paulo e
no Rio de Janeiro e deteve funcionários da Cisco Systems, a
matriz da empresa procura se
distanciar de sua parceira brasileira. A idéia é diminuir os
efeitos que o incidente possa
ter no valor das ações e na imagem da companhia.
Pela manhã, a empresa soltou declaração oficial em que
ressalta que o Brasil responde
por apenas 1% de seu faturamento global, de US$ 35 bilhões (R$ 63 bilhões). À tarde,
em entrevista à Folha por telefone, John Noh, um assessor da
Cisco EUA, disse: "Você tem de
entender que a Cisco não exporta produtos diretamente
para aquele país [Brasil]".
Em cinco anos, o grupo brasileiro teria importado de maneira fraudulenta, calcula a Receita, cerca de US$ 500 milhões em produtos da multinacional americana, com um volume mensal de 50 toneladas.
"Nós trabalhamos com vários
parceiros e revendedores locais
para fazer a importação", completou. "Nós não lidamos com a
importação desses produtos,
nossos parceiros é que fazem
isso." Indagado sobre se a Cisco
EUA ofereceria alguma ajuda a
parceiros brasileiros, o assessor respondeu que a empresa
estava bastante "preocupada
com nossos funcionários".
"A Cisco Brasil faz parte de
nossas operações globais, e nós
estamos levando muito a sério
essa questão", disse ele. "Mas
nossa preocupação maior e o
nosso foco agora são nossos
empregados lá no Brasil."
Na declaração oficial, a empresa ressalta que as operações
brasileiras são apenas parte da
plataforma de mercados emergentes da Cisco, que responde
por 10% do faturamento global.
A participação do Brasil seria
um décimo disso. Indagado sobre se com isso a Cisco dizia
que uma operação de US$ 350
milhões não era tão importante no contexto geral da empresa, Noh disse: "Não, não é o que
nós queremos fazer parecer".
A empresa disse que estava
colaborando com as autoridades tanto brasileiras quanto
americanas.
Em nota divulgada no Brasil
ontem, a empresa informa que,
"analisando os fatos aos quais
tivemos acesso, não acreditamos que a Cisco agiu de forma
inapropriada". Informa ainda
que "assumirá responsabilidade e tomará as medidas cabíveis assim que forem finalizadas as investigações dos fatos".
As ações da empresa fecharam ontem em alta de 0,68%
na Bolsa de Valores de NY.
Colaborou a Redação
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