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Frase nos EUA sobre o Brasil gera mal-estar
DE WASHINGTON
A declaração de Mark
Smith, diretor-gerente para
assuntos do hemisfério Ocidental da Câmara de Comércio dos EUA, de que subfaturamento é comum no Brasil,
referindo-se às acusações
feitas à Cisco, causou mal-estar na sede da empresa na
Califórnia -a multinacional
é uma das associadas da mesma entidade que a acusava.
"Não posso comentar as
declarações desse cavalheiro; só posso falar em nome da
Cisco", disse John Noh, instado a dar a posição oficial da
empresa sobre o que disse
Smith. Anteontem, no intervalo de evento promovido
pela Câmara em Washington, o diretor afirmou aos
jornais "O Estado de S.Paulo" e "O Globo" que "infelizmente" o subfaturamento de
importações era lugar-comum no contexto do Brasil.
"Acho que há uma série de
questões que criam o ambiente para que as pessoas
façam isso, como o peso tributário muito elevado e altas
tarifas." Mas ressaltou que
"quem desrespeita a lei deve
ser punido, seja empresa
americana ou brasileira." Para ele, no entanto, o foco não
deveria ser apenas a Cisco,
mas "como melhorar a aplicação das leis e examinar as
origens dessas práticas".
Procurado pela Folha ontem, o diretor não respondeu, até a conclusão desta
edição, às ligações nem os recados deixados na Câmara.
Sem justificativa
Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, "se
há superfaturamento, vamos
investigar. Não podemos tolerar que haja alguma violação das leis brasileiras".
Especialistas em tributação ouvidos pela Folha reagiram com indignação à afirmação de Smith. "Carga tributária elevada não é razão
para cometer crimes tributários", disse Clóvis Panzarini,
sócio da CP Consultores.
"Fico perplexo com uma
afirmação absurda e sem lógica como essa. Seria como
que sancionar uma ilegalidade -no caso, subfaturamento- como pretexto para justificar a carga tributária elevada", disse Everardo Maciel, ex-secretário da Receita
Federal no governo FHC.
Colaborou a Reportagem Local
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