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Empresários dizem que a crise já reduz negócios
São apontados como impacto o crédito limitado e o ritmo menor de alta das vendas
Montadoras e fabricantes de eletroeletrônicos já anunciam férias coletivas; alta do câmbio tem levado
a mudanças de planos
CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
A crise internacional já chegou ao dia-a-dia das empresas
no Brasil. Muitas delas recusam-se a divulgar o impacto
nos negócios, mas as que o fazem são unânimes em um ponto: falta crédito, se não para
elas, para seus fornecedores,
clientes e consumidores finais.
O impacto é a redução nos
negócios que, em casos extremos, resultam em anúncios de
férias coletivas, como foi feito
por montadoras e fábricas de
eletroeletrônicos. A alta de
35% no câmbio, desde o início
de agosto, tem levado empresas
a rever projeções e planos.
Empresas beneficiadas pelo
sistema tributário da Zona
Franca de Manaus começam a
anunciar, além de férias, cortes.
Mesmo assim, os níveis de emprego mantêm-se em alta.
Segundo a Fiesp, o emprego
na indústria aumentou 0,48%
em setembro em relação ao
mês anterior. "Quando a economia se desacelera, primeiro
as empresas reduzem horas extras e dão férias coletivas e, só
depois, demitem", diz Paulo
Francini, diretor do Depecon
(Departamento de Pesquisas e
Estudos Econômicos) da Fiesp.
Para ele, emprego não é precursor de crise, é conseqüência.
"Quem vai mostrar antes o efeito [da crise] será o INA [Indicador de Nível de Atividade]. Há
uma defasagem média de quatro meses entre um e outro."
Porém, além da ameaça de
desemprego, o consumidor já
tem sentido o aumento das taxas cobradas por empréstimos.
Segundo a Serasa, a inadimplência dos consumidores cresceu 7,6% entre janeiro e setembro na comparação com o mesmo período de 2007.
Para os técnicos da empresa
de análise de crédito, o resultado reflete a piora da capacidade
de pagamento dos consumidores e o maior endividamento,
sobretudo em linhas de crédito
mais caras, como cheque especial e cartão de crédito.
Tais dificuldades têm feito
com que empresários passassem a observar mais cuidadosamente e a tomar decisões no
curto prazo, adaptando-se às
mudanças. "Não estou pessimista, mas sim cauteloso", diz
Roland de Bonadona, diretor-geral da Accor Hotels.
João Pessoa Jorge, presidente da Sonae Sierra, diz que as
vendas nos shoppings que administra caíram nos últimos
dois meses, mas que continuam em forte alta no ano. Já
Geraldo Ferreira, diretor-geral
da empresa de papel e celulose
APP, vê possibilidade de oportunidades na crise.
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