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VIZINHO EM CRISE
Carta de compromisso apóia o acordo e sugere novas datas para a eleição que indicará o novo governo
Duhalde obtém apoio para acordo com FMI
MARCELO BILLI
DE BUENOS AIRES
O presidente da Argentina,
Eduardo Duhalde, conseguiu ontem construir o pacto político de
apoio ao acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
O pacto era uma das principais
exigências dos técnicos do Fundo. Depois de dois dias de reuniões, o presidente, os governadores e líderes políticos assinaram uma carta de compromisso
que, além do apoio ao acordo
com o FMI, sugere novas datas
para o cronograma eleitoral que
definirá o novo governo.
A carta aborda praticamente todos os tópicos em que ainda havia
alguma divergência entre o FMI e
os negociadores argentinos. Os
políticos se comprometem a
apoiar os acordos já existentes e
os que vierem a ser assinados, a
acelerar a votação do orçamento
de 2003 e a adotar outras medidas
recomendadas pelo Fundo.
Mais: os governadores fizeram
um acordo para votar o cronograma eleitoral, que está emperrado no Congresso. As eleições
para presidente se realizariam em
27 de abril e, caso haja segundo
turno, em 18 de maio.
A incerteza eleitoral é uma das
preocupações do Fundo. "Decidimos acabar com a incerteza fazendo com que a população saiba
quando se realizarão as eleições",
disse Duhalde.
Foi a segunda vez que os políticos do país emitiram um documento como o que foi divulgado
ontem. Há seis meses, uma carta
com 14 pontos já havia sido assinada, mas o acordo com o FMI
acabou não sendo fechado.
Pagar pelo acordo
Para conseguir o apoio das Províncias, Duhalde comprometeu-se a arcar com todo o custo da redução do IVA (Imposto sobre
Valor Agregado).
A medida foi anunciada na semana passada e é uma tentativa
do ministro Roberto Lavagna
(Economia) de dar combustível
para a recuperação de alguns setores da economia que dão sinais
de que pararam de encolher.
A expectativa da equipe econômica é que a redução de impostos
seja repassada para os preços e
permita o aumento das vendas no
varejo. A medida não agrada aos
técnicos do Fundo e foi anunciada no mesmo dia em que o governo argentino tornou pública a decisão de não pagar um empréstimo de US$ 805 milhões do Banco
Mundial.
A redução do imposto deveria
diminuir a arrecadação das Províncias, mas Duhalde aceitou arcar com os custos da medida para
diminuir qualquer resistência dos
governadores à construção do
pacto político pedido pelo FMI.
Na carta, os políticos comprometem-se a acelerar a votação do
orçamento do próximo ano, que
já incluirá todos os ajustes exigidos pelo Fundo. Ou seja, o orçamento irá prever superávit fiscal
de 2,5% do PIB.
As Províncias concordariam
também em não criar nenhuma
lei que retardasse a execução de
dívidas. Uma lei federal suspendeu todas as execuções, e hoje os
bancos não podem tomar bens
que foram dados como garantia
em empréstimos.
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