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SETOR ELÉTRICO
Segundo ministra, relações com Lessa "são as melhores possíveis"
Dilma nega ter criticado o BNDES
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
A ministra Dilma Rousseff, das
Minas e Energia, negou ontem
que tenha críticas à atuação do
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) no setor elétrico.
Em entrevista à Folha, Rousseff
disse que as relações do seu ministério com o banco de fomento
"são as melhores possíveis". "Na
minha área, o BNDES fez duas
coisas fundamentais: o programa
de capitalização das distribuidoras de energia e deu uma solução
para a dívida da AES", disse ela.
A ministra participa, nos EUA,
de encontros com empresários do
setor energético.
Em agosto, o banco aprovou
um programa para financiar metade da dívida de curto prazo das
24 distribuidoras de energia com
um desembolso de R$ 3 bilhões.
No início de setembro, o BNDES
fechou acordo preliminar para
reestruturar a dívida de US$ 1,2
bilhão que a empresa norte-americana AES, controladora da Eletropaulo, tem com o banco.
Cerca de US$ 600 milhões serão
convertidos em ações da empresa
(o que representa 50% de seus ativos no país). Outros US$ 600 milhões serão refinanciados.
A AES pegou empréstimos do
BNDES para comprar empresas
de energia durante a privatização
do setor. Mas parou de pagá-los
em janeiro, alegando prejuízos.
Ontem, a Folha informou, com
base em informações fornecidas
pela cúpula do governo, que a ministra estaria descontente com a
forma com a qual o BNDES concedeu dois empréstimos a empresários espanhóis e portugueses do
setor elétrico.
A ministra negou essa informação e disse estar "indignada" com
sua publicação.
Em um desses projetos, o
BNDES está liderando um grupo
de bancos no financiamento de
R$ 670 milhões para a retomada
das obras da usina de Peixe Angical, no Estado do Tocantins, pelo
grupo português EDP em parceria com Furnas. "A retomada dessa obra é fundamental, ela vai gerar 450 megawatts de potência. É
estarrecedor alguém dizer que
sou contra isso", afirmou.
Segundo Rousseff o setor elétrico vive um momento de retomada dos investimentos e o BNDES
tem desempenhado um papel importante nesse processo.
O banco aprovou no mês passado o financiamento de R$ 619,8
milhões para a construção da usina de Campos Novos, em Santa
Catarina.
O banco está financiando 48%
do valor total do projeto, que está
sendo tocado pela CPFL Geração,
Copel Participações, a gaúcha
CEE e a catarinense Celesc.
Outras duas usinas hidrelétricas
-Barra Grande e Ceran- no Sul
do país também estão recebendo
recursos do BNDES.
A ministra disse que esses financiamentos não passam pelo
ministério. "Mas sempre externamos nossa preocupação ao banco
sobre a necessidade de financiamentos de longo prazo para o setor", afirmou Rousseff.
A ministra teve ontem um encontro com o secretário da Energia dos Estados Unidos, Spencer
Abraham, e com investidores
americanos dos setores de petróleo, gás e energia elétrica, em Boston. O encontro foi patrocinado
pelo Departamento de Energia
dos EUA.
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