São Paulo, domingo, 19 de novembro de 2006

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CSN pode enfrentar batalha pela Corus

Benjamin Steinbruch diz estar "firme na aquisição" e ser melhor opção para européia; Tata pode elevar oferta feita em outubro

Empresa brasileira afirma que pequena parcela do dinheiro para o negócio virá do próprio caixa; mercado teme endividamento maior

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A indiana Tata Steel começou a analisar ontem qual será o próximo passo depois da oferta da empresa brasileira CSN para a compra da siderúrgica anglo-holandesa Corus, na qual também está interessada.
Um dos principais jornais indianos de negócios afirmou que a empresa planeja melhorar sua proposta nesta semana. Questionado sobre a hipótese de uma batalha de preços com a Tata, Benjamin Steinbruch, presidente da CSN, se negou a comentar valores.
"Estamos firmes na aquisição e, com todo o respeito à Tata, temos melhores e maiores condições de complementaridade dos negócios com a Corus", disse Steinbruch, que está em Londres, na Inglaterra, e participou de uma teleconferência com jornalistas.
Na sexta-feira, a empresa brasileira tornou pública uma oferta de compra da concorrente equivalente a 4,75 libras por ação (US$ 8,99). Se for aceita, o preço da aquisição poderá ultrapassar US$ 8 bilhões (R$ 17,3 bilhões). A Tata fez uma proposta em outubro de 4,55 libras por ação. Caso a oferta brasileira seja vencedora, surgirá o quinto maior grupo siderúrgico mundial. Hoje a CSN está na 49ª posição e a Corus, na oitava.
Segundo Otávio de Garcia Lazcano, diretor financeiro da CSN, uma "pequena parcela" do valor a ser pago pela Corus virá do caixa da siderúrgica, de US$ 1,5 bilhão. O restante virá de bancos credores -estão envolvidos na operação o Barclays, o Goldman Sachs e o BNP Paribas. Há rumores de que as instituições financeiras liberariam até US$ 6 bilhões. A CSN não comenta. "Só posso afirmar que os credores não terão direito ao fluxo de caixa da CSN no Brasil, só ao da empresa na Europa". diz Lazcano. Na sexta-feira, as ações da CSN caíram 4,25% por conta do risco de elevação da dívida.
Enquanto a Tata discute a possibilidade de aumentar a sua oferta, a CSN começa a ter acesso amanhã a mais dados operacionais e financeiros da empresa européia. A intenção é verificar se realmente a Corus é interessante à CSN -a empresa brasileira pode desistir do negócio após avaliar as informações. "Acho que ficaremos de duas a três semanas vendo isso", disse Steinbruch.
Com a aquisição, a CSN quer ganhar escala, em um momento em que as siderúrgicas no mundo estão com poder de barganha cada vez menor, espremidas entre um número pequeno de fornecedores de insumos e um limitado mercado de compradores de aço.
A CSN corre o risco de perder a chance de comprar outra empresa em que estava interessada, a norte-americana Wheeling-Pittsburgh.
Na sexta-feira, o conselho de administração da Pittsburgh elegeu novos membros e, entre eles, há vários nomes de executivos favoráveis à venda da companhia para a também americana Esmarck.
"Fica um pouquinho mais complicado para nós agora", afirma Steinbruch.


Com agências internacionais


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