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FolhaInvest
Aplicação protegida na Bolsa não engrena
POP, investimento que reduz impacto de desvalorização de ações, registra só 39 negócios em outubro, contra 249 no mês de estréia
Contrapartida é que, quando ações sobem, investidor
tem de abrir mão de parcela
do lucro; analistas creditam
desinteresse à alta da Bolsa
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Neste seu primeiro ano, o
POP (Proteção do Investimento com Participação) não conseguiu engrenar. O produto financeiro lançado pela Bovespa
com a promessa de amenizar as
perdas decorrentes de possíveis desvalorizações no mercado acionário tem tido baixíssima movimentação -exatamente em um momento em
que o investidor pessoa física
tem procurado de forma crescente a Bolsa para aplicar.
O produto foi lançado com
estardalhaço em fevereiro,
também o mês em que mais foi
negociado. Naquele período,
foram feitos 249 negócios com
o POP. Mas, de lá para cá, esse
já baixo número de operações
tem diminuído: em outubro, foram fechados só 39 negócios
com o produto financeiro.
No mesmo período, o número de operações feitas na Bolsa
aumentou consideravelmente,
atingindo novo recorde em outubro, quando foram realizadas
4,29 milhões movimentações
-crescimento de 85% em comparação com fevereiro.
Analistas apontam alguns fatores para explicar a falta de interesse pelo POP. A boa fase
que atravessa a Bolsa de Valores de São Paulo é um deles,
pois a vantagem do POP aparece nos momentos de queda do
mercado. Também tem havido
um crescente interesse do brasileiro em comprar diretamente as ações, como mostram o
aumento do volume negociado
pelo investidor de varejo na
Bolsa de Valores e os recordes
alcançados pelo "home broker"
(sistema de negociação de
ações via internet).
"A Bolsa vive um momento
de ganhos fortes. Com isso, as
pessoas têm optado mais por
comprar diretamente as ações
do que aplicar em um POP e ter
de abrir mão de parte de seu lucro", avalia Luiz Roberto Monteiro, assessor de investimentos da corretora Souza Barros.
O POP foi lançado com o intuito de atrair mais investidores de varejo para o mercado
acionário, prometendo menos
riscos de perdas do que o embutido em operações de compra direta de uma ação. Ele se
utiliza de sofisticadas operações no mercado acionário
(chamadas de "opções") e dessa
forma consegue diminuir o impacto das quedas das ações. Assim, é indicado ao investidor
que quer aplicar em Bolsa de
Valores mas que tem medo das
oscilações típicas desse segmento do mercado.
O produto protege uma parcela, que oscila normalmente
entre 70% e 80% do aplicado,
das eventuais quedas da Bolsa.
Se alguém compra uma determinada ação e ela cai 20%, terá
de aceitar essa perda. Já quem
comprou um POP dessa ação
sofrerá apenas com o impacto
de uma parcela dessa queda.
Mas há uma contrapartida a
essa proteção: quando a ação
sobe, o investidor tem de abrir
mão de uma parcela de seu lucro, que beneficiará quem negociou o POP com ele.
"Acho que investir direto em
ação é muito mais atrativo.
Com o mercado bom, a tendência é as pessoas quererem buscar as maiores chances de lucrar com a ação diretamente.
Quem não quer correr muito
risco é que investe em um
POP", diz o diretor da corretora
Ágora Álvaro Bandeira.
Há ofertas de POP apenas para as ações de maior liquidez da
Bovespa, como Petrobras, Vale
do Rio Doce, Bradesco, Itaú,
Companhia Siderúrgica Nacional, Telemar e AmBev.
As operações com o POP têm
girado uma média mensal de
R$ 4,5 milhões. Nas operações
normais na Bovespa, o investidor pessoa física tem movimentado por mês uma média
de R$ 22,1 bilhões neste ano.
Registros da CBLC (Companhia Brasileira de Liquidação
de Custódia) mostram que
atualmente há mais de 310 mil
contas de investidores pessoa
física -um salto de 21,5% em
comparação aos 255 mil que
havia no fim do primeiro semestre deste ano.
Período de ganhos
Apesar de suas oscilações
constantes, a Bovespa registra
valorização acumulada de
45,28% em 2007 -melhor resultado anual desde os 97,3%
verificados em 2003.
Dessa forma, o POP terá mais
chances de testar seu apelo junto ao público se o mercado acionário encarar um período mais
turbulento.
No triênio 2000-2001-2002,
por exemplo, a Bovespa amargou perdas. Em 1998, o POP
também teria um terreno mais
propício para mostrar seu potencial: a Bolsa paulista teve
perdas acumuladas de 33,4%
naquele ano.
"Estamos em uma fase em
que a Bolsa está se transformando na vedete dos investimentos", afirma Monteiro, da
corretora Souza Barros.
A renda fixa, que paga juros e
é a maior categoria de fundos
do mercado, registra neste ano
rentabilidade média acumulada de apenas 10%.
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