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Socorro a montadoras emperra nos EUA
Setor pressiona congressistas, mas aprovação de pacote de ajuda pelo Congresso poderá ficar para sessão extra em dezembro
Para CEO da GM, se socorro de US$ 25 bilhões para o setor não sair, 3 milhões de trabalhadores americanos vão perder seus empregos
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Apesar de seus depoimentos
apocalípticos, os dirigentes das
três principais montadoras
americanas encontraram resistência no Congresso em seu
primeiro dia de romaria por
uma ajuda financeira de US$ 25
bilhões para o setor.
Relatos de políticos de ambos
os partidos majoritários dão
conta de que a aprovação do pacote pode ficar para sessão extraordinária em dezembro, se
sair. Se a ajuda não for aprovada, advertiu Rick Wagoner,
CEO da GM, 3 milhões de empregos serão perdidos e o governo dos EUA deixará de arrecadar US$ 156 bilhões.
"Não estamos falando só de
Detroit, mas de salvar a economia dos Estados Unidos de um
colapso catastrófico", disse
Wagoner, em depoimento ontem no Senado. "O total da destruição econômica excederá
muito o auxílio do governo de
que a nossa indústria precisa."
Os democratas apóiam a inclusão da ajuda num novo pacote de estímulo fiscal de mais
de US$ 100 bilhões, sendo discutido agora, ou a utilização para esse fim de parte dos US$
700 bilhões já aprovados, desde
que o empréstimo traga embutidas salvaguardas como restrição a bônus de executivos de
empresas auxiliadas.
Já republicanos são contra
qualquer tipo de ajuda e acham
que uma série de concordatas
pode ajudar o setor, como ocorreu com a indústria aérea nos
anos 90. Houve críticas mesmo
entre os democratas. GM, Ford
e Chrysler "buscam tratamento
para ferimentos que, em larga
medida, eles próprias se submeteram", disse o senador democrata Christopher Dodd.
O setor automotivo dos EUA
é o mais recente da chamada
"economia real" a sofrer a contaminação da crise financeira.
No caso de Detroit, à queda recorde no consumo somou-se a
falta de crédito na praça e uma
indústria que críticos chamam
de obsoleta, beneficiada por
protecionismo e com excesso
de salvaguarda trabalhistas.
Ao mesmo tempo, nos cálculos da governadora do Michigan, onde estão as sedes da GM,
da Ford e da Chrysler, um em
cada dez empregos norte-americanos vem da indústria ou está conectado a ela. Deixar as
empresas quebrar aumentaria
ainda mais a taxa de desemprego do país, hoje em 6,9%. É por
esse motivo, diz o presidente
eleito, Barack Obama, que um
pacote de resgate é necessário.
Pela manhã, em depoimento
na Câmara dos Representantes, o secretário do Tesouro,
Henry Paulson, voltou a negar
o uso do pacote de US$ 700 bilhões para ajudar o setor. A verba "não é a panacéia para todas
as nossas dificuldades econômicas", disse.
O secretário afirmou ser a favor de ajuda do Congresso para
o setor, mas diz que ela deveria
vir via Departamento de Energia. A posição foi confirmada
logo depois pela porta-voz da
Casa Branca. "Não achamos
que os contribuintes devam ser
convocados a jogar dinheiro
numa companhia que não consegue provar que tem um plano
de longo prazo para o sucesso",
disse Dana Perino.
A administração Bush sustenta que já há dinheiro para as
montadoras num pacote de
US$ 25 bilhões aprovado para
que modernizem sua linha de
montagem no tocante a consumo de combustível. Para a Casa
Branca, o pacote pode ser
emendado para que o dinheiro
seja usado para outros fins.
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