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Governo taxa ações brasileiras no exterior para conter fuga
Objetivo é equilibrar custos na Bolsa de SP e de NY, após IOF ter reduzido competitividade do mercado paulista
Medida atende a pedido da BM&FBovespa após perda de negócios e, segundo Ministério da Fazenda, não busca elevar arrecadação
SHEILA D'AMORIM
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um mês depois de taxar a entrada de capital externo em investimentos na Bolsa de Valores e em renda fixa, o governo
anunciou ontem nova medida
para tributar investidores estrangeiros. A partir de hoje, as
operações de emissão de DRs
(recibos de ações brasileiras
negociados no exterior) serão
taxadas com alíquota de 1,5%
de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
A cobrança valerá só para novas emissões e é uma tentativa
do governo de desestimular a
emissão desses papéis, que servem para permitir que o investidor compre ações brasileiras
sem ter que vir para o Brasil.
Hoje, empresas com ações na
Bolsa de São Paulo e de Nova
York têm mais negócios na
americana que na brasileira.
Com a nova tributação, as
operações com DRs deverão ter
custo semelhante ao do estrangeiro que optar entrar no país
para adquirir a ação. "Queremos evitar que haja uma migração das operações na Bolsa aqui
para os mercados estrangeiros", disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Para escapar da cobrança de
2% de IOF, investidores optaram ainda mais pelas ações no
exterior. Apesar desse diagnóstico, a Fazenda não disse qual o
volume de negócios que migrou. O maior movimento de
negociação desse tipo de título
é no mercado americano, onde
levam no nome de ADR.
No final de outubro, o presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, pediu a Mantega que
retirasse a taxação das operações na Bolsa, justamente porque a medida já estava provocando o redirecionamento de
aplicações para Nova York.
A nova taxação será realizada
no momento da emissão da DR,
quando a empresa no Brasil
que quer vender os recibos lá
fora tem que depositar a ação
que lastreia as operações num
banco custodiante no Brasil.
Esse custo será repassado para
o comprador do papel.
Um decreto deverá ser publicado no "Diário Oficial da
União" de hoje oficializando a
medida. Segundo o secretário
de Política Econômica, Nelson
Barbosa, os registros efetuados
no dia de hoje já serão taxados.
Ele não quis fazer estimativa de
arrecadação. "Não há expectativa de arrecadação. Essa é uma
medida regulatória que desestimula as novas emissões de
DRs", afirma. Segundo ele, a
medida também não terá um
impacto direto no câmbio. "O
objetivo é tornar mais eficiente
o IOF-câmbio e não segurar a
cotação", disse.
Barbosa insiste que a medida
não é uma nova intervenção no
mercado cambial, apenas "corrige uma distorção e aumenta a
eficácia da medida anterior".
Isso porque, disse ele, deverá
fechar brechas que havia com a
tributação original do IOF para
operações em Bolsa.
IOF
Mantega afirmou ontem que
o governo considera "positivo"
o resultado alcançado com taxação de 2% de IOF sobre os investimentos estrangeiros em
Bolsa e em renda fixa. Segundo
o ministro, a medida não tinha
o objetivo de evitar a valorização do real, mas, sim, atenuar o
excesso de apreciação da moeda nacional.
Na avaliação do Ministério
da Fazenda, o efeito esperado
foi alcançado. "A partir de 1º de
setembro, o dólar estava desvalorizando rapidamente. No dia
19 de outubro [data do anúncio
da tributação], a cotação estava
em R$ 1,71. De lá para cá, observamos flutuações, mas hoje está no mesmo patamar, coincidentemente em R$1,71", justificou o ministro
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