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Sem licença, leilão da usina de Belo Monte fica para 2010
Licitação de hidrelétrica, que seria realizada em 21 de dezembro, é adiada para janeiro
Investidores interessados
no leilão contestam prazos
estipulados pelo governo e
estimam gerar energia até
dois anos depois do previsto
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para os investidores interessados no leilão da hidrelétrica
de Belo Monte, os prazos estabelecidos pelo governo são inviáveis. De acordo com as metas do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), a usina fica pronta em abril de 2014.
Os interessados na obra
acham que só conseguem gerar
energia depois disso: as projeções variam de dezembro de
2014 a março de 2016. Inicialmente marcado para 21 de dezembro, o leilão foi adiado para
janeiro por falta de licença ambiental prévia para as obras, segundo o secretário-executivo
do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann
Belo Monte, no rio Xingu
(PA), é a principal licitação da
área de infraestrutura para este
ano. O governo estima que sejam necessários R$ 16 bilhões
para construir a usina, com capacidade de gerar 11.333 MW.
A julgar pelas contribuições
feitas no processo de consulta
pública do edital, os interessados são os mesmos grupos de
sempre: Odebrecht, Furnas,
Suez, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Cemig. Também fizeram contribuições
fundos de pensão (Funcef) e de
investimento (FI-FGTS) e
grandes empresas, como a Vale.
A estratégia do governo para
o leilão deverá ser parecida
com o que já foi feito nas usinas
do rio Madeira. As estatais da
Eletrobrás vão se associar a
grupos privados e formar consórcios. Vence quem se propuser a cobrar menos pela energia, respeitado um preço-teto.
Segundo a Folha apurou, Belo Monte é um empreendimento considerado menos rentável
que a hidrelétrica de Santo Antônio, no Madeira. Por essa razão, o mercado espera um preço-teto de, no mínimo, R$ 140
por MWh (megawatt-hora),
quase duas vezes maior do que
o resultado do leilão da hidrelétrica de Jirau (rio Madeira).
Zimmermann disse que a expectativa é que a licença prévia
ambiental seja liberada pelo
Ibama ainda neste mês.
O posicionamento dos interessados em relação aos prazos
foi feito por escrito à Aneel
(Agência Nacional de Energia
Elétrica) durante o processo de
consulta pública do edital.
De acordo com o grupo Suez,
vencedor da licitação da usina
de Jirau, "é impraticável o início da geração comercial em
2014, para uma obra desse porte". Na avaliação da empresa,
para que essa meta fosse possível, as obras teriam que começar no período seco de 2010, o
que é considerado "inviável".
Na avaliação do grupo, mesmo o começo em 2011 só é possível com um cronograma
"apertado". Suez propõe que o
início da geração seja postergado para 2016.
Para a Camargo Corrêa, "em
hipótese otimista o início das
obras só poderá ocorrer em novembro de 2010". Dessa forma,
haveria atraso de 11 meses no
início da operação comercial.
Isso exporia os investidores a
ter que honrar o compromisso
de geração, comprando energia
no mercado de curto prazo.
Para a Andrade Gutierrez, o
início do suprimento poderia
acontecer em dezembro de
2014, mas a casa de força principal só estaria operacional em
março de 2016. A Cemig manifestou opinião semelhante, informando que, na sua projeção,
as obras só deverão ocorrer no
período seco de 2011 e, portanto, a casa de força secundária
estaria em operação em 2015, e
a principal, em 2016.
Colaborou a Folha Online, de Brasília
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