|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BNDES destinará
R$ 500 mi para financiar cultura
Financiamento inclui filmes, espetáculos teatrais, de dança e circenses, shows, livrarias e editoras
CAIO BARRETTO BRISO
DA SUCURSAL DO RIO
O BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Social) vai
lançar, na próxima quarta-feira, o Programa para o Desenvolvimento da Economia da
Cultura. Versão ampliada do
atual Procult (Programa de
Apoio à Cadeia Produtiva do
Audiovisual) -criado em 2006
com orçamento de R$ 178 milhões só para produções cinematográficas-, o projeto irá
destinar no mínimo R$ 500 milhões para financiar filmes, espetáculos teatrais, de dança e
circenses, shows, livrarias, editoras, indústria fonográfica e
até jogos eletrônicos.
As produções culturais do
país serão beneficiadas por juros de 1% ao ano (para pequenas empresas) e 2% ao ano (para grandes). O valor exato do
orçamento -e também o teto
de financiamento por projeto,
além dos percentuais da verba
que serão destinados ao financiamento e ao patrocínio (sem
reembolso, opção válida apenas
para filmes)- será divulgado
na quarta-feira, no Rio de Janeiro, pelo presidente do banco
estatal de fomento, Luciano
Coutinho, e pelo ministro da
Cultura, Juca Ferreira.
A princípio, o BNDES informou à Folha, ontem, em três
conversas por telefone, via assessoria, que o programa não
contemplaria as artes cênicas,
"pois o banco não quer se arriscar com uma arte que não é industrial, como o cinema, e não
tem retorno garantido. Nunca
lidamos com teatro e continuaremos assim".
O jornal, então, ouviu três
pessoas da classe teatral: a atriz
Marília Pêra ("O teatro é assim
mesmo, coitadinho, sempre caminha solitário. Já não tenho
mais vontade de produzir nada,
a burocracia é imensa"), o presidente da Associação dos Produtores de Teatro do Rio de Janeiro, Eduardo Barata ("Fico
muito triste que o teatro, arte
primeira onde nascem os grandes profissionais do cinema,
esteja fora dessa oportunidade"), e a presidente da Associação dos Produtores de Espetáculos Teatrais de São Paulo, Sonia Guedes ("É uma perda para
a cultura do país o teatro não
receber o apoio do BNDES").
Às 16h30, no entanto, a assessoria do BNDES procurou a
Folha para dizer, sem uma explicação clara, que cometeu um
engano: não só o teatro poderá
receber verba mas espetáculos
de dança e de circo. "Que bom
que o BNDES se enganou", disse Marília Pêra.
O BNDES estará aberto para
receber projetos interessados
em financiamento. Cada projeto será analisado por uma comissão de técnicos do Departamento de Cultura, Entretenimento e Turismo do BNDES,
todos concursados.
Já para o edital de patrocínio
(no qual poderão concorrer só
produções cinematográficas),
que será aberto em janeiro, será montada comissão externa
de especialistas em cinema.
Texto Anterior: Lula deve vetar projetos sobre aposentados Próximo Texto: Mídia: 74% dos americanos adultos leem jornais, revela estudo Índice
|