São Paulo, terça-feira, 19 de dezembro de 2006

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Agrofolha

Safrinha de milho no país terá área recorde em 2007

Plantações nas regiões centro-sul, Norte e Nordeste devem atingir 3,7 mi de hectares

Se área for confirmada, agência prevê colheita de 11,6 milhões de toneladas, superando os 9,9 milhões de toneladas deste ano

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

O Brasil deverá ter, em 2007, a maior área de milho safrinha da história: 3,3 milhões de hectares na região centro-sul. Somada ao plantio do Norte e do Nordeste, a área deverá atingir 3,7 milhões de hectares, recorde para o período, segundo estimativas da Agência Rural, de Curitiba (PR).
A safrinha, plantada no período de inverno e inicialmente apenas como uma segunda opção de safra de milho, passou a ter grande importância no abastecimento interno nos últimos anos.
O avanço da produção de soja na última década se deu em cima da área de milho, já que os dois produtos disputam a mesma área de plantio no verão. O produtor, aos poucos, fez a "transferência" da área de milho para a de soja.
Com menor área no verão, o plantio de milho passou a se concentrar mais no inverno. No início dos anos 90, a área destinada à safrinha era de apenas 800 mil hectares; em 2006, saltou para 3,3 milhões.
Se confirmada, a área prevista pela Agência Rural para ser semeada na safrinha de 2007 deverá render 11,6 milhões de toneladas -9,9 milhões neste ano. Mas, mesmo com maior área e maior produção, o mercado está apreensivo com o abastecimento e com os preços.
As preocupações do setor procedem. Segundo Fernando Muraro, diretor da Agência Rural, "2007 será o ano do milho". Há uma mudança de estrutura no cenário mundial e, com isso, a rentabilidade do produtor será maior e os preços vão manter valores elevados.

Espaço para exportação
Essa mudança de cenário externo já influencia o mercado brasileiro. Há uma antecipação de vendas. Só os produtores de Mato Grosso anteciparam vendas de 600 mil toneladas, ao preço de US$ 4 a US$ 5 por saca. No país, as vendas antecipadas somam 1 milhão de toneladas e boa parte já tem como destino o mercado externo.
O mercado de milho tem como parâmetro os Estados Unidos, responsáveis por 40% da produção e por 70% das exportações mundiais. Com o avanço da produção de etanol nos Estados Unidos, os norte-americanos vão dar menos importância às exportações, sobrando espaço para o Brasil.
Na avaliação de Muraro, os preços externos do milho vão se manter elevados, próximos de US$ 3 por bushel (25,4 quilos), podendo até ser maiores, dependendo da safra nos Estados Unidos. Com isso, as exportações brasileiras poderão chegar a 5 milhões de toneladas no próximo ano, segundo ele.
Os preços internacionais do milho tiveram aumento de 80% nos últimos 12 meses e se mantêm no segundo maior patamar da história, perdendo apenas para as cotações de 1996.
Naquele ano, devido à redução dos estoques para apenas 5% do consumo, o bushel chegou a US$ 5. Atualmente, os estoques estão em 8% nos EUA.

Cenário favorável
Muraro diz que está dando tudo certo para o plantio de uma safrinha recorde. Houve a antecipação no plantio da soja, devido às condições climáticas mais favoráveis neste ano, o que vai garantir uma safra antecipada. Com isso, os produtores terão "uma janela" maior para fazer o plantio do milho safrinha, optando pelo período mais adequado.
O diretor da Agência Rural destaca, ainda, que a comercialização antecipada e a garantia de preços futuros são outros incentivos ao plantio de milho no período de inverno.
O Paraná é o líder em área a ser plantada na safrinha. Nas estimativas da Agência Rural, os paranaenses vão semear 1,2 milhão de hectares em 2007; os mato-grossenses, 1 milhão. Os maiores crescimentos em áreas plantadas ficam para Paraná e Goiás -em torno de 20%.
Em Goiás, se os custos de produção não subirem mais e os preços permanecerem próximos de R$ 17 a R$ 18 por saca, o plantio pode crescer 30%, segundo Muraro.
Os preços do milho passaram por um acerto, após tendência de alta desde setembro. Mesmo com esse recuo, os valores ainda são favoráveis aos produtores e representam novos custos para produtores de carnes. Na avaliação de Muraro, esse setor certamente sofrerá os efeitos da alta do milho, podendo os custos serem repassados para o consumidor final.
Em Campinas (SP), onde a saca de milho chegou a R$ 26, o melhor patamar desde fevereiro de 2003, os negócios ocorrem atualmente a R$ 25,30.
Em Paranaguá (PR), a saca está a R$ 20,50, com queda de 5% em duas semanas, mas com alta de 52% em 12 meses.


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