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Agrofolha
Safrinha de milho no país terá área recorde em 2007
Plantações nas regiões centro-sul, Norte e Nordeste devem atingir 3,7 mi de hectares
Se área for confirmada, agência prevê colheita de 11,6 milhões de toneladas, superando os 9,9 milhões de toneladas deste ano
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
O Brasil deverá ter, em 2007,
a maior área de milho safrinha
da história: 3,3 milhões de hectares na região centro-sul. Somada ao plantio do Norte e do
Nordeste, a área deverá atingir
3,7 milhões de hectares, recorde para o período, segundo estimativas da Agência Rural, de
Curitiba (PR).
A safrinha, plantada no período de inverno e inicialmente
apenas como uma segunda opção de safra de milho, passou a
ter grande importância no
abastecimento interno nos últimos anos.
O avanço da produção de soja
na última década se deu em cima da área de milho, já que os
dois produtos disputam a mesma área de plantio no verão. O
produtor, aos poucos, fez a
"transferência" da área de milho para a de soja.
Com menor área no verão, o
plantio de milho passou a se
concentrar mais no inverno.
No início dos anos 90, a área
destinada à safrinha era de apenas 800 mil hectares; em 2006,
saltou para 3,3 milhões.
Se confirmada, a área prevista pela Agência Rural para ser
semeada na safrinha de 2007
deverá render 11,6 milhões de
toneladas -9,9 milhões neste
ano. Mas, mesmo com maior
área e maior produção, o mercado está apreensivo com o
abastecimento e com os preços.
As preocupações do setor
procedem. Segundo Fernando
Muraro, diretor da Agência Rural, "2007 será o ano do milho".
Há uma mudança de estrutura
no cenário mundial e, com isso,
a rentabilidade do produtor será maior e os preços vão manter
valores elevados.
Espaço para exportação
Essa mudança de cenário externo já influencia o mercado
brasileiro. Há uma antecipação
de vendas. Só os produtores de
Mato Grosso anteciparam vendas de 600 mil toneladas, ao
preço de US$ 4 a US$ 5 por saca. No país, as vendas antecipadas somam 1 milhão de toneladas e boa parte já tem como
destino o mercado externo.
O mercado de milho tem como parâmetro os Estados Unidos, responsáveis por 40% da
produção e por 70% das exportações mundiais. Com o avanço
da produção de etanol nos Estados Unidos, os norte-americanos vão dar menos importância às exportações, sobrando
espaço para o Brasil.
Na avaliação de Muraro, os
preços externos do milho vão
se manter elevados, próximos
de US$ 3 por bushel (25,4 quilos), podendo até ser maiores,
dependendo da safra nos Estados Unidos. Com isso, as exportações brasileiras poderão chegar a 5 milhões de toneladas no
próximo ano, segundo ele.
Os preços internacionais do
milho tiveram aumento de 80%
nos últimos 12 meses e se mantêm no segundo maior patamar
da história, perdendo apenas
para as cotações de 1996.
Naquele ano, devido à redução dos estoques para apenas
5% do consumo, o bushel chegou a US$ 5. Atualmente, os estoques estão em 8% nos EUA.
Cenário favorável
Muraro diz que está dando
tudo certo para o plantio de
uma safrinha recorde. Houve a
antecipação no plantio da soja,
devido às condições climáticas
mais favoráveis neste ano, o
que vai garantir uma safra antecipada. Com isso, os produtores terão "uma janela" maior
para fazer o plantio do milho
safrinha, optando pelo período
mais adequado.
O diretor da Agência Rural
destaca, ainda, que a comercialização antecipada e a garantia
de preços futuros são outros incentivos ao plantio de milho no
período de inverno.
O Paraná é o líder em área a
ser plantada na safrinha. Nas
estimativas da Agência Rural,
os paranaenses vão semear 1,2
milhão de hectares em 2007; os
mato-grossenses, 1 milhão. Os
maiores crescimentos em áreas
plantadas ficam para Paraná e
Goiás -em torno de 20%.
Em Goiás, se os custos de
produção não subirem mais e
os preços permanecerem próximos de R$ 17 a R$ 18 por saca,
o plantio pode crescer 30%, segundo Muraro.
Os preços do milho passaram
por um acerto, após tendência
de alta desde setembro. Mesmo
com esse recuo, os valores ainda são favoráveis aos produtores e representam novos custos
para produtores de carnes. Na
avaliação de Muraro, esse setor
certamente sofrerá os efeitos
da alta do milho, podendo os
custos serem repassados para o
consumidor final.
Em Campinas (SP), onde a
saca de milho chegou a R$ 26, o
melhor patamar desde fevereiro de 2003, os negócios ocorrem atualmente a R$ 25,30.
Em Paranaguá (PR), a saca
está a R$ 20,50, com queda de
5% em duas semanas, mas com
alta de 52% em 12 meses.
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