São Paulo, quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

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Indústria inicia 2008 com baixos estoques

Estimativa da CNI é que nível seja o menor desde 2005 e que tendência é começar ano em ritmo acelerado para recompor oferta

Entidade prevê perda de ritmo ao longo do ano devido a ganho menor com exportação e a menor capacidade do consumidor de se endividar

LUCIANA OTONI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CNI (Confederação Nacional da Indústria) prevê que as indústrias vão iniciar 2008 com os estoques no nível mais baixo desde janeiro de 2005. Devido ao risco de falta de produtos, a tendência é que as empresas comecem o próximo ano em ritmo acelerado para recompor a oferta de mercadorias.
Para atender o comércio, que neste Natal oferece juro baixo em relação a anos anteriores e prazos longos de pagamento, segmentos como os das cadeias automobilística, alimentícia e de fabricação de móveis operam em três turnos e devem cancelar férias coletivas.
Ao fazer um balanço do setor industrial, o presidente da CNI, deputado Armando Monteiro Neto (PTB-PE), destacou que o maior crescimento esperado é para o último trimestre deste ano e que esse efeito vai fazer as fábricas iniciarem 2008 em ritmo embalado. "Há um forte impulso no fim deste ano que irá se transferir para 2008."
Como a entidade projeta para este último trimestre expansão de 5,6% da economia e alta de 6,1% na produção, a avaliação é que 2008 começa com crescimento mínimo de 3,5% para a atividade industrial.
A despeito dessa previsão otimista, a tendência é que o ritmo vá perdendo força nos meses seguintes devido à menor rentabilidade obtida com a exportação e a um certo esgotamento da capacidade de endividamento do consumidor. Enquanto para este ano a CNI estima expansão de 5,3% para a indústria em geral (5,8% para a indústria da transformação), para 2008 a estimativa é de 5%.
A indústria se prepara para o quinto ano seguido de expansão, com a expectativa de ampliar investimento na capacidade instalada e com o anseio de que o mercado interno continue aquecido. Para os economistas José Ronaldo de Souza, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), e André Macedo, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o cenário vai se manter favorável pois, assim como em 2007, também em 2008 a tendência é a ampliação do crédito, o aumento da oferta de trabalho formal e da renda das famílias e a continuidade da queda dos juros nos financiamentos.
O economista-chefe para América Latina do banco ABN e ex-diretor do Banco Central, Alexandre Schwartsman, também salienta que o setor industrial irá ingressar no próximo ano em ritmo acelerado. Para ele, a perspectiva é que a produção se mantenha aquecida e se estabilize nos meses seguintes em patamar elevado em comparação aos anos anteriores.
O risco ao cenário favorável, aponta Schwartsman, seria a ampliação dos investimentos em nível insuficiente para assegurar a capacidade das empresas em atender a demanda sem que haja risco de aumento de preços.
Ao anunciar as perspectivas para 2008, o presidente da CNI descartou risco de pressão inflacionária. Ele, contudo, disse que alguns setores devem aproveitar a não-prorrogação da CPMF para ampliar a margem de lucratividade.


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