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Argentina encolhe 0,3% e entra em recessão
PIB se retrai pelo 2º trimestre seguido;
governo estima queda de 2% no ano
Analistas acreditam que país
já estivesse em recessão
no 4º tri de 2008, pois
dados de instituto oficial
são colocados sob suspeita
DE BUENOS AIRES
A economia da Argentina se
retraiu pelo segundo trimestre
consecutivo e entrou ontem
oficialmente em recessão. O Indec (Instituto Nacional de Estatísticas e Censos) divulgou
que o PIB recuou 0,3% no terceiro trimestre ante o mesmo
período de 2008, depois de ter
encolhido 0,8% nos três meses
anteriores.
O tombo no terceiro trimestre foi ocasionado por contração de 3,6% nos setores produtores de bens. O setor de serviços avançou 1,3%.
A estimativa do Indec para
2009 é de queda de 2% do PIB,
mais otimista do que cálculos
privados. Alguns analistas acreditam que o país tenha entrado
de fato em recessão no último
trimestre de 2008.
Mas só agora, sob a administração Cristina Kirchner, o Indec identificou recessão. O instituto é suspeito de manipular
dados.
Na tentativa de recuperar a
credibilidade do Indec, o ministro da Economia, Amado
Boudou, lançou em julho programa de reformulação interna
do instituto e convocou profissionais do mercado e representantes da academia a compor
um conselho de supervisão.
Embora os números de ontem demonstrem queda do PIB
nos dois últimos trimestres, o
acumulado no ano indica avanço de 0,2%, já que, pelos cálculos do Indec, houve expansão
de 2% no primeiro trimestre.
Os dados da atividade econômica no terceiro trimestre são
predominantemente negativos: as importações caíram
20,7%, e as exportações, 17,4%.
O consumo privado teve redução de 0,7%, e o investimento
bruto, queda de 12,7%.
O governo tentou neutralizar
os números negativos divulgados ontem ao ressaltar outros
índices, como o de que o PIB interanual de novembro aponta
aumento de 4% e o uso da capacidade instalada supera o do
mesmo período de 2008.
O anúncio de que o país está
em recessão alcança o governo
argentino num momento em
que sua gestão econômica está
sob forte questionamento.
O ex-ministro Roberto Lavagna e o ex-presidente do banco central Alfonso Prat-Gay
desferiram nesta semana enfáticas críticas ao anúncio da
criação de fundo de US$ 6,5 bilhões de reservas para garantir
o pagamento da dívida pública
em 2010.
Para os especialistas, isso denota a incapacidade do governo
de manter superavit fiscal e
aponta uma temerária gestão
da economia.
Cristina afirmou que 2009
foi "o ano mais crítico desde
1930", defendeu suas "políticas
anticíclicas" para enfrentar as
dificuldades trazidas pela crise
financeira mundial e afirmou
que 2010 será um ano "muito
bom".
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