São Paulo, sábado, 19 de dezembro de 2009

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Argentina encolhe 0,3% e entra em recessão

PIB se retrai pelo 2º trimestre seguido; governo estima queda de 2% no ano

Analistas acreditam que país já estivesse em recessão no 4º tri de 2008, pois dados de instituto oficial são colocados sob suspeita

DE BUENOS AIRES

A economia da Argentina se retraiu pelo segundo trimestre consecutivo e entrou ontem oficialmente em recessão. O Indec (Instituto Nacional de Estatísticas e Censos) divulgou que o PIB recuou 0,3% no terceiro trimestre ante o mesmo período de 2008, depois de ter encolhido 0,8% nos três meses anteriores.
O tombo no terceiro trimestre foi ocasionado por contração de 3,6% nos setores produtores de bens. O setor de serviços avançou 1,3%.
A estimativa do Indec para 2009 é de queda de 2% do PIB, mais otimista do que cálculos privados. Alguns analistas acreditam que o país tenha entrado de fato em recessão no último trimestre de 2008.
Mas só agora, sob a administração Cristina Kirchner, o Indec identificou recessão. O instituto é suspeito de manipular dados.
Na tentativa de recuperar a credibilidade do Indec, o ministro da Economia, Amado Boudou, lançou em julho programa de reformulação interna do instituto e convocou profissionais do mercado e representantes da academia a compor um conselho de supervisão.
Embora os números de ontem demonstrem queda do PIB nos dois últimos trimestres, o acumulado no ano indica avanço de 0,2%, já que, pelos cálculos do Indec, houve expansão de 2% no primeiro trimestre.
Os dados da atividade econômica no terceiro trimestre são predominantemente negativos: as importações caíram 20,7%, e as exportações, 17,4%. O consumo privado teve redução de 0,7%, e o investimento bruto, queda de 12,7%.
O governo tentou neutralizar os números negativos divulgados ontem ao ressaltar outros índices, como o de que o PIB interanual de novembro aponta aumento de 4% e o uso da capacidade instalada supera o do mesmo período de 2008.
O anúncio de que o país está em recessão alcança o governo argentino num momento em que sua gestão econômica está sob forte questionamento.
O ex-ministro Roberto Lavagna e o ex-presidente do banco central Alfonso Prat-Gay desferiram nesta semana enfáticas críticas ao anúncio da criação de fundo de US$ 6,5 bilhões de reservas para garantir o pagamento da dívida pública em 2010.
Para os especialistas, isso denota a incapacidade do governo de manter superavit fiscal e aponta uma temerária gestão da economia.
Cristina afirmou que 2009 foi "o ano mais crítico desde 1930", defendeu suas "políticas anticíclicas" para enfrentar as dificuldades trazidas pela crise financeira mundial e afirmou que 2010 será um ano "muito bom".


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