São Paulo, sábado, 19 de dezembro de 1998

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DESEMPREGO
Sondagem da Fiesp indica que 96% dos empresários ouvidos planejam cortar vagas ou não contratar em 99
Ford anuncia corte de 2.800 no ABC

Paulo Giandaia - 1.dez.98/Folha Imagem
Clarice Seibel, diretora do departamento de economia da Fiesp


ANTONIO CARLOS SEIDL
ARTHUR PEREIRA FILHO
da Reportagem Local

A Ford Brasil decidiu demitir 2.800 funcionários da fábrica de São Bernardo no dia 4 de janeiro, na volta das folgas de final de ano.
O anúncio foi feito em comunicado divulgado ontem pela montadora. A empresa vai adotar o turno único de trabalho para enfrentar a "redução de demanda".
As demissões representam corte de 41% no número de funcionários da unidade, que conta com 6.800 empregados.
A decisão da Ford reforça as conclusões da sondagem de opinião divulgada ontem pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que prevê aumento do desemprego na indústria em 99.
A Ford informa que os demitidos vão receber "em caráter de estrita liberalidade" uma indenização equivalente a dois salários e meio, além dos direitos trabalhistas.
"A Ford Brasil lamenta ter sido obrigada a adotar essa ação de desligamento, mas acredita que ela é necessária para permitir a viabilidade continuada de sua organização", diz o comunicado.
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Perspectiva sombria
A medida foi tomada, diz a montadora, porque as vendas caíram 40% desde o começo da crise asiática, em 97, e "não está prevista uma recuperação significativa do mercado no futuro próximo."
Segundo a Ford, os demais investimentos montadora no país, entre elas a construção da nova fábrica em Guaíba, no Rio Grande do Sul, não serão afetados.
As perspectivas para o emprego na indústria paulista são sombrias no primeiro semestre de 1999, de acordo com uma sondagem de opinião divulgada pela Fiesp.
Quase a totalidade dos empresários (96%) disseram que, ou planejam não contratar, dando prioridade ao aumento da produtividade (56%), ou planejam cortar empregos para se ajustar ao nível da demanda (40%).
Clarice Seibel, diretora do departamento de economia da Fiesp, disse que o emprego é o "ponto crítico" da sondagem. "A redução do nível de emprego na indústria paulista deve ter continuidade em 1999", afirmou.
Neste ano, a indústria paulista fechou 102.791 postos de trabalho de janeiro a outubro. Esse número, que representa a diferença entre contratações e demissões, é cerca de 32% superior ao total de vagas fechadas no mesmo período de 97.
Apesar da maioria dos empresários (60%) esperar algum crescimento do PIB (Produto Interno Bruto - a soma das riquezas do país), entre um pouco mais de 0% e, pelo menos, 1,5% em 1999, apenas 4% dos entrevistados pretendem aumentar as contratações.
A expectativa dos empresários com relação às vendas é de relativa estabilidade: 46% esperam o mesmo nível de vendas e 26% vendas menores. Apenas 28% esperam vender mais em 99. A sondagem foi realizada na primeira semana de dezembro. Foram ouvidas 416 empresas industriais de São Paulo.



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