São Paulo, Quinta-feira, 20 de Janeiro de 2000


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BASTIDORES

Negócio pode chegar a R$ 1,5 bi

da Reportagem Local

A idéia original era outra. Quando Santander e o banqueiro Júlio Bozano começaram a negociar, no final de 1998, o plano era fazer uma associação entre os dois, que seria liderada pelo banco espanhol. A operação foi arquivada depois da desvalorização do real.
Quando o Santander procurou Bozano outra vez, em setembro de 99, apareceu com outra conversa: queria comprar o Meridional, o banco de varejo de Bozano. Foi o próprio banqueiro, no meio das conversas, quem ofereceu o Bozano, Simonsen, seu banco de investimentos.
Foi um casamento de interesses perfeito. Nos últimos três anos o Santander comprou o controle do Banco Geral do Comércio e do Noroeste e estava procurando uma terceira instituição bancária para anexar no Brasil.
O Santander conversou com vários bancos e ficou muito interessado no Mercantil/Finasa. Seu objetivo é transformar-se na casa bancária mais rentável do país e, por suas contas, para atingir essa meta precisa estar entre os cinco maiores bancos privados do país.
Júlio Bozano, por sua vez, queria sair da área financeira. Fazia tempo que estava preocupado com o futuro de seu banco de investimentos, que depois da invasão das instituições estrangeiras passou a sofrer forte concorrência de potências internacionais como os norte-americanos Morgan Stanley e Merril Lynch.
A Folha apurou que o Bozano, Simonsen foi oferecido a pelo menos duas grandes instituições estrangeiras, uma delas o Chase Manhattan.
Para Bozano, a venda dos bancos significa uma guinada completa em seus planos do passado. Forte em operações refinadas como fusão e reestruturação de empresas e lançamentos de papéis, o banqueiro queria ganhar tamanho na área de varejo.
Comprou o Meridional, privatizado em 1997, e no ano seguinte tentou fisgar também o Bemge, de Minas Gerais, mas perdeu para o Itaú.
Sem escala para competir num mercado agressivo, e sem bala para brigar pelo Banespa, o banqueiro decidiu colocar o Meridional à venda.
O valor da operação entre Santander e Bozano não foi revelado, mas a Folha apurou que deverá ficar entre R$ 1,3 bilhão e R$ 1,5 bilhão. A quantia exata só será definida depois de uma auditoria nas contas do Meridional e do Bozano.
Júlio Bozano não irá receber tudo em dinheiro. Parte do pagamento será feita com ações do banco espanhol. Isso significa que nem todo o dinheiro será trazido já para o Brasil.
O Santander deverá caprichar na auditoria de seu novo negócio. Não porque existam suspeitas em relação aos dois bancos. O problema é um trauma recente. Depois de comprar o Noroeste, em 1998, o os espanhóis do Santander descobriram um desfalque de US$ 240 milhões na contabilidade do banco. O desvio até hoje não foi esclarecido.
(DAVID FRIEDLANDER e RICARDO GRINBAUM)


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