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BASTIDORES
Negócio pode chegar a R$ 1,5 bi
da Reportagem Local
A idéia original era outra.
Quando Santander e o banqueiro Júlio Bozano começaram a negociar, no final de
1998, o plano era fazer uma associação entre os dois, que seria liderada pelo banco espanhol. A operação foi arquivada
depois da desvalorização do
real.
Quando o Santander procurou Bozano outra vez, em setembro de 99, apareceu com
outra conversa: queria comprar o Meridional, o banco de
varejo de Bozano. Foi o próprio
banqueiro, no meio das conversas, quem ofereceu o Bozano, Simonsen, seu banco de investimentos.
Foi um casamento de interesses perfeito. Nos últimos três
anos o Santander comprou o
controle do Banco Geral do Comércio e do Noroeste e estava
procurando uma terceira instituição bancária para anexar no
Brasil.
O Santander conversou com
vários bancos e ficou muito interessado no Mercantil/Finasa.
Seu objetivo é transformar-se
na casa bancária mais rentável
do país e, por suas contas, para
atingir essa meta precisa estar
entre os cinco maiores bancos
privados do país.
Júlio Bozano, por sua vez,
queria sair da área financeira.
Fazia tempo que estava preocupado com o futuro de seu
banco de investimentos, que
depois da invasão das instituições estrangeiras passou a sofrer forte concorrência de potências internacionais como os
norte-americanos Morgan Stanley e Merril Lynch.
A Folha apurou que o Bozano, Simonsen foi oferecido a
pelo menos duas grandes instituições estrangeiras, uma delas
o Chase Manhattan.
Para Bozano, a venda dos
bancos significa uma guinada
completa em seus planos do
passado. Forte em operações
refinadas como fusão e reestruturação de empresas e lançamentos de papéis, o banqueiro
queria ganhar tamanho na área
de varejo.
Comprou o Meridional, privatizado em 1997, e no ano seguinte tentou fisgar também o
Bemge, de Minas Gerais, mas
perdeu para o Itaú.
Sem escala para competir
num mercado agressivo, e sem
bala para brigar pelo Banespa,
o banqueiro decidiu colocar o
Meridional à venda.
O valor da operação entre
Santander e Bozano não foi revelado, mas a Folha apurou
que deverá ficar entre R$ 1,3 bilhão e R$ 1,5 bilhão. A quantia
exata só será definida depois de
uma auditoria nas contas do
Meridional e do Bozano.
Júlio Bozano não irá receber
tudo em dinheiro. Parte do pagamento será feita com ações
do banco espanhol. Isso significa que nem todo o dinheiro será trazido já para o Brasil.
O Santander deverá caprichar na auditoria de seu novo
negócio. Não porque existam
suspeitas em relação aos dois
bancos. O problema é um trauma recente. Depois de comprar
o Noroeste, em 1998, o os espanhóis do Santander descobriram um desfalque de US$ 240
milhões na contabilidade do
banco. O desvio até hoje não foi
esclarecido.
(DAVID FRIEDLANDER e RICARDO GRINBAUM)
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