São Paulo, terça-feira, 20 de janeiro de 2004

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COMÉRCIO EXTERIOR

Comissário europeu se encontra com ministro brasileiro para apresentar nova posição sobre agricultura

Amorim diz estar otimista acerca de negociação na OMC

Sergio Lima/Folha Imagem
O ministro Celso Amorim e o comissário Christopher Patten (UE)


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou que está mais otimista com as negociações comerciais na OMC (Organização Mundial do Comércio), após receber ontem, em Brasília, o comissário de Relações Exteriores da União Européia, Christopher Patten, e uma carta do representante dos EUA para Comércio (cargo equivalente ao de ministro), Robert Zoellick, enviada na semana passada.
"Algumas dessas afirmações que acabam de ser feitas aqui [por Patten] nos deixam mais otimista, da mesma maneira que nos deixou mais otimista a recente carta de Zoellick", disse Amorim, durante entrevista coletiva que deu junto com o comissário europeu.
Ao responder uma das perguntas da imprensa, Patten disse que os jornalistas ficariam "surpresos e encantados", caso ele relatasse o conteúdo das atuais posições sobre a negociação agrícola da União Européia.
O comissário não deu nenhum detalhe do conteúdo da proposta européia. Disse apenas que havia avançado em questões consideradas importantes por outros parceiros.
Aproveitou a ocasião, no entanto, para fazer uma cobrança. "Da mesma forma que estamos dispostos a ser sensivelmente flexíveis, esperamos que os outros também sejam flexíveis nos pontos que os preocupam", disse.
A última reunião ministerial da OMC, no ano passado, para avançar as negociações da Rodada de Doha (mais ambiciosa rodada de liberalização comercial já empreendida), foi um fracasso.
Divergências entre os países impediram que as conversas fossem adiante no encontro que aconteceu em Cancún (México). Desde então, a Rodada de Doha, lançada em 2001 na capital do Qatar, está em um impasse.
Ontem, Amorim disse que "as coisas começam a engrenar". Referia-se não apenas às negociações de Doha, mas também ao acordo de livre comércio entre a União Européia e o Mercosul.

Carta dos EUA
A carta de Zoellick, encaminhada a todos os membros da OMC, também foi bem recebida. No documento, o norte-americano afirma que os Estados Unidos estão dispostos a fixar uma data (não diz qual) para a eliminação de todos os subsídios agrícolas à exportação. É um dos pontos fundamentais para o Brasil e para os países em desenvolvimento.
O representante dos EUA também reconhece, na carta, que "as desavenças em Cancún [reunião ministerial da Rodada de Doha] podem ter resultado na colocação de fundações úteis para a negociação".
Em Cancún, o G20, grupo de países em desenvolvimento liderados pelo Brasil, apresentaram uma proposta de negociação agrícola que irritou os norte-americanos e europeus.
Ontem, o G20 divulgou um comunicado no qual afirma que está analisando a carta enviada por Zoellick. O grupo diz que concorda com o norte-americano, quando ele afirma que a agricultura tem um papel fundamental nas negociações da OMC.


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