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Estrangeiros mantêm seus investimentos
DA SUCURSAL DO RIO
O boom do álcool atraiu ao
país novos investidores.
Muitos deles são grandes
fundos estrangeiros, que enxergam a oportunidade de
ganhos vultosos e não sentiram ainda a desaceleração do
setor. Houve gente que tentou, mas nem chegou a entrar no boom do álcool.
Armínio Fraga, sócio da
Gávea Investimentos, diz
que buscou negócios no setor, mas não fechou nenhum.
Achou valores muito elevados com a forte exposição do
setor. "Simplesmente, os negócios não aconteceram."
Os novos investidores, diferentemente dos que já estavam no mercado, não pisaram no freio em seus projetos. Capitalizados e sem depender do fluxo de caixa para
tocar novos empreendimentos, como ocorre com quem
já está no setor, os "neófitos"
continuam otimistas.
"Não mudamos a nossa estratégia em razão de mudanças momentâneas de mercado. Qualquer investimento
estrutural do setor não pode
olhar apenas o horizonte de
dois anos, mas de cinco, dez
anos", afirma Sérgio Thompson-Flores, presidente da Infinity Bioenergy, empresa da
qual é sócio ao lado de investidores estrangeiros.
Para tocar suas oito usinas
(algumas em fase de implantação), a empresa conta ainda com recursos captados
numa oferta inicial de ações,
realizada no ano passado na
Bolsa de Londres.
Com sócios-fundadores
como o indiano Vinod Khosla; Stephen Case, fundador
da AOL; e James Wolfensohn, ex-presidente do Banco Mundial, a Brenco também afirma que seus dez projetos de usinas estão dentro
do cronograma previsto.
O vice-presidente da Brenco, Rogério Manso, diz que a
desaceleração no setor não
atingiu a companhia, cujo foco é o mercado externo.
"Mantemos o mesmo ritmo. Sabemos de alguns projetos que recuaram. Há claramente uma desaceleração,
uma acomodação. Esse movimento tem relação com a
queda do preço. A entrada
forte de novos investimentos
nos EUA gerou uma superprodução, que derrubou os
preços e fechou a janela de
exportação para o Brasil."
Tal cenário, diz, afetou especialmente os grupos já instalados no país, que dependem do fluxo de caixa para
investir em novos empreendimentos. Não é o caso da
Brenco, afirma. A companhia
pretende investir US$ 2,3 bilhões em suas dez usinas.
Segundo Marcelo Vieira,
diretor da Adecoagro, os três
projetos atuais da companhia estão mantidos, ainda
que o setor tenha perdido fôlego. Mesmo que as exportações não decolem, afirma, o
mercado interno crescerá
com força na esteira do carro
flex e sustentará um consumo crescente do álcool.
A Adecoagro tem como
maior acionista o megainvestidor George Soros. A empresa investirá US$ 3,3 bilhões no país. Como uma das
fontes de financiamento,
conta com empréstimo de
R$ 150 milhões do BNDES.
Petrobras
Outra estreante no mercado é a Petrobras. Associada à
japonesa Mitsui, busca parcerias com usinas para suprir
o mercado japonês -que não
decolou ainda, pois não há
decisão sobre a mistura do
produto à gasolina.
O diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, declara que a
companhia está pronta para
fechar os três primeiros contratos com usinas, das quais
terá participação de 20% ao
lado da Mitsui. Falta apenas,
diz, o governo japonês definir a adição do álcool.
"Não posso fechar negócio
sem ter para quem vender o
produto", afirma Costa.
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