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Cadbury aceita oferta de aquisição pela Kraft
Negócio de US$ 19 bi, que se arrastava desde setembro, deve criar a maior fabricante mundial de doces
MICHAEL J. DE LA MERCEDE
CHRIS V. NICHOLSON
DO "NEW YORK TIMES", EM NOVA YORK
Depois de meses de feroz resistência a qualquer proposta, a
Cadbury aceitou ontem uma
oferta melhorada de aquisição
apresentada pela Kraft no valor
de cerca de US$ 19 bilhões, o
que resultará na criação do
maior fabricante mundial de
bolachas e doces.
Juntas, a Kraft -fabricante
de doces e confeitos que é dona
das marcas Lacta, Trakinas,
Tang e Fermento Royal, entre
outras- e a Cadbury -cujas
marcas incluem as balas Halls e
as gomas de mascar Trident e
Chiclets- terão faturamento
anual superior a US$ 50 bilhões
e forte presença em mercados
que se estendem dos Estados
Unidos à Índia.
A transação mantém uma
tendência iniciada há cerca de
dez anos entre as grandes companhias de alimentos, que tentam ganhar escala por meio de
fusões. A transação mais recente havia sido a aquisição da William Wrigley pela Mars, por
US$ 23 bilhões, em 2008.
"Para os acionistas da Cadbury, essa é a melhor transação
possível, se considerarmos a
desvantagem de que sofriam
pela falta de ofertas concorrentes", disse Jon Cox, analista de
alimentos e bebidas na Kepler
Capital Management, de Zurique. "A Kraft sai claramente
beneficiada."
A oferta original da Kraft,
não solicitada, foi de cerca de
US$ 16,7 bilhões, em setembro.
A Cadbury a rejeitou firmemente, definindo-a como "irrisória". O presidente do conselho da Cadbury, Roger Carr,
que havia usado termos ásperos para rejeitar a oferta inicial,
declarou em comunicado conjunto que a nova proposta "representa valor justo para os
acionistas da Cadbury".
Irene Rosenfeld, presidente-executiva e do conselho da
Kraft, declarou que, para a sua
empresa, a transação "transforma a nossa carteira de produtos, acelera o crescimento em
longo prazo e oferece retornos
altamente atraentes".
Em comunicado conjunto, as
empresas mencionaram sua
"presença geográfica altamente complementar". Por um lado, a Cadbury se beneficiará da
cadeia de suprimentos de uma
empresa de maior porte, disse
Cox, e por outro a Kraft poderá
distribuir seus produtos usando a rede da Cadbury nos países
em desenvolvimento.
Os acionistas da Cadbury
agora têm prazo até as 13h (horário de Londres) de 2 de fevereiro para decidir se aceitam a
proposta. Embora os termos da
oferta sejam "inalteráveis", a
Kraft se reservou o direito de
elevar seu lance caso surja uma
proposta concorrente superior.
Revolta
A perspectiva da tomada de
controle de uma verdadeira
instituição britânica, estabelecida 186 anos atrás, especialmente por uma multinacional
norte-americana como a Kraft,
causou arrepios no Reino Unido e deflagrou uma onda de
protestos públicos. O "Mail on
Sunday", um dos jornais mais
vendidos do país, lançou uma
campanha para manter a Cadbury sob controle britânico.
A nova companhia terá 9.300
funcionários no Brasil, 7.000
dos quais ligados à Kraft. Em
2008, o faturamento da Kraft
no país foi de R$ 4 bilhões; o da
Cadbury, de R$ 1 bilhão.
Colaborou a Redação
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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