São Paulo, quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Cadbury aceita oferta de aquisição pela Kraft

Negócio de US$ 19 bi, que se arrastava desde setembro, deve criar a maior fabricante mundial de doces

MICHAEL J. DE LA MERCEDE
CHRIS V. NICHOLSON

DO "NEW YORK TIMES", EM NOVA YORK

Depois de meses de feroz resistência a qualquer proposta, a Cadbury aceitou ontem uma oferta melhorada de aquisição apresentada pela Kraft no valor de cerca de US$ 19 bilhões, o que resultará na criação do maior fabricante mundial de bolachas e doces.
Juntas, a Kraft -fabricante de doces e confeitos que é dona das marcas Lacta, Trakinas, Tang e Fermento Royal, entre outras- e a Cadbury -cujas marcas incluem as balas Halls e as gomas de mascar Trident e Chiclets- terão faturamento anual superior a US$ 50 bilhões e forte presença em mercados que se estendem dos Estados Unidos à Índia.
A transação mantém uma tendência iniciada há cerca de dez anos entre as grandes companhias de alimentos, que tentam ganhar escala por meio de fusões. A transação mais recente havia sido a aquisição da William Wrigley pela Mars, por US$ 23 bilhões, em 2008.
"Para os acionistas da Cadbury, essa é a melhor transação possível, se considerarmos a desvantagem de que sofriam pela falta de ofertas concorrentes", disse Jon Cox, analista de alimentos e bebidas na Kepler Capital Management, de Zurique. "A Kraft sai claramente beneficiada."
A oferta original da Kraft, não solicitada, foi de cerca de US$ 16,7 bilhões, em setembro. A Cadbury a rejeitou firmemente, definindo-a como "irrisória". O presidente do conselho da Cadbury, Roger Carr, que havia usado termos ásperos para rejeitar a oferta inicial, declarou em comunicado conjunto que a nova proposta "representa valor justo para os acionistas da Cadbury".
Irene Rosenfeld, presidente-executiva e do conselho da Kraft, declarou que, para a sua empresa, a transação "transforma a nossa carteira de produtos, acelera o crescimento em longo prazo e oferece retornos altamente atraentes".
Em comunicado conjunto, as empresas mencionaram sua "presença geográfica altamente complementar". Por um lado, a Cadbury se beneficiará da cadeia de suprimentos de uma empresa de maior porte, disse Cox, e por outro a Kraft poderá distribuir seus produtos usando a rede da Cadbury nos países em desenvolvimento.
Os acionistas da Cadbury agora têm prazo até as 13h (horário de Londres) de 2 de fevereiro para decidir se aceitam a proposta. Embora os termos da oferta sejam "inalteráveis", a Kraft se reservou o direito de elevar seu lance caso surja uma proposta concorrente superior.

Revolta
A perspectiva da tomada de controle de uma verdadeira instituição britânica, estabelecida 186 anos atrás, especialmente por uma multinacional norte-americana como a Kraft, causou arrepios no Reino Unido e deflagrou uma onda de protestos públicos. O "Mail on Sunday", um dos jornais mais vendidos do país, lançou uma campanha para manter a Cadbury sob controle britânico. A nova companhia terá 9.300 funcionários no Brasil, 7.000 dos quais ligados à Kraft. Em 2008, o faturamento da Kraft no país foi de R$ 4 bilhões; o da Cadbury, de R$ 1 bilhão.

Colaborou a Redação

Tradução de PAULO MIGLIACCI



Texto Anterior: Cai ritmo de expansão da telefonia móvel
Próximo Texto: Pagamento ao governo dá prejuízo ao Citi
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.