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Com dívidas de R$ 44 bi, japonesa JAL pede concordata
Maior empresa aérea da Ásia recorre à ajuda do governo e diz que não haverá interrupção nos voos
Toru Hanai/Reuters
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Avião da JAL; empresa prevê demissão de 15,6 mil funcionários
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
A Japan Airlines (JAL), a
maior companhia aérea da
Ásia, entrou ontem com pedido
de concordata e planeja um
programa de reestruturação
que prevê a demissão de 15,6
mil dos 48 mil funcionários.
Com dívidas estimadas em 2
trilhões de ienes (R$ 43,7 bilhões, quase quatro vezes o faturamento da TAM), a empresa
disse que não haverá interrupção nos voos e que o pagamento
de fornecedores de combustíveis, alimentos e aeroportos será realizado normalmente.
A concordata da JAL é a
maior de uma empresa privada
no Japão fora do setor financeiro desde a Segunda Guerra
Mundial. Segundo analistas, o
processo pode durar até três
anos. Em 2005, 4 das 6 maiores
companhias aéreas dos EUA
pediram concordata -o processo chegou a durar 20 meses.
O governo japonês deve investir 300 bilhões de ienes (R$
5,61 bilhões) no resgate da
companhia, além de outros 300
bilhões de ienes em empréstimos com garantia estatal.
Fundada em 1951 e privatizada em 1987, a JAL já recorreu a
três programas de resgate com
dinheiro público desde 2001,
mas a dívida não parou de aumentar diante da competição
acirrada e dos gastos elevados
com manutenção e pensões
acima da média no setor.
Na década de 80, a JAL levou
milhões de japoneses em pacotes baratos para o exterior. Nos
anos de euforia da economia japonesa, investiu em hotéis e resorts no exterior, que se revelaram um mau negócio.
Nos últimos anos, além da
competição com a mais econômica All Nippon, sofreu também com a queda de passageiros pela prolongada recessão
no país. A JAL cobre 40% das linhas domésticas do Japão e
25% das rotas internacionais
que partem de Tóquio.
O Partido Democrata do Japão, que durante anos na oposição criticou o uso de dinheiro
público no resgate a uma empresa ineficiente, viu-se obrigado a salvar a companhia agora
que está no governo.
"Se a JAL não fosse a maior
companhia aérea do país, ela
desapareceria. Mas se trata da
JAL, e ela conta com o respaldo
do Ministério dos Transportes", declarou o ministro dos
Transportes, Seiji Maehara.
Mas, sinal da mudança do governo, o diretor-geral da empresa, Haruka Nishimatsu, precisou renunciar. O governo já
tinha indicado na semana passada sua intenção de nomear
para a chefia um dos empresários mais respeitados do país,
fundador da companhia de
aparelhos eletrônicos Kyocera,
Kazuo Inamori, 78, considerado guru na área empresarial.
As ações da empresa sofriam
queda livre desde o início do
mês. Há um ano, uma ação custava 200 ienes, e ontem fechou
a 5 ienes. Em um mês, a JAL será excluída da Bolsa de Tóquio.
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