São Paulo, quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

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Com dívidas de R$ 44 bi, japonesa JAL pede concordata

Maior empresa aérea da Ásia recorre à ajuda do governo e diz que não haverá interrupção nos voos

Toru Hanai/Reuters
Avião da JAL; empresa prevê demissão de 15,6 mil funcionários

RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM

A Japan Airlines (JAL), a maior companhia aérea da Ásia, entrou ontem com pedido de concordata e planeja um programa de reestruturação que prevê a demissão de 15,6 mil dos 48 mil funcionários.
Com dívidas estimadas em 2 trilhões de ienes (R$ 43,7 bilhões, quase quatro vezes o faturamento da TAM), a empresa disse que não haverá interrupção nos voos e que o pagamento de fornecedores de combustíveis, alimentos e aeroportos será realizado normalmente.
A concordata da JAL é a maior de uma empresa privada no Japão fora do setor financeiro desde a Segunda Guerra Mundial. Segundo analistas, o processo pode durar até três anos. Em 2005, 4 das 6 maiores companhias aéreas dos EUA pediram concordata -o processo chegou a durar 20 meses.
O governo japonês deve investir 300 bilhões de ienes (R$ 5,61 bilhões) no resgate da companhia, além de outros 300 bilhões de ienes em empréstimos com garantia estatal.
Fundada em 1951 e privatizada em 1987, a JAL já recorreu a três programas de resgate com dinheiro público desde 2001, mas a dívida não parou de aumentar diante da competição acirrada e dos gastos elevados com manutenção e pensões acima da média no setor.
Na década de 80, a JAL levou milhões de japoneses em pacotes baratos para o exterior. Nos anos de euforia da economia japonesa, investiu em hotéis e resorts no exterior, que se revelaram um mau negócio.
Nos últimos anos, além da competição com a mais econômica All Nippon, sofreu também com a queda de passageiros pela prolongada recessão no país. A JAL cobre 40% das linhas domésticas do Japão e 25% das rotas internacionais que partem de Tóquio.
O Partido Democrata do Japão, que durante anos na oposição criticou o uso de dinheiro público no resgate a uma empresa ineficiente, viu-se obrigado a salvar a companhia agora que está no governo.
"Se a JAL não fosse a maior companhia aérea do país, ela desapareceria. Mas se trata da JAL, e ela conta com o respaldo do Ministério dos Transportes", declarou o ministro dos Transportes, Seiji Maehara.
Mas, sinal da mudança do governo, o diretor-geral da empresa, Haruka Nishimatsu, precisou renunciar. O governo já tinha indicado na semana passada sua intenção de nomear para a chefia um dos empresários mais respeitados do país, fundador da companhia de aparelhos eletrônicos Kyocera, Kazuo Inamori, 78, considerado guru na área empresarial.
As ações da empresa sofriam queda livre desde o início do mês. Há um ano, uma ação custava 200 ienes, e ontem fechou a 5 ienes. Em um mês, a JAL será excluída da Bolsa de Tóquio.


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