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São Paulo, quinta-feira, 20 de fevereiro de 2003

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Greve perde força e dá espaço à negociação

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A pesquisa do IBGE revela que muita coisa mudou no sindicalismo desde o início da década de 80, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comandava o movimento sindical no ABC paulista e as greves pautavam as relações entre patrões e empregados.
Hoje, os sindicatos pouco recorrem à greve. Nos últimos dez anos, só 13% dos sindicatos relataram paralisações em suas bases. Foi a primeira vez que o IBGE incluiu essa pergunta no questionário da pesquisa. "A forma de negociação mudou", disse Eduardo Mendonça, do IBGE. "Isso revela um processo de maturidade [do movimento sindical"."
No entanto os trabalhadores das indústrias metalúrgica, mecânica e de material elétrico estão entre os que mais recorreram às greves: 32% dos sindicatos desses setores informaram ter conhecimento de greves em suas bases. Entre os bancários, 52% dos sindicatos relataram paralisações.
Entre os trabalhadores urbanos, o índice das categorias sindicalizadas que recorreram à greve chega a 19%, contra 5% no meio rural. Na indústria, 20% mencionaram movimentos grevistas.
Para o diretor da secretaria geral da CUT no Rio, Paulo Melo, a redução de greves mostra que os "trabalhadores trataram de assegurar seus empregos" e por isso procuraram alternativas.
Na última década, 81% das negociações resolveram-se com convenção coletiva, firmada entre sindicatos de empregados e empregadores, e acordos coletivos, entre sindicatos e empresas.
Segundo Mendonça, o cenário econômico na década passada foi adverso para os trabalhadores, que optaram pelas soluções negociadas, sem recorrer à Justiça. Tanto que os dissídios, dados pela Justiça do Trabalho, responderam por apenas 12% das negociações. Na pesquisa anterior, convenção e acordos coletivos representaram 59% das soluções, e os dissídios, 33%.
A negociação coletiva foi o caminho preferido por mais da metade (51%) dos sindicatos de trabalhadores e empregadores, índice menor que os 53% da pesquisa anterior.


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