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Cesp negocia saída para juros de
R$ 2,8 bi que vencem em 2003
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Cesp negocia com o BNDES, o
governo federal e investidores internacionais uma saída para os
pesados encargos da sua dívida,
que, neste ano, chegam a R$ 2,8
bilhões. Os recursos que ela vai
gerar neste ano são insuficientes
para cobrir o desembolso com juros, e o governo paulista, controlador da empresa, não tem como
socorrê-la.
"O governo do Estado teria de
fazer um aporte de US$ 1 bilhão
para sanear a Cesp, mas não tem
recursos para isso", diz Mauro
Arce, presidente do conselho da
empresa e secretário de Energia e
Recursos Hídricos do Estado de
São Paulo. "Estamos avaliando alternativas para equacionar o serviço da dívida", diz Guilherme
Cirne de Toledo, presidente da
empresa.
Para analistas de mercado ouvidos pela Folha, a situação da
maior geradora de energia paulista é preocupante. "O caso da Cesp
é até mais crítico que o da Eletropaulo", diz Sérgio Tamashiro,
analista do Unibanco.
A AES, controladora da Eletropaulo, não quitou no final de janeiro uma parcela de US$ 85 milhões da dívida contraída com o
BNDES na época da privatização
da distribuidora, em 1997. A Eletropaulo pode ser retomada pelo
banco. Mas a empresa gera recursos suficientes para cumprir seus
compromissos no médio prazo,
segundo analistas do setor elétrico.
Já a Cesp tem uma geração de
caixa (receitas) estimada em R$
1,2 bilhão para este ano, segundo
Tamashiro -insuficiente para
cobrir o total de desembolso com
juros. "Precisamos equacionar o
pagamento de R$ 1,6 bilhão; para
o resto, temos dinheiro", diz Arce.
Segundo o secretário, o caminho é a negociação com os credores. "Já está sendo contratado um
banco internacional para negociar a prorrogação dos eurobonds
emitidos pela empresa no ano
passado e que vencem em maio,
no valor de US$ 150 milhões", diz.
Em troca da rolagem do prazo para 2005, a Cesp passaria a pagar
11% de juros ao ano, em vez dos
atuais 9%.
Com o governo federal, diz Arce, as negociações estão sendo feitas com a ministra de Minas e
Energia, Dilma Rousseff, e com o
Ministério da Fazenda e envolvem, ainda, o ministro da Casa Civil, José Dirceu. "Da dívida total
da Cesp -R$ 11,4 bilhões-, a
maior parte é com o Tesouro Nacional", diz Arce, para explicar o
envolvimento de tantas áreas de
governo.
Trata-se de um montante de R$
2,8 bilhões, fruto da renegociação
da dívida externa brasileira concluída em 1994, no contexto do
Plano Brady. A Cesp ficou na época com papéis da dívida, cujas garantias são vinculadas às receitas
da companhia, segundo nota de
seu último balanço.
Além da renegociação, Arce diz
que a empresa tenta antecipar a
venda de energia que será liberada em 2004 dos contratos iniciais
firmados com as distribuidoras
na época da privatização. A empresa ofereceu essa energia em
leilão no ano passado, mas não
houve compradores.
Segundo Arce, com a venda em
leilão, a empresa poderia obter
uma receita antecipada de R$ 400
milhões neste ano.
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