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Após resistir a mudanças, PT agora quer reformular o plano da Petros
DA SUCURSAL DO RIO
O Partido dos Trabalhadores,
que sempre resistiu a mudanças
no plano de aposentadoria da Petrobras, agora aceita desvincular
as aposentadorias dos salários da
ativa. Hoje, o empregado se aposenta com até 90% do salário e
tem reajuste igual ao dos ativos.
A estatal, agora sob o comando
petista, discute a criação de um
novo plano, mais próximo do utilizado pelo setor privado, em que
o valor da aposentadoria passa a
depender da poupança que o funcionário acumular na fase de contribuição.
O PT impediu a Petrobras de
mudar seu sistema de aposentadoria em 2001, no governo Fernando Henrique Cardoso.
A FUP (Federação Única dos
Petroleiros) e mais 18 sindicatos e
associações entraram com ação
judicial contra o plano proposto.
A migração dos aposentados e do
patrimônio de um plano para outro foi considerada ilegal, em
2002.
Dirigentes da FUP que se mobilizaram contra a reforma três
anos atrás reconhecem que há
distorções no modelo atual.
"Ele é bom para quem está aposentado ou prestes a se aposentar,
mas é injusto com os trabalhadores mais recentes e de salários menores, que financiarão as aposentadorias dos mais graduados",
afirma o coordenador da federação, Antonio Carrara, que diz não
ver contradição no posicionamento da FUP.
""O governo passado empurrou
a mudança aos petroleiros goela
abaixo. A de agora está sendo negociada entre a federação, a Petrobras e a Petros", afirmou.
Há duas semanas, a Petrobras
anunciou ao mercado financeiro
a existência de déficit de R$ 8,29
bilhões no plano da Petros (Fundação Petrobras de Seguridade
Social). O anúncio e os preparativos para o novo plano de aposentadoria abriram um racha no
meio sindical.
Racha sindical
De um lado, estão as correntes
que apóiam o governo Lula: Articulação Sindical e Corrente Sindical Democrática, ligadas ao Partido dos Trabalhadores, e a do PC
do B. Do outro lado, estão antigos
aliados que não concordam com
os rumos do governo, como as associações dos engenheiros da Petrobras, os Sindipetros do Rio de
Janeiro, Alagoas/Sergipe e da Região Norte.
Para a oposição, as lideranças
petistas traíram as resoluções dos
últimos congressos da FUP em favor de um plano para todos os
empregados.
A FUP, diz a oposição, virou
apêndice do governo Lula, na medida em que ex-dirigentes sindicais assumiram postos de comando na Petrobras e na Petros. ""Ela
se alinhou com o governo federal,
perdeu a independência, e isso gera insatisfação", afirma Fernando
Siqueira, diretor da Aepet e conselheiro eleito da Petros.
Agnelson Camilo da Silva, do
Sindipetro do Pará, informa que
10 dos 15 diretores da federação
são da ""ala governista". Militante
do PSTU, e um dos cinco diretores do bloco de oposição na FUP,
ele reconhece que a Articulação
Sindical é majoritária.
O que muda
O novo plano só valerá para o
pessoal da ativa. Os aposentados
continuam no atual, mas os benefícios passariam a ser corrigidos
por um índice de inflação
-INPC ou IPCA-, em vez de seguir os aumentos dos salários.
Como a mudança depende da
anuência dos aposentados, cogita-se estimular a adesão com um
reajuste para cobrir a defasagem
dos benefícios em relação ao
INPC nos últimos dez anos.
Os funcionários ativos iriam para o novo fundo, mas o patrimônio ficaria no plano velho para garantir os direitos adquiridos.
Uma diferença em relação ao
plano do governo anterior é a
proposta de uma aposentadoria
mínima para os novos empregados. Ela encontra resistência no
Conselho de Administração da
Petrobras, mas o coordenador da
FUP diz que não abre mão dessa
garantia.
A Petrobras poderá assumir o
déficit de R$ 8,29 bilhões acumulado no plano atual. A empresa
também cogita fazer contribuições para os 8.100 empregados
admitidos nos últimos dois anos,
que estão sem plano de previdência complementar.
O plano atual foi fechado para a
entrada de novos participantes,
em dezembro de 2002. O impacto
financeiro dessa medida vai depender do percentual de contribuição a ser estabelecido no novo
plano.
(ELVIRA LOBATO)
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