São Paulo, terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

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Abertura comercial pode não melhorar emprego, diz OMC

Estudo feito com a OIT afirma que ainda não há como assegurar benefícios da liberalização

Globalização pode ter "impactos significativos" na melhora do trabalho, mas isso dependerá das políticas nacionais, dizem entidades

DA REDAÇÃO

A liberalização do comércio pode não ter aumentado a quantidade nem a qualidade dos empregos no mundo, diz estudo da OMC (Organização Mundial do Comércio) e da OIT (Organização Internacional do Trabalho) divulgado ontem. Segundo as entidades, não existem, no momento, dados suficientes que permitam fazer "simples generalizações".
O estudo ressalta a importância da globalização, que pode ter "impactos significativos" na melhora dos trabalhos em todo o mundo, mas afirma que isso depende das políticas nacionais. Entre elas, estão as políticas macroeconômicas e trabalhistas, os investimentos estrangeiros diretos (IED) e as novas tecnologias.
A OMC e a OIT dizem que a globalização pode ser boa para os trabalhadores de países desenvolvidos e em desenvolvimento, "desde que as políticas econômicas adequadas estejam colocadas". Lembram, porém, que ela pode não ser boa para todos e que seu impacto na distribuição de riquezas do país não deve ser ignorado.
Outra ressalva feita é a de que, apesar dos avanços da globalização, a maioria dos empregos não é afetada diretamente por ela. No caso dos países desenvolvidos, 70% dos trabalhadores estão ligados ao setor de serviço, que, em grande parte, não é atingido pela abertura do comércio. Nos países em desenvolvimento, especialmente os mais pobres, a maioria trabalha no setor informal ou vive da agricultura de subsistência.
Assim, nos dois casos, a qualidade de emprego e salário depende mais do desenvolvimento e da performance da economia local, e não da globalização.

China e Índia
O estudo afirma que houve "poucas mudanças dramáticas" na situação mundial do emprego nas últimas duas décadas -nem melhora marcante, nem piora significativa.
No entanto, nesse mesmo período, houve importante redução da pobreza na China e, em menor escala, na Índia -duas das economias que mais cresceram nos últimos anos.
Isso aponta que houve piora significativa em outros países (no caso, na África subsaariana). Esse dado gera preocupações, como o fato de que a globalização possa estar criando novos empregos a taxas razoáveis, mas com salários baixos.
Outra inquietação é que muitos países em desenvolvidos ainda podem não ter sentido os benefícios da liberalização do comércio em termos de expansão de emprego e rendimento.
Segundo o trabalho, a alta da demanda por mão-de-obra qualificada é outro aspecto da globalização que tende a aumentar as diferenças salariais entre os trabalhadores.


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