São Paulo, sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br

Recuperação é efeito estatístico, diz MB

O nível de atividade da indústria em janeiro deve registrar um crescimento de 9,1% ante dezembro de 2008, segundo projeções da MB Associados. O resultado, no entanto, é mais um efeito estatístico que uma recuperação da economia, já que a queda prevista em relação a janeiro de 2008 é de 11%. A afirmação é de Sergio Vale, economista-chefe da MB.
"É uma recuperação do nada para o quase nada", diz Vale. Segundo ele, a indústria deve ter atingido no mês passado o nível de janeiro de 2006.
"Esses sinais são mais do que evidentes de uma recessão em curso", afirma. Para ele, o conceito tradicional de recessão -com dois trimestres consecutivos de queda no PIB- não é necessariamente o melhor indicador para identificar a retração da economia. Ele diz que pode ser que o Brasil não tenha duas quedas consecutivas no PIB, mas essa não é a análise mais importante da economia.
Segundo Vale, o mercado de trabalho, neste momento, verifica melhor a desaceleração da atividade. A projeção da MB é que o desemprego chegue a 17% em São Paulo até 2010.
A perda de mais de 100 mil vagas anunciada ontem pelo Caged é, na opinião de Vale, muito ruim, mesmo que seja um resultado melhor que o corte de 655 mil postos em dezembro. O motivo é que janeiro é tradicionalmente um mês de contratação. "Essa situação negativa para o emprego ainda pode perdurar nos próximos meses", afirma.
O desemprego maior pode provocar uma segunda rodada de desaceleração na economia, afirma Vale. Segundo ele, isso fará com que a retomada da atividade não seja rápida e a sustentará em um patamar menor que o verificado antes da crise.
Para ele, esse cenário abre uma janela de oportunidade para usar a política monetária, em vez da fiscal, como estímulo à economia. Vale diz que o Banco Central deveria aproveitar o choque negativo da atividade para cortar o juro básico.
Ele vê potência menor na política fiscal como ação anticrise. Um dos motivos apontados pelo economista é que a queda na receita provocará uma redução do superávit primário. Isso fará com que os gastos públicos tenham que crescer menos para sustentar o superávit primário dentro da meta.

"Esses sinais [queda no nível de produção industrial] são mais do que evidentes de uma recessão em curso"
SERGIO VALE economista-chefe da MB Associados




Demanda por executivo cai, diz pesquisa

A crise econômica provocou uma desaceleração na procura por executivos para cargos de presidente, gerente, diretor e conselheiro de administração no Brasil, segundo levantamento da DBM, consultoria especializada em gestão de capital humano.
Em 2008, o número de vagas abertas para executivos cresceu 37% em relação a 2007. No último trimestre do ano passado, quando a crise se agravou, a expansão caiu para 10%, de acordo com a pesquisa.
Segundo o presidente da DBM Brasil, Cláudio Garcia, os setores em que houve maior queda na demanda por executivos foram justamente os mais afetados pela crise de crédito, como varejo, construção civil e automotivo.
No varejo, por exemplo, a demanda por executivos cresceu 54% no acumulado de 2008, mas caiu 16% no último trimestre.
Garcia também sentiu um ajuste para baixo na remuneração dos executivos no final do ano passado. "Algumas empresas estavam pagando mais do que podiam aos executivos", afirma.

SEM MORDOMIA
Nas viagens de negócios, restaurantes cinco estrelas, spas e piscinas de hotéis deixaram de ser prioridade com a crise, segundo estudo da Amadeus -empresa especializada em TI para o setor de viagens-, com 354 executivos no mundo todo. O importante agora é a conexão à internet. Para 76% dos entrevistados, estabelecimentos com internet wi-fi veloz nos quartos terão prioridade.

PRESENÇA

A britânica Annie Morrissey acaba de assumir a presidência do SPCVB (São Paulo Convention & Visitors Bureau) com o calendário de eventos em São Paulo garantido, mesmo em tempo de crise, já que os contratos são fechados com antecedência. O que pode cair é o público. "Nossa preocupação agora será o público que vai aos eventos." Outra mudança que Morrissey percebeu foi no momento da tomada de decisão por parte dos participantes, que agora deixam para fechar a presença na última hora. "Com o afrouxamento da ocupação dos hotéis, não há mais aquele risco de não encontrar vaga para hospedar o visitante. As empresas estão esperando mais para fechar."

RESULTADO
As empresas de private equity apresentam, em geral, sistemas de gestão melhores que empresas privadas, familiares ou de governos, segundo estudo do Fórum Econômico Mundial. As empresas adquiridas por grupos de private equity registram um crescimento 2% acima da média em produtividade.

HÉLICE
A HeliSolutions, que opera no sistema de propriedade compartilhada de helicópteros, registrou alta no número de voos agendados no Carnaval. Para hoje, há 27 vôos marcados, quase três vezes mais que a média diária de 10 voos. Os destinos mais procurados são Angra dos Reis e praias do litoral norte de São Paulo.

CERÂMICA
A Expo Revestir, feira internacional de revestimentos, espera movimentar acima de US$ 145 milhões, 12% mais que em 2008. O evento será realizado pela Anfacer (associação de fabricantes de cerâmica) de 24 a 27 de março, em SP.

CONTRA-ATAQUE
As empreiteiras não reagiram bem à "chamada" pública que levaram do diretor- -geral do Dnit. Para Luiz Fernando dos Santos Reis, presidente do Sinicon (construção pesada), o problema não está nas empresas. "Os contratos estão aquém da capacidade de execução das empresas, principalmente com a queda de demanda dos setores de mineração e siderurgia", disse. "O problema está na aprovação de projetos e nas exigências do TCU."

ESTRADA
A Itapemirim, de viagens rodoviárias, estima incremento de 30% nas vendas para o Carnaval. Rio de Janeiro, Florianópolis, Vitória, Guarapari e Zona da Mata Mineira continuam como os destinos mais procurados.

MACA
Dos R$ 250 milhões previstos para serem investidos pela Amilpar em 2009, a maior parte será para a finalização do Hospital Anália Franco, na zona leste de São Paulo, e do Hospital das Américas, na Barra da Tijuca, no Rio. Também receberão investimentos as novas estruturas médicas, como hospitais e outros serviços inaugurados ou adquiridos nos últimos 12 meses.

CAPIXABA
A Drogasil anuncia a entrada no mercado do Espírito Santo com a abertura de 13 lojas no Estado. A operação será feita por meio da compra de pontos comerciais da rede de farmácias local Alquimia. Hoje, a Drogasil tem 258 unidades em SP, MG, GO e DF.

com CRISTIANE BARBIERI (interina), JOANA CUNHA, MARINA GAZZONI e HUMBERTO MEDINA


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