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Indústria de máquinas fatura 39% menos
Recuo se refere à comparação de janeiro com dezembro; número indica engavetamento de projetos
TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO
Os dados do setor de bens de
capital em janeiro não deixam
dúvidas de que boa parte da indústria reduziu os investimentos e está engavetando projetos
de expansão por causa da crise.
Segundo a Abimaq (Associação
Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), o faturamento caiu 38,8% em janeiro ante dezembro e 34,7%
na comparação com o mesmo
mês do ano passado, já descontada a inflação do período.
O bom desempenho da receita com válvulas, único segmento a ter crescimento nos dois
comparativos, deve-se às encomendas feitas pela Petrobras.
Para Luiz Aubert Neto, presidente da entidade, isso mostra
que as iniciativas tomadas pelo
governo federal ainda não foram suficientes para reduzir os
danos. A quantidade de novos
pedidos, que apontam como o
faturamento do setor será afetado nos próximos meses, teve
queda de 35% em janeiro com
relação a setembro.
Se esse quadro não for revertido, o dirigente prevê que haja
cerca de 50 mil demissões ao
longo deste semestre. Ao fim de
janeiro, a indústria de máquinas e equipamentos empregava
242.472 trabalhadores e já contabilizava 7.800 postos a menos
ante outubro. Por se tratar de
mão-de-obra qualificada, ressalta o presidente da Abimaq, o
fechamento de vagas é a última
opção das empresas.
Alexandre Gallotti, economista da Tendências Consultoria, destaca que até os projetos
de expansão já iniciados passaram a ter um ritmo mais lento.
"Antes havia pressa para atender encomendas", diz. "Mesmo
com redução de juros, se não
existir perspectiva de demanda, não haverá investimento."
O consumo aparente de máquinas e equipamentos (produção mais importação menos exportação) teve queda de 21,6%
sobre dezembro e de 11,1% ante
janeiro do ano passado.
Os números mais recentes da
CNI (Confederação Nacional
da Indústria) mostram a redução da utilização da capacidade
instalada no setor industrial
desde o agravamento da crise,
passando de 84,5% em outubro
para 78,5% em dezembro. Em
veículos automotores, essa
queda foi de 90,1% para 78,6%.
Uma das propostas da Abimaq para minimizar os efeitos
da crise no setor é a desoneração do ICMS nas compras de
máquinas e equipamentos.
Atualmente, o imposto é ressarcido ao contribuinte dividido em créditos por 48 meses.
Apesar de essa ser uma das
medidas do pacote divulgado
pelo governo do Estado de São
Paulo na semana passada, Otávio Fineis Junior, coordenador
da Administração Tributária da
Secretaria da Fazenda, afirma
que ainda não foi decidido
quais setores serão beneficiados pela mudança.
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