São Paulo, sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

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Indústria de máquinas fatura 39% menos

Recuo se refere à comparação de janeiro com dezembro; número indica engavetamento de projetos

TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO

Os dados do setor de bens de capital em janeiro não deixam dúvidas de que boa parte da indústria reduziu os investimentos e está engavetando projetos de expansão por causa da crise. Segundo a Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), o faturamento caiu 38,8% em janeiro ante dezembro e 34,7% na comparação com o mesmo mês do ano passado, já descontada a inflação do período.
O bom desempenho da receita com válvulas, único segmento a ter crescimento nos dois comparativos, deve-se às encomendas feitas pela Petrobras.
Para Luiz Aubert Neto, presidente da entidade, isso mostra que as iniciativas tomadas pelo governo federal ainda não foram suficientes para reduzir os danos. A quantidade de novos pedidos, que apontam como o faturamento do setor será afetado nos próximos meses, teve queda de 35% em janeiro com relação a setembro.
Se esse quadro não for revertido, o dirigente prevê que haja cerca de 50 mil demissões ao longo deste semestre. Ao fim de janeiro, a indústria de máquinas e equipamentos empregava 242.472 trabalhadores e já contabilizava 7.800 postos a menos ante outubro. Por se tratar de mão-de-obra qualificada, ressalta o presidente da Abimaq, o fechamento de vagas é a última opção das empresas.
Alexandre Gallotti, economista da Tendências Consultoria, destaca que até os projetos de expansão já iniciados passaram a ter um ritmo mais lento. "Antes havia pressa para atender encomendas", diz. "Mesmo com redução de juros, se não existir perspectiva de demanda, não haverá investimento."
O consumo aparente de máquinas e equipamentos (produção mais importação menos exportação) teve queda de 21,6% sobre dezembro e de 11,1% ante janeiro do ano passado.
Os números mais recentes da CNI (Confederação Nacional da Indústria) mostram a redução da utilização da capacidade instalada no setor industrial desde o agravamento da crise, passando de 84,5% em outubro para 78,5% em dezembro. Em veículos automotores, essa queda foi de 90,1% para 78,6%.
Uma das propostas da Abimaq para minimizar os efeitos da crise no setor é a desoneração do ICMS nas compras de máquinas e equipamentos. Atualmente, o imposto é ressarcido ao contribuinte dividido em créditos por 48 meses.
Apesar de essa ser uma das medidas do pacote divulgado pelo governo do Estado de São Paulo na semana passada, Otávio Fineis Junior, coordenador da Administração Tributária da Secretaria da Fazenda, afirma que ainda não foi decidido quais setores serão beneficiados pela mudança.


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