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APOSENTADOS
Ministro Amir Lando afirma que proposta de elevar alíquota do INSS para pagar dívida "não é definitiva"
Sob críticas, Previdência admite negociar
Lula Marques/Folha Imagem
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O ministro da Previdência Social, Amir Lando, durante entrevista concedida na tarde de ontem |
JULIANNA SOFIA
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar das críticas feitas até por
integrantes do governo, o ministro Amir Lando (Previdência)
disse ontem que está mantida a
proposta de elevar em três pontos
percentuais a contribuição previdenciária para pagar a dívida de
R$ 12,3 bilhões com os aposentados. Ele admitiu que a medida
tem impacto negativo na geração
de emprego e pode aumentar a informalidade.
Em entrevista ontem no final da
tarde, Lando reafirmou que a proposta é do governo e poderá ser
aperfeiçoada. "Essa fonte não é a
única. Tínhamos que fazer uma
referência, mas ela não é definitiva. A nação está sendo chamada a
encontrar uma solução criativa."
Na quinta-feira, em reunião
com representantes dos aposentados e parlamentares, Lando divulgou a proposta do governo para pagar a dívida que tem com 1,8
milhão de aposentados. A intenção é elevar em três pontos percentuais a alíquota da contribuição sobre a folha de pagamento
por cinco anos, prazo em que o
governo quitaria a dívida.
O aumento valeria a partir do
próximo ano. Isso garantiria uma
arrecadação adicional de R$ 5 bilhões por ano para o governo.
Com esses recursos, o governo
pagaria parceladamente os atrasados (R$ 2,457 bilhões por ano) a
partir do ano que vem e corrigiria
os benefícios dos aposentados.
Esse aumento tem um custo anual
de mais R$ 2,3 bilhões.
Para fechar a conta, o governo
ainda incluiu nos cálculos o provisionamento que será necessário
para arcar com os benefícios que
já foram cancelados devido à
morte do aposentado, mas que
podem eventualmente ser requeridos pela família. O resultado final chega a R$ 4,928 bilhões por
ano.
Aumento permanente
A Folha apurou que uma parte
do aumento da contribuição poderá ser permanente para cobrir a
despesa com a correção do benefício. A Lei de Responsabilidade
Fiscal diz que aumentos de despesas permanentes devem ser cobertos por corte de gastos permanentes ou aumento de impostos.
Lando negou que isso vá acontecer. "Até lá, o crescimento da economia vai absorver essa despesa",
justificou.
Ontem, o ministro evitou comentar as críticas feitas por outros setores do governo. "Não vejo nenhuma divergência", disse.
"Quero convocar todos para que
nos dêem sugestões. O ministro
[Ricardo] Berzoini [do Trabalho]
poderá nos oferecer uma sugestão", acrescentou o ministro peemedebista e sucessor de Berzoini
à frente da Previdência.
O Ministério da Fazenda não se
manifestou oficialmente sobre o
aumento da contribuição previdenciária, mas a Folha apurou
que os técnicos explicam que o
aumento da contribuição valeria
apenas para as empresas. Hoje, as
empresas recolhem 20% do total
da folha de pagamento. Para os
empregados, as alíquotas vão de
7,65% a 11%, de acordo com a faixa salarial. A Fazenda quer fazer
mais cálculos para avaliar o impacto do aumento da alíquota sobre o emprego.
Isso porque muitas empresas
podem preferir demitir para continuar com a mesma carga de pessoal e encargos. Além disso, os
técnicos acreditam que o aumento de três pontos percentuais na
contribuição poderá render mais
que os R$ 5 bilhões anuais calculados pela Previdência.
Pela proposta do governo, os
benefícios já seriam corrigidos a
partir de julho deste ano. Para isso, existe R$ 1 bilhão no Orçamento. O pagamento atenderia
apenas os aposentados que abrissem mão de ações na Justiça e
aderissem ao acordo proposto pelo governo.
A dívida do governo com os
aposentados foi gerada a partir de
1994. Entre março daquele ano e
fevereiro de 1997, a Previdência
não usou o IRSM (Índice de Reajuste do Salário Mínimo) para calcular os benefícios como seria o
correto.
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