São Paulo, sábado, 20 de março de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Falta consenso na política automotiva

DA REPORTAGEM LOCAL

Trabalhadores e empresários da indústria automobilística têm se reunido separadamente para discutir medidas de longo prazo para o setor. Nenhuma proposta, no entanto, foi definida ou debatida com o governo até agora.
Isso, entre outros fatores, porque não existe um consenso entre as montadoras sobre o que seria mais importante priorizar em uma política industrial.
Algumas empresas, por exemplo, falam em intensificar as vendas de carros populares; outras têm interesse maior em incentivar a demanda por veículos médios ou as exportações.
Em abril de 2002, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC apresentou um plano com sete metas para reerguer o setor automotivo, que está em discussão na CUT.
São políticas de incentivo para aumentar a produção, as vendas no mercado interno, as exportações e criar empregos no setor.
O documento também prevê estímulo aos veículos e componentes projetados e desenvolvidos no Brasil, renovação e reciclagem da frota, entre outros pontos.
Para o presidente do sindicato, José Lopez Feijó, as empresas perderam a "oportunidade" de discutir políticas de longo prazo para o setor, em fevereiro, quando acabou a prorrogação do acordo que permitiu a redução do IPI.
"Por divergência entre as empresas, não houve consenso para aproveitar a oportunidade e discutir uma política duradoura."

Estímulo
Segundo Ricardo Carvalho, presidente da Anfavea [associação das montadoras], o setor vai "revisitar" o assunto após as declarações do presidente.
"Entre montadoras, estamos identificando os pontos onde são necessárias mudanças para melhorar o mercado. Com as declarações do presidente, sentimos que há abertura para discussões", afirmou Carvalho.
A Folha apurou que, até o final deste mês, deve acontecer uma reunião de cúpula entre montadoras para discussão, entre outros assuntos, de uma proposta para os problemas do setor.
Desde julho de 2003, o governo dá sinais que o setor pode receber incentivos para criar o chamado "carro do trabalhador".
Na ocasião, o então ministro do Trabalho, Jaques Wagner, declarou que a idéia, em parceria com fabricantes de veículos e com trabalhadores, era que esse carro tivesse preços mais acessíveis do que os carros populares.
Para impulsionar as vendas, evitar a crise no setor e criar empregos, idéia era financiar a compra de veículos para famílias de menor renda que queiram adquirir o seu primeiro carro ou trocar o mais antigo. O projeto, porém, não era consenso no governo, que, sem acordo, acabou optando por acordos emergenciais, como a redução do IPI dos automóveis.
(MAELI PRADO E CLAUDIA ROLLI)


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.