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Falta consenso na política automotiva
DA REPORTAGEM LOCAL
Trabalhadores e empresários
da indústria automobilística têm
se reunido separadamente para
discutir medidas de longo prazo
para o setor. Nenhuma proposta,
no entanto, foi definida ou debatida com o governo até agora.
Isso, entre outros fatores, porque não existe um consenso entre
as montadoras sobre o que seria
mais importante priorizar em
uma política industrial.
Algumas empresas, por exemplo, falam em intensificar as vendas de carros populares; outras
têm interesse maior em incentivar
a demanda por veículos médios
ou as exportações.
Em abril de 2002, o Sindicato
dos Metalúrgicos do ABC apresentou um plano com sete metas
para reerguer o setor automotivo,
que está em discussão na CUT.
São políticas de incentivo para
aumentar a produção, as vendas
no mercado interno, as exportações e criar empregos no setor.
O documento também prevê
estímulo aos veículos e componentes projetados e desenvolvidos no Brasil, renovação e reciclagem da frota, entre outros pontos.
Para o presidente do sindicato,
José Lopez Feijó, as empresas perderam a "oportunidade" de discutir políticas de longo prazo para
o setor, em fevereiro, quando acabou a prorrogação do acordo que
permitiu a redução do IPI.
"Por divergência entre as empresas, não houve consenso para
aproveitar a oportunidade e discutir uma política duradoura."
Estímulo
Segundo Ricardo Carvalho, presidente da Anfavea [associação
das montadoras], o setor vai "revisitar" o assunto após as declarações do presidente.
"Entre montadoras, estamos
identificando os pontos onde são
necessárias mudanças para melhorar o mercado. Com as declarações do presidente, sentimos
que há abertura para discussões",
afirmou Carvalho.
A Folha apurou que, até o final
deste mês, deve acontecer uma
reunião de cúpula entre montadoras para discussão, entre outros
assuntos, de uma proposta para
os problemas do setor.
Desde julho de 2003, o governo
dá sinais que o setor pode receber
incentivos para criar o chamado
"carro do trabalhador".
Na ocasião, o então ministro do
Trabalho, Jaques Wagner, declarou que a idéia, em parceria com
fabricantes de veículos e com trabalhadores, era que esse carro tivesse preços mais acessíveis do
que os carros populares.
Para impulsionar as vendas, evitar a crise no setor e criar empregos, idéia era financiar a compra
de veículos para famílias de menor renda que queiram adquirir o
seu primeiro carro ou trocar o
mais antigo. O projeto, porém,
não era consenso no governo,
que, sem acordo, acabou optando
por acordos emergenciais, como
a redução do IPI dos automóveis.
(MAELI PRADO E CLAUDIA ROLLI)
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